
Review: Shinobi assume nova identidade em Art of Vengeance
Shinobi Art of Vengeance bebe da fonte de Metroid em nova aventura
Imagem: SEGA
ão tem como não gostar de ninjas. Pelo menos na minha opinião, há algo no seu estilo de combate e identidade visual que simplesmente cativa demais. Não por acaso recebemos uma ampla biblioteca de obras inspiradas nessas figuras folclóricas ao longo do tempo, desde livros, gibis e filmes, até videogames.
Que os outros personagens me perdoem, mas o coração seguista sempre me fez gostar do Shinobi mais do que todos os outros ninjas, então o lançamento de Shinobi Art of Vengeance era como um sonho virando realidade para um garoto que cresceu decorando os padrões do fantástico The Revenge of Shinobi no Mega Drive.
Ao saber que o jogo estava sendo desenvolvido pela Lizardcube, especialista em reviver franquias meio largadas da SEGA (como Streets of Rage e Wonder Boy), o meu hype foi para a lua, o que é sempre perigoso, como pude comprovar ao testar o jogo em prévia na Retrocon 2025. Mas agora, com o jogo completo em mãos, como eu me sinto sobre ele? Vamos conversar sobre isso no review completo a seguir.

Imagem: SEGA
O retorno muito aguardado de Shinobi Art of Vengeance
A tal “arte da vingança” que dá nome a Shinobi Art of Vengeance é derivida de um ataque sofrido pela vila do Clã Oboro. O vilão Lord Ruse, chefe dos militares da ENE Corp, está em busca da dominação mundial usando os seus recém-obtidos poderes místicos, e trata de acertar o nosso herói Joe Musashi onde mais machuca: destruindo o seu próprio lar.
É uma premissa bastante simples, típica de obras de ação, e ela funciona bem o bastante. Até por isso, me surpreende que o jogo escolha gastar um bom tempo de tela com diálogos e interações. Certamente uma tentativa de modernizar e aprofundar a jornada, mas que considero profundamente desnecessária, já que o ideal seria a ação falar por si só. Isso acaba desacelerando o ritmo e adrenalina, mas é coerente com o design geral da nova aventura.
Afinal, diferente das fases de “tiro curto” das gerações 8 e 16 bits, aqui os desenvolvedores optaram por focar em níveis que podem durar entre 20 e 40 minutos, com direito a backtracking, rotas secretas e até, ocasionalmente, um pouquinho da fórmula de Metroid, com áreas inacessíveis até você.

Imagem: SEGA
Novamente, parece uma tentativa de se adequar ao gosto da audiência moderna e surfar no sucesso de hits no estilo Metroidvania, com os níveis até mesmo indicando quantos % dos itens, poderes e segredos você coletou pelo caminho.
Como alguém que não curte o gênero, isso me incomodou ainda mais, já que não importa o quanto você explore e se dedique, quase nunca poderá fazer 100% de uma fase de cara, já que sempre há locais que só serão acessíveis usando poderes que você libera mais para frente (como a possibilidade de quebrar certos tipos de paredes, escalar algumas superfícies, ou se agarrar a ganchos), forçando o jogador a revisitar os níveis artificialmente.
A arte ninja
Por outro lado, as locações por onde você passa ao longo da campanha de Shinobi Art of Vengeance são claramente coerentes com as aventuras anteriores, alternando entre cidades cheias de neon e ambientes mais focados na natureza. Aqui, é impossível reclamar: a direção de arte acertou em cheio e Shinobi Art of Vengeance é lindíssimo e deslumbrante, com cada frame pausado podendo facilmente virar um quadro.
O design de personagens foi muito feliz tanto nos protagonistas e coadjuvantes como nos vilões, misturando perfeitamente tecnologia militar com um pouco de ocultismo e sobrenatural na medida certa. Os novos personagens se encaixam muito bem com a história da franquia, em mais um grato acerto.
Ainda no que diz respeito às diferentes formas de arte, a música, outrora um ponto fortíssimo da franquia com composições lendárias do ícone Yuzo Koshiro, agora é apenas competente e não muito mais que isso, ainda que o próprio Koshiro retorne em duas novas faixas.
O grosso do material foi composto pelo também ótimo Tee Lopes, mas não acho que ele tenha conseguido capturar bem a essência da série. Não espere esbarrar com faixas chiclete e marcantes como a clássica Chinatown, por exemplo. Ao invés disso, você ouve um compilado de instrumentos clichê associados ao antigo Japão, e poucas faixas mais ousadas.
Um gameplay primoroso
Como você deve ter notado, há muitas modernizações de Shinobi Art of Vengeance que eu não gostei tanto assim, mas o ritmo do combate certamente não entra nesse grupo. Eu amei a forma como o Joe Musashi está mais ágil, veloz e letal do que nunca, e até por isso eu gostaria de ver esse poder arrebentando tudo em níveis mais lineares.
Diferente do combatente meio truncado de outrora, aqui você consegue ir rapidamente de um canto ao outro da tela usando dashes e esquivas e, o melhor de tudo, com um sistema de juggle e combos viciante. É extremamente prazeroso intercalar espadadas fortes e ligeiras tentando fazer os inimigos não baterem no chão, e saltando rapidamente até o próximo rival.
Em seus melhores momentos, Shinobi Art of Vengeance mistura vários tipos de inimigos em cenários com verticalidade, então você precisa se planejar rapidamente para escolher quem atacar primeiro entre inimigos que lançam projéteis, que curam os demais, ou que estão protegidos por escudos.
Há uma variedade muito boa de movimentos, incluindo execuções imediatas quando os inimigos já estão com vida baixa, golpes especiais com magias que invadem a tela inteira, ou ninpos com golpes especiais de menor alcance e escopo. Como você pode até disparar kunais para golpes de longa distância, não faltam formas de expressar a sua criatividade e violência durante a ação.
É uma pena, então, que isso venha ao custo de o jogo estar muito mais fácil do que os seus predecessores. Talvez seja, novamente, o preço cobrado para se adequar a modernidade, mas como se a jornada principal já não fosse bem tranquila ao natural, ainda é possível visitar lojinhas para trocar os seus colecionáveis por itens equipáveis garantindo buffs ativos e passivos, tudo para garantir que todo mundo consiga terminar o jogo sem suar.
Assim, senti falta de momentos “ufa!”, aqueles em que você passa de fase com as mãos suando e com overdose de adrenalina. O mais perto que chegamos disso aqui são nos encontros contra chefões, já que, apesar de ainda haver muita margem de erro, você ainda precisa memorizar um ou outro padrão para se dar bem. Mesmo assim, Shinobi Art of Vengeance é, disparado, o capítulo mais fácil e acessível da série, infelizmente.
Vale a pena jogar Shinobi Art of Vengeance?
Depois de me deliciar com a ação bruta e nostálgica do excelente Ninja Gaiden Ragebound, eu esperava que Shinobi Art of Vengeance me trouxesse ainda mais doses de ação linear profundamente desafiadora. Ao invés disso, o que eu encontrei foi um jogo mais disposto a se adequar às modernas convenções de mercado.

Imagem: Sega
É uma escolha que certamente lhe garantirá boas notas e boa recepção da crítica e de um público condicionado a viver em um tempo em que, a cada ano, os jogos ficam mais fáceis e acessíveis. Eu certamente teria apreciado bem mais Shinobi Art of Vengeance caso ele tivesse mais interesse em resgatar e celebrar o seu antigo desafio do que em atenuá-lo.
Ao menos o brilhante sistema de batalhas e a direção de arte com gráficos soberbos são tão bons que, ocasionalmente, até ofuscam as minha reclamações. Seja como for, eu fico feliz que Shinobi Art of Vengeance exista e resgate esse personagem tão clássico dos videogames. Só espero que os próximos revivals da SEGA não tenham medo de honrar ainda mais as suas origens.
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Shinobi Art of Vengeance
Publisher: SEGA
Desenvolvedora: Lizardcube
Plataformas: PC, PS5, PS4, Xbox Series X/S, Xbox One, Nintendo Switch
Lançamento: 29/08/2025
Tempo de review: 15 horas
Shinobi Art of Vengeance possui uma excelente apresentação gráfica e gameplay gratificante, mas as longas fases com pegada Metroid destoam da série.
Prós
- Gráficos lindíssimos com artes deslumbrantes
- Sistema de combate muito gratificante
- O retorno de uma das melhores franquias dos games
Contras
- DNA de Metroid não combina com Shinobi
- Fases muito longas com mais de 30 minutos
- Trilha sonora poderia ser mais marcante
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