“World of Warcraft é mais que um jogo, ele conecta pessoas”, diz executivo da Blizzard
Em entrevista, o brasileiro Güido Alves fala sobre longevidade de World of Warcraft, chegada de Dragonflight e, claro, Brasil
próxima expansão de World of Warcraft, Dragonflight, só sai no final deste mês. Isso não impediu a Blizzard de dar uma pequena pausa no processo insano de lançamento do pacote para criar um evento dedicado aos fãs brasileiros – um dos grupos mais vocais e apaixonados pelo tradicional MMORPG.
Esse encontro foi realizado em São Paulo, na noite da última quinta-feira (17), e serviu não só para celebrar a chegada iminente do 9º grande DLC de WoW, mas também para que o estúdio pudesse voltar a falar com a comunidade e com a imprensa presencialmente após os últimos anos de pandemia.
O resultado? Uma festa temática que trouxe as quest do jogo para o mundo real – com direito a bebidas e canapés inspirados na jogatina –, compilou os melhores momentos de World of Warcraft, arrancou lágrimas de criadores de conteúdo e pavimentou o caminho para a estreia de Dragonflight.
É claro que o Flow Games esteve por lá para acompanhar tudo isso pessoalmente e, antes de enfiarmos o garfo nas coisas para descobrir o que era enfeite e o que era de comer, tivemos a oportunidade de bater um papo com Güido Alves, Gerente Sênior de Publishing Operations para a América Latina na Blizzard.
World of Warcraft, longevidade e Brasil
Com uma longa carreira em empresas de tecnologia e games – incluindo passagens por Intel, Microsoft e Asus –, o executivo brasileiro completou recentemente 10 anos de Blizzard, tendo passado por diversas posições dentro da empresa e trabalhando há algum tempo diretamente dos EUA.
Muito por conta disso, Alves parecia bastante feliz em estar novamente em terras brasileiras e próximo à comunidade local de World of Warcraft quando falou com a equipe do Flow Games. No papo, conversamos sobre a história e o momento do WoW, a chegada de Dragonflight e a relação do estúdio e do game com o Brasil.
Abaixo, você pode conferir os destaques da entrevista que fizemos com o executivo, com alguns trechos editados para dar mais clareza e fluidez ao texto.
Flow Games: Primeiramente, parabéns pelos 10 anos de Blizzard. Como foi sua jornada dentro da empresa e como você se sente após tanto tempo de casa?
Güido Alves: Poder trabalhar na Blizzard é um sonho realizado, tenho esse sentimento até hoje. Comecei aqui como gerente de marketing, depois passei a cuidar da operação local – na parte de estratégia, parcerias e novos negócios –, em 2017 fui para os EUA para liderar a área de esports de todas as franquias do estúdio para a América Latina. Em 2019, voltei para a área de negócios, parcerias, estratégia de produtos, negociações e também estou envolvido em novas iniciativas da empresa.
Recentemente, ganhei meu escudo por ter completado 10 anos de Blizzard e me senti muito orgulhoso por isso. Parece algo bobo para quem vê de fora, mas essas “recompensas” que os funcionários recebem por tempo de casa – uma caneca com 2 anos, uma espada com 5, um anel com 15 e um capacete com 20, além do próprio escudo aos 10 – têm um significado muito especial para quem vive e respira a empresa diariamente.
FG: World of Warcraft é um dos precursores dos jogos como serviço e continua firme e forte desde 2004. Como você explica essa longevidade e a capacidade do game em se manter relevante após 18 anos?
GA: Acho que muito disso se deve ao valor agregado quase infinito do jogo. Possivelmente, não há paralelo na história dos games para a quantidade de conteúdo que World of Warcraft oferece a seus jogadores – um legado que pode ser acessado ainda hoje. Desde 2004, lançamos novos conteúdos e expandimos esse universo, com uma entrega de conteúdo que foi se intensificando ao longo dos anos, atingindo uma cadência e frequência de atualizações que não existia antes.
[World of Warcraft recebe novas expansões aproximadamente a cada 2 anos e está chegando ao seu nono pacote de conteúdo, Dragonflight.]
Nos adaptamos a uma mudança no comportamento do próprio consumidor, que demanda cada vez mais conteúdo e espera por mais e mais imersão em seu game favorito. Acabamos precisando aumentar consideravelmente nossa equipe de artistas e desenvolvedores para atender a essa fome do público por conteúdo.
World of Warcraft é muito mais que um jogo, é algo que conecta as pessoas
Esse engajamento do público também se reflete em outro aspecto: World of Warcraft é muito mais que um jogo, é algo que conecta as pessoas. Antes das redes sociais como as conhecemos hoje, WoW já era uma grande ferramenta de conexão social. Ele criou uma base fiel de jogadores que interagem entre si e experimentam o conteúdo de várias formas diferentes – algo que evoluiu ao longo do tempo.
FG: Vocês sentiram esse impacto social de World of Warcraft durante a pandemia?
GA: Percebemos sim um crescimento significativo no engajamento dos jogadores nesse período. A melhor forma de dizer como nos sentimos em relação a isso é que ficamos muito honrados e felizes de podermos ajudar, de alguma forma, a conectar pessoas num momento tão difícil vivido por todos.
Por meio do WoW, muita gente que estava em casa, distante de familiares e amigos, pôde não só se distrair e esquecer um pouco dos problemas do dia a dia, mas também ter uma boa experiência social dentro do jogo. Nos esforçamos para trazer mais conteúdo ao longo desse período e isso continua até agora, inclusive com o lançamento de Dragonflight.
FG: Falando nisso, como Dragonflight encara o desafio de atrair novatos ao mesmo tempo em que agrada os veteranos e tenta trazer antigos jogadores de volta ao game?
GA: Quando olhamos pra tudo de novo que está chegando com a expansão, vemos que tem um pouquinho para cada tipo de jogador: raides e masmorras novas, áreas inéditas para explorar, uma nova raça, reformulação de sistemas e por aí vai.
Há players que querem passar rapidinho pelo processo de leveling para fazer o conteúdo de endgame o quanto antes – e temos que ter conteúdo para eles. Outros querem saber da história, e aí temos uma campanha super-rica com uma nova história que abre a lore de World of Warcraft para novos caminhos. Dá para perceber que o time se empenhou em construir algo que fosse familiar para quem já conhece WoW, mas que também atraísse um novo público – de diferentes gerações.
Simultaneamente, quando pensamos na IP como um todo, temos iniciativas como a do Arclight Rumble, que chega no ano que vem e deve trazer uma série de novos jogadores para o universo de Warcraft. Afinal, é algo mais acessível, free-to-play, mobile e que pode ser a porta de entrada para um público mais jovem, que provavelmente será apresentado pela primeira vez para a franquia.
Quem engajar e curtir o material, pode ter uma imersão ainda maior ao migrar para o World of Warcraft, que oferece algumas formas gratuitas para que o iniciante possa experimentar a aventura antes de mergulhar de vez no game. Um jogo que quer ficar mais 20 anos no mercado precisa ir para esse caminho para oferecer uma experiência fluida a todo tipo de público.
FG: Nesse sentido, você acredita que a franquia ainda tem “lenha para queimar” ou podemos ter um World of Warcraft 2 no futuro próximo?
GA: Acho que quando pensamos em algo como um World of Warcraft 2, a ideia é que fosse algo realmente muito diferente do que temos hoje em dia. Hoje, não é algo que faz sentido para o caminho que estamos seguindo com o game.
Temos recebido um feedback muito positivo desde o anúncio de Dragonflight, passando pelo Alfa, Beta, pré-patch e agora com a proximidade do lançamento. Estamos num momento muito bom, reflexo dos recursos que destinamos ao time de desenvolvimento para que eles possam entregar um conteúdo variado e de qualidade.
Assim como em outras expansões, Dragonflight traz uma série de melhorias que não transformam o que World of Warcraft é, mas tornam o jogo melhor, mais acessível, prático e, claro, modernizado.
Os jogadores [de WoW] estão muito bem servidos com essa experiência contínua do game
Entendemos que World of Warcraft é um fenômeno cultural e uma forma de entretenimento ampla e variada, com um grande valor agregado, e que seus jogadores estão muito bem servidos com essa experiência contínua do game. Isso vai continuar sendo verdade com base no que estamos programando para os próximos anos.
FG: Por fim, você poderia falar um pouco mais de como é a relação da Blizzard e especificamente de World of Warcraft com o mercado e o público brasileiro?
GA: Temos um profundo respeito pelos jogadores brasileiros, que fazem parte de uma das comunidades mais engajadas e apaixonadas de WoW no mundo. Isso se reflete em muitas das decisões que tomamos a respeito do jogo por aqui.
Já há muito tempo, por exemplo, garantimos que o conteúdo de World of Warcraft chegue ao Brasil de forma simultânea com o resto do mundo, sempre com uma alta qualidade de tradução, localização e dublagem. O mais importante é que isso não se limita só ao material in-game, mas também às notícias, notas de atualização e outras novidades referentes ao jogo.
Do ponto de vista dos negócios, estamos olhando constantemente para a economia do mercado brasileiro e fazemos questão de sempre podermos oferecer as opções certas para que o jogo seja acessível para um público bastante amplo.
O lançamento da assinatura de 12 meses, por exemplo, permite que os consumidores possam economizar mais na hora de jogar, ao mesmo tempo em que ganham uma série de benefícios, como montarias, pets e outros incentivos. Isso não impede que também ofereçamos pacotes reduzidos para quem não passa tanto tempo no game ou até mesmo que jogadores mais dedicados possam usar o ouro do próprio game para pagar por seu tempo de jogo.
Outra novidade recente, que chegou há apenas alguns meses, é o pagamento por meio do Pix nas transações feitas pela Battle.net. Ainda é uma coisa nova para a gente, e não podemos abrir números sobre isso, mas é um meio de pagamento que sabemos que tem tido uma ampla adoção pela população brasileira. O fato de termos mobilizado rapidamente uma empresa como a Blizzard para implementar algo assim é uma prova cabal de como nos importamos realmente com a facilidade de acesso ao público no Brasil.
A chegada de Dragonflight
World of Warcraft: Dragonflight tem lançamento programado para o próximo dia 28 de novembro, trazendo ao MMORPG da Blizzard uma série de novidades de história, mecânicas e personagens. O mais bacana é que, antes mesmo da expansão estrear, os jogadores podem curtir algumas das atualizações antecipadamente e até mesmo experimentar o novo combo de classe e raça, o Conjurador Dracthyr.
E você, já deu uma chance para o WoWzinho? Conte para a gente a sua experiência com o game ou gênero dos MMORPGs mais abaixo, na seção de comentários do Flow Games!
Comentários