The Witcher 3 na nova geração é edição definitiva honesta e grátis
Update entrega mais do que muita coisa paga e é desculpa perfeita para nova jogatina do bruxão – ou fazer jornada do zero
uma indústria cujo hobby é caro e na qual os produtos reinventam suas fórmulas de monetização – por vezes agressivas –, a atualização grátis de The Witcher 3: Wild Hunt para os consoles de nova geração e PC é uma agulha no palheiro. Já se tornou praxe, uma prática cultural, cobrar por “edições definitivas” dos jogos, que, atualmente, são corriqueiramente remasterizados em valores que nem sempre se justificam.
Aqui, a CD Projekt Red poderia ter optado por esse caminho, mas, como a empresa segue uma política estabelecida em relação ao consumidor, lança o referido update, que melhor se encaixa como upGRADE, no dia 14 de dezembro de 2022, finalmente abrindo as portas de Geralt de Rívia a jogadores de PS5 e Xbox Series X|S, com as capacitações técnicas que esses aparelhos podem oferecer, além do PC, que já tem um ambiente de respaldo em atualizações.
Ray-tracing, mods integrados, progressão entre plataformas e 60 fps são apenas alguns dos benefícios oferecidos nessa nova versão, disponibilizada gratuitamente a todos que já possuem o game no PS4 ou no Xbox One, físico ou digital (e no PC).
The Witcher 3: o mesmo, mas melhor
O marketing no qual o estúdio polonês investiu previamente ao lançamento de The Witcher 3, em 2015, permitiu que a mensagem sobre o game fosse disseminada e penetrada em diferentes públicos – especialmente aqueles que não tiveram contato com a franquia antes, a qual, vale lembrar, é baseada nos livros escritos pelo autor polonês Andrzej Sapkowski. Naquele lado do mundo, a obra é tida como uma espécie de “Senhor dos Anéis da Polônia”.
Maior, melhor e disparadamente mais ambiciosa que os dois primeiros títulos, a terceira jornada de Geralt nos games trouxe um mundo aberto nos padrões modernos, com inteligente mix de combate, exploração, loot, diálogos e customização de personagem, seguindo a cartilha do RPG ocidental.
Há quem diga que existe a era “pré e pós-The Witcher 3” em termos de missões secundárias: uma das grandes magias dessa aventura é sua capacidade de oferecer side quests interessantes, com histórias cheias de reviravoltas e dramas que exploram os horrores de uma guerra – e como isso afeta o discernimento das pessoas, muitas no limiar da loucura.
Nessa versão next-gen, tudo isso ganhou outra escala com novas opções gráficas, conteúdo inédito, modo fotografia, progressão entre plataformas (cross-save), mods integrados e mais personalização no mapeamento de comandos e na câmera.
60 fps nos consoles: seja bem-vindo!
Agora você pode explorar o continente com duas opções de renderização gráfica: fidelidade visual, que conta com elementos de ray-tracing, e desempenho, que oferece, enfim, os 60 quadros por segundo com estabilidade. Em nossos testes (feitos no PS5), notamos algumas poucas incidências do chamado efeito “stuttering”, isto é, “gaguejadas”, em tradução livre, quando o fluxo de frames pausa e há breves travadas no gameplay.
No geral, isso ocorreu em raras cenas de transição, ao sair de uma cinemática/diálogo e retomar o controle do personagem, sem comprometer a experiência. Os 60 fps, no saldo resumido, estão sólidos. Certamente essas e outras pequenas questões serão corrigidas em atualizações.
Por falar em flexibilidade, outra bem-vinda adição é a presença dos mods, que foram totalmente integrados à experiência. A CD Projekt Red selecionou os mais populares da comunidade e os inseriu no jogo, incluindo texturas e modelos em 4K. Como resultado, alguns monstros estão altamente detalhados – muito além de sua versão crua.
Conteúdo inédito e Modo Fotografia
A nova versão de The Witcher 3 não representa apenas um salto gráfico e de performance. Uma nova missão foi inclusa na saga, além de armaduras, armas e trajes alternativos inspirados na série da Netflix. O game oferece esses e outros brindes extras como forma de agradecimento aos jogadores que apoiaram o trabalho do time até aqui – palavras da CD Projekt Red estampadas na tela assim que o jogo é executado pela primeira vez.
Outro recurso finalmente entregue aos fãs após grande clamor popular é o Modo Fotografia, que dá, aos aventureiros, uma bandeja de filtros, ângulos, vinhetas e barras deslizantes para que eles capturem as paisagens do jeito merecido. Confira, mais adiante, a nossa galeria com momentos extraídos a partir dessa modalidade.
É possível criar retratos artísticos dos personagens, pausar no clima certo de uma cena de ação e aferir um toque autoral e atmosférico às capturas. Prepare-se para somar, à jogatina, um considerável montante de tempo brincando com a sua criatividade.
Cross-save e melhorias em qualidade de vida
Comece sua jornada num lugar e depois retome em outro, sem necessidade de portais. Para isso, basta transferir seu jogo salvo na nuvem com uma conta GOG.com e facilmente carregá-lo em outra plataforma, com a praticidade que condiz com a década de 2020.
Onde quer que você desfrute de The Witcher 3 nos novos sistemas, as melhorias em qualidade de vida são notáveis: elas abrangem personalização dinâmica da interface do usuário, transmissão mais rápida de sinais, câmera padrão alternativa – mais próxima a Geralt – e outros ajustes que visam fornecer uma experiência de jogo mais suave e modernizada, adaptada para os 7 anos que se passaram entre o original (lançado em 2015) e agora.
Num mundo em que as “Definitive Edition” às vezes mal conseguem fazer um mero upscale de resolução e ainda cobram por isso, é um alento ver um trabalho tão bacana nessa robusta atualização que o bruxeiro de nossas vidas recebeu. Agora, ele pode ostentar, de boca cheia, sua própria versão nativa na nova geração de consoles – e gratuita a quem já investiu no game antes.
Dito isso, a nossa recomendação é mais que expressa para que você retorne a esse mundo ou conheça-o pela primeira vez. Se o empurrãozinho que faltava era esse update, aproveite o fim de ano e mergulhe nessa imensa cruzada épica, a qual, aliás, inclui as duas expansões, Hearts of Stone e Blood and Wine, também gigantes por sua própria natureza.
The Witcher 3: Wild Hunt está disponível para PS4, Xbox One, PC e, a partir de 14 de dezembro de 2022, PS5 e Xbox Series X|S.
Testado no PS5. O Flow Games recebeu uma cópia antecipada para a realização deste conteúdo e agradece à CD Projekt Red pelo envio.
Comentários
Parabéns pelo texto e análise Mica, pra mim um ponto de referência no mundo dos games quando o assunto é passar para a escrita experiencias e ideias sobre games. Joguei pouco do The Witcher 3 no PS4, agora no PS5, pretendo jogar essa versão que parece que vai me trazer a forma definitiva da aventura do Geralt, as vezes vale a pena esperar, né?