Treta! Microsoft vai para cima do FTC e chama órgão de inconstitucional
Judicialização do processo de compra da Activision Blizzard fez com que Microsoft desse uma resposta agressiva
O clima razoavelmente amistoso na disputa da Microsoft por concretizar a compra da Activision Blizzard parece ter ido ladeira abaixo após o bloqueio seguido de judicialização do processo pelo FTC. A empresa liderada por Satya Nadella acaba de dar uma resposta oficial ao órgão regulador americano, que é acusado de agir inconstitucionalmente no caso.
Microsoft x FTC
Em um documento de 37 páginas enviado à divisão administrativa e judicial do FTC, a dona do Xbox se mostra bastante frustrada com a situação – não sem razão e explica mais detalhadamente como pretende usar os ativos da Activision Blizzard e por que as autoridades deveriam aprovar a aquisição.
De forma geral, a Microsoft argumenta que está comprando a Activision para tentar se tornar mais competitiva no cada vez mais crescente mercado dos games – especialmente no segmento de jogos para celular.
“A visão para a transação é simples: o Xbox quer aumentar sua presença em jogos mobile, e três quartos dos jogadores da Activision e mais de um terço de sua receita vêm de produtos mobile”, dispara ao longo do texto.
“O Xbox também acredita que é um bom negócio tornar o portfólio limitado de jogos populares da Activision mais acessível aos consumidores, colocando-os em mais plataformas e tornando-os mais acessíveis. Isso inclui tornar Call of Duty, um dos games mais populares da Activision, mais amplamente disponível”, completa a Microsoft.
Apesar da explicação mais didática e formal, a companhia sediada em Redmond não perdeu a oportunidade de dar uma cutucada – e criticada – no FTC no mesmo documento. Confira:
“Esses procedimentos são inválidos porque a estrutura da Comissão como uma agência independente que exerce poder executivo significativo e as restrições associadas à remoção dos Comissários e outros funcionários da Comissão violam o Artigo II da Constituição dos EUA e a separação de poderes”, afirma a empresa
“A estrutura desses procedimentos administrativos, nos quais a Comissão inicia e finalmente julga a reclamação contra a Microsoft, viola o direito de processo devido da Quinta Emenda da Microsoft de adjudicação perante um árbitro neutro”, finaliza.
A linha do tempo da treta
- Em janeiro de 2022, a Microsoft anunciou sua intenção de compra da Activision Blizzard por cerca de US$ 69 bilhões, com o objetivo de trazer os estúdios e as IPs da casa para seu Xbox Game Studios;
- A ideia da empresa era não só ampliar seu catálogo de jogos, mas também fortalecer ainda mais sua oferta do Game Pass e mergulhar fundo no lucrativo mercado de jogos de celular – pense nos cifrões ao olhar para Candy Crush, Call of Duty Mobile e Warzone Mobile;
- Os órgãos competentes começaram a julgar em suas respectivas regiões e países – incluindo no Brasil – se a aquisição era justa ou se representava algum risco ao mercado;
- Na hora do “fale agora ou cale-se para sempre”, quando as entidades governamentais ouvem outras empresas do setor para entender prós e contras do negócio, apenas Google e Sony foram extremamente vocais contra a compra;
- Um argumento utilizado pela Sony era de que transformar algumas IPs em franquias exclusivas do Xbox poderiam colocar poder demais nas mãos da Microsoft;
- Mesmo com Phil Spencer e outros executivos da divisão de games da Microsoft garantindo que isso não aconteceria, a Sony continuou sua cruzada para melar o negócio;
- Além de soltar um comunicado dizendo como a aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft era boa para o mercado, o Xbox lançou uma proposta de manter os jogos da série Call of Duty também no PlayStation por pelo menos 3 anos após a finalização da compra.
- Não conseguindo convencer a adversária, a MS, então, lançou a braba e aumentou a proposta para 10 anos de permanência na plataforma concorrente – proposta que, ironicamente, foi estendida à Nintendo posteriormente;
- A sugestão não caiu bem, ambas as empresas trocaram farpas gigantes e a própria Activision Blizzard foi à público dizer que iria defender sua compra com unhas e dentes;
- Nesse meio tempo, a Microsoft e a própria Activision Blizzard também sofreram graves acusações por um órgão do governo sueco, que acusou a dupla de manipular o processo de negociação nos bastidores;
- Não demorou muito e o FTC, que parecia inclinado a aprovar a aquisição, resolveu bloquear ativamente a compra e processar a MS para que o negócio não prejudique o consumidor e o mercado de games – a empresa diz que vai recorrer;
- Numa notícia que parece não relacionada ao caso, mas que pode afetar o preço futuro do Game Pass e encarecer o acesso aos jogos contidos nele – como deve acontecer com Call of Duty –, a Microsoft confirmou que o preço dos jogos first-party da casa devem aumentar em 2023;
- Informações de bastidores revelaram que a Microsoft também sugeriu que a Sony poderia adicionar os jogos da franquia Call of Duty no catálogo da PS Plus, assim como a marca faria com o Xbox Game Pass – mas, aparentemente, os japoneses não curtiram a ideia;
- Seguindo os passos do FTC, jogadores de PlayStation também entraram com uma ação conjunta contra a Microsoft para impedir a compra do conglomerado Activision Blizzard, dizendo que o negócio poderia desequilibrar a balança do mercado e colocar muitas IPs de sucesso nas mãos da empresa e do Xbox;
- Para expôr a concorrente e reforçar a necessidade de expandir seu catálogo para enfrentá-la, a Microsoft também revelou que 4 títulos de peso nunca chegarão ao ecossistema do Xbox por conta de cláusulas de contrato forçadas pela Sony.
Via: Destructoid
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