Review: Tamagotchi Plaza é calmante natural para dias cinzentos

Na contramão da moda, Tamagotchi Plaza, o novo título do bichinho virtual, ícone dos anos 1990, vai na direção oposta de tudo que temos visto atualmente. É até cômico que a Bandai Namco, publisher por trás das principais produções da FromSoftware, nos traga um joguinho tão relaxante, fofo e contemplativo como esse.

Também é difícil acreditar que veríamos um novo jogo de uma franquia que se consolidou no Nintendo DS, com Tamagotchi Connection: Corner Shop, e que desde então havia ficado na geladeira (desconsiderando as investidas no mobile). Aproveitando o caráter híbrido do Nintendo Switch, o inesperado Tamagotchi Plaza, tal como seu antecessor do DS, funciona como um ansiolítico virtual para levar na mochila.

Tamagotchi Plaza ou TamaGOTY: mais que tudo, um jogo de minigames

Quem vê de longe pode até imaginar que Tamagotchi Plaza é um simulador de vida à la Animal Crossing, dada a semelhança com seus adoráveis bonequinhos de cabeça avantajada. Sim, há elementos de gerenciamento e decoração com os quais podemos interagir no decorrer da aventura, mas tudo é muito básico aqui, propositalmente.

Em Tamagotchi Plaza, assumimos o papel de um dos bichinhos virtuais do planeta Tamagotchi para prestar serviços em Tamahiko Town. O ciclo de gameplay gira em torno de exercer tarefas em pequenos comércios e fortalecer sua reputação, atraindo assim a atenção de outras criaturas, ou melhor, consumidores, para esse centro comercial agradável, colorido e cheio de vida.

Antes que você se pergunte, a história é só um pretexto para fazer os bichinhos virtuais colocarem a mão na massa e não agrega em nada – o que é ótimo, já que você não perde tempo com diálogos prolixos. Afinal, Tamagotchi Plaza é, acima de tudo, um jogo puramente dedicado a minigames, ainda que flerte, com moderação, com mecânicas de simulação.

Imagem: Flow Games/Victor Teixeira

O trabalho dignifica o Tamagotchi

São 12 tipos de comércio disponíveis desde o início, cada um com sua própria dinâmica. A versão do Nintendo Switch 2, por sua vez, traz três lojinhas adicionais e exclusivas, cuja gimmick foi projetada pensando nas funcionalidades de mouse dos Joy-Cons e, por isso, não é compatível com o Switch original.

Queria muito que a vida nos permitisse mudar de profissão num piscar de olhos, assim como o Tamagotchi Plaza possibilita. Seria mágico e resolveria muitos problemas. Você pode, por exemplo, atuar como dentista para tratar a cárie do bicho mais fofo que já viu e, logo em seguida, conduzir um treino de musculação para esculpir a silhueta da sua fiel clientela.

Não vou me aprofundar muito em cada minigame, porque a graça está justamente em explorar por conta própria o que as lojas têm a oferecer. No entanto, posso dizer que, embora o número de passatempos não seja expressivo à primeira vista, as atividades são suficientemente variadas e entregam uma jogabilidade única.

Embora o número de passatempos não seja expressivo à primeira vista, as atividades são suficientemente variadas e entregam uma jogabilidade única

Imagem: Flow Games/Victor Teixeira

Na casa de chá, por exemplo, a decoração é o que conta – isto é, o que vale é a sua habilidade de embelezar o ambiente. Já como atendente de uma festa, o seu objetivo é servir a freguesia na velocidade da luz, um tipo de minigame em que atenção plena e reflexos rápidos são necessários, sobretudo nos níveis mais altos.

Embora seja um jogo destinado a um público muito casual ou a quem busca um joguinho cooperativo light para descontrair, quase como um party game, os desafios escalonam em dificuldade à medida que evoluímos a cidade com o dinheiro adquirido. Difícil é uma palavra muito forte para um jogo como esse, mas dá para dizer que os minigames ficam mais, digamos, adequados para audiências adultas.

Nem tudo é festa

Como nem tudo é perfeito, Tamagotchi Plaza carece de “sustância” e não vende muitos atrativos para que o pobre Tamagotchi proletário gaste seu suado dinheirinho. As opções de decoração são mínimas, bem como as estruturas para expandir a cidade, e não criam incentivos para fazermos hora extra nos trabalhos de Tamahiko Town. É tudo um tanto raso e superficial nesse sentido, infelizmente.

Tamagotchi Plaza carece de “sustância” e não vende muitos atrativos para que o pobre Tamagotchi proletário gaste seu suado dinheirinho

Imagem: Flow Games/Victor Teixeira

Outro ponto de ressalva, além da ausência esperada de textos em português do Brasil, por ser um game nichado, é a falta de explicações em certos minigames. Por mais que os desafios sejam acessíveis e muitos até autoexplicativos, em alguns casos fica difícil saber o que é esperado do jogador, especialmente quando tentamos obter pontuações maiores. A pergunta que fica no ar é: o que precisamos fazer para melhorar nosso desempenho?

Por exemplo: na versão de Switch 2, a mesma que utilizamos para realizar os testes, há um minigame no qual o foco é servir clientes famintos em um restaurante japonês. O que fica dúbio, contudo, é o processo de montar um sushi perfeito enquanto o Joy-Con opera como mouse. Eu só fui descobrir, horas depois, na marra, que o wasabi era o toque final do “recheio”.

Veredito

Intolerante à complexidade, Tamagotchi Plaza é um ansiolítico natural para dias cinzentos, aqueles em que o peso dos compromissos da rotina nos pega de jeito. É o tipo de experiência que evita, a todo custo, exigir esforço do jogador para recompensá-lo por seus feitos – mesmo que, às vezes, transborde superficialidade. Por mais paradoxal que pareça, o trabalho árduo de um bichinho virtual é o nosso lazer da vida real – e, aqui, ainda por cima, somos bem remunerados pela diversão.

Analisado no Nintendo Switch 2.

Um código de Tamagotchi Plaza foi gentilmente fornecido pela Bandai Namco para o propósito de análise no Nintendo Switch 2

—

Quer encontrar os melhores preços de games na internet? Conheça o Low Games! Descontos em jogos, acessórios, consoles, gift cards e muito mais para todas as marcas! Visite: https://www.lowgames.com.br