Review: ROG Ally X é o portátil definitivo, mas tem seu preço
O ROG Ally X chegará ao Brasil e o Flow Games já testou o novo aparelho: vale a pena? É muito melhor que o anterior? Veja
m julho desse ano, a ASUS adotou a estratégia da Valve e lançou uma versão “2.0” de seu portátil, o ROG Ally X, tal qual o Steam Deck OLED teve meses antes. Tido como um portátil que aprimora os elementos do modelo anterior, ele ainda seguia sem previsão de vir ao Brasil, mas isso mudou hoje: a ASUS anunciou que o PC portátil chega ainda HOJE, dia 24 de setembro, por R$ 7.999.
E, nas últimas semanas, o Flow Games esteve com um modelo em mãos e testamos as novidades. Além disso, por ser o dono de um ROG Ally convencional, aproveitei para fazer algumas comparações que podem ser importantes em uma análise: o upgrade vale a pena para quem já tem a versão original? E para um primeiro comprador, é melhor o novo ou o antigo?
Se você está curioso para saber mais sobre o ROG Ally X, confira nossa análise completa no texto abaixo!
ROG Ally X aprimora quase tudo do original
Se você acompanhou as novidades da ASUS na época que o ROG Ally X foi revelado, deve estar por dentro que a ideia é melhorar os acertos e corrigir os erros do original. Mas o que exatamente são esses aprimoramentos? Vamos separar em categorias e destrinchar cada uma delas.
Porém, vale já começar dizendo que, de tudo que o ROG Ally X recebeu de novidades, duas coisas não mudaram: a tela de 7 polegadas IPS de 120 Hz com suporte para VRR (e touchscreen) e o chipset que continua intocado, trazendo a mesma APU do Z1 Extreme da AMD. Portanto, vamos a cada uma das mudanças, começando pelo design, que teve algumas alterações que não são meramente estéticas.
Design e mudanças
Apesar de a construção do ROG Ally X parecer bastante com o modelo anterior, há algumas mudanças que um olhar afiado consegue captar (e notar melhorias com um teste longevo). Entre os aprimoramentos, temos os analógicos, que ficaram levemente mais firmes, precisos e um pouco menores.
Por mais bobo que pareça, esse foi um dos pontos positivos que mais me agradou, já que o Ally original tem um par de analógicos muito soltos e com uma grande área de deadzone. É uma diferença de dia e noite.
Além disso, o D-Pad também foi alterado, trazendo um pouco mais de firmeza e o estilo de oito direções, levemente presente no anterior, mas mais acentuado aqui. Talvez a nova versão seja melhor ao meu paladar, mas não há grandes elogios e, no fim, é mais uma questão de gosto.
Outro aspecto do ROG Ally X revisado foram seus botões de uma forma geral: os botões de ombro (LB e RB) são facilmente clicáveis em toda a área de contato, os gatilhos estão mais firmes e precisos, e os botões remapeáveis na traseira do portátil tiveram seu tamanho diminuído.
Eu gostei de todas as mudanças e acho que o ROG Ally X traz uma sensação ainda mais premium e bem-construída, mas particularmente ainda estou me adequando aos botões reprogramáveis M1 e M2, que nunca senti problema algum em serem maiores (mas entendo que mãos maiores vão gostar das alterações).
Além disso, o novo aparelho da ASUS traz outras pequenas mudanças, como o chassi menos angular, entrada de cartão microSD trocada de lugar (e, aparentemente, resolvendo o problema crônico que queimava o leitor no modelo antigo), porta USB-C para conexão de GPU externa (que também serve para carregamento e transferência de dados), alto-falantes com maior volume e o resfriamento aprimorado.
Deixei esse ponto do ROG Ally X por último, pois aqui a melhoria foi bem significativa. Não só o novo aparelho está menos barulhento e mais otimizado, como a temperatura caiu drasticamente. Há dois elementos que teço elogios dos mais altos: a melhoria do posicionamento das saídas de ar e a redução drástica de temperatura.
No modelo original, seja pelo posicionamento da saída de ar ou dos gatilhos, era comum que o ar quente encontrasse seus dedos indicadores, trazendo desconforto. Não só isso não ocorre mais, mas também a temperatura está bem mais amena.
Em um teste em 25W de TDP (o modo Turbo e que mais gasta energia e gera mais calor), o ROG Ally X chegou em 76 °C, enquanto o original estava em 86°C, mas podendo chegar até 92 °C no modelo anterior – no mesmo jogo, mesma cena e com o mesmo tempo de uso, para deixar claro. Isso é um golaço da ASUS e melhora bastante a experiência do usuário.
Segundo a ASUS, essa melhoria ocorre porque o ROG Ally X possui ventoinhas 23% menores, mas com bem mais aletas (47 do original versus 77 do X), que são 50% mais finas, além de dois novos dissipadores de calor, garantindo 24% mais volume de ar no sitema – algo que, de acordo com a companhia, também diminui até 6 °C da tela de toque.
Por fim, o ROG Ally X também tem uma melhoria grande de armazenamento, saindo dos 512 GB originais para 1 TB em SSD NVMe – que agora também é do formato convencional 2280, facilitando a troca caso o usuário deseje.
Porém, o ROG Ally X também teve alguns aprimoramentos no seu hardware que comentamos a seguir.
Teste de desempenho
Por baixo do capô, o ROG Ally X traz o mesmo chip Z1 Extreme da AMD e, na teoria, não deveria ter mudanças na performance. Entretanto, há uma mudança: em vez de 16 GB de RAM LPDDR5 em 6.400 MT/s, o modelo revisado tem 24 GB, mas de LPDDR5X e com velocidade de 7.500 MT/s.
Na prática, a RAM mais veloz vai ajudar na performance de diversos jogos e, em nossos testes, o aumento de performance pode ir de singelos 2 fps até 12 fps (talvez até mais em alguns cenários). Porém, o que realmente ajuda bastante é a quantidade de RAM extra.
Se o número de 24 GB, em vez de 32 GB, parece estranho no ROG Ally X, há uma explicação: atualmente, diversos jogos exigem GPUs com 8 GB de VRAM. Porém, como o ROG Ally X tem uma APU integrada, a memória de sistema também é compartilhada.
Em outras palavras, os 8 GB extra (versus 16 GB anteriores) resolvem esse gargalo, evitando que o jogador precise mexer em configurações da BIOS (via Armory Crate, o que facilitava). O quanto isso aprimora o modelo anterior varia de jogo para jogo, já que alguns títulos têm aprimoramentos pequenos, enquanto outros podem ter melhorias na casa dos 5 a 10% (talvez mais em certas situações).
O que realmente muda aqui é que alguns games, como é o caso de Avatar Frontiers of Pandora, simplesmente conseguem rodar somente no ROG Ally X por seus 8 GB extras de VRAM, já que no modelo anterior era simplesmente impossível jogar, mesmo em 720p, FSR 3 no modo Performance e tudo no Baixo, devido à falta de memória, causando stuttering constantes.
Em outras palavras, o ROG Ally X pode até entregar mais performance, mas a RAM adicional vai ajudar títulos mais pesados a rodar sem grandes problemas e, na prática, eliminar grande parte dos problemas de stuttering de outros games famintos por memória de vídeo.
Abaixo, você confere alguns de nossos benchmarks:
Cyberpunk 2077 Phantom Liberty
Cyberpunk 2077 sempre rodou relativamente bem no portátil original, mas com o preset no Baixo e com performance sub 60 fps. Com o ROG Ally X, até mesmo a expansão Phantom Liberty acaba se beneficiando das melhorias de hardware e a adição do FSR 3.1, com geração de frames. Os testes foram feitos com tudo no Baixo e em 1080p no modo Turbo (25W).
Os benchmarks podem não mostrar um aumento significativo de desempenho, com cerca de 48 fps no X e 44 no comum, mas, na prática, com framegen em ambos, a diferença nas partes de estresse (com batalha e na área do DLC), costuma ser de 10 a 12 frames entre o modelo revisado e o original.
Avatar Frontiers of Pandora
Se há um caso gritante para mostrar as melhorias do ROG Ally X, certamente é Avatar Frontiers of Pandora. Em 720p e com tudo no Baixo, a média é de 56 fps, considerando partes de estresse (e com quedas até a casa dos 45 fps), mesmo usando frame generation.
Apesar de o resultado não ser o mais impressionante, ele é bem jogável e bastante agradável por conta da tela menor. Entretanto, é muito discrepante o funcionamento em comparação ao Ally convencional: por conta dos 8 GB de RAM extra, somente a versão revisada dá conta de rodar o game.
God of War Ragnarok
Para ter um parâmetro mais recente, um dos nossos títulos AAA testados no ROG Ally X foi God of War Ragnarok, título crossgen que acabou de chegar ao PC. Em uma configuração entre Médio e Alto no modo Turbo de 25W e em 1080p utilizando FSR 3 no modo Equilibrado (e com framegen), as áreas mais tranquilas rodaram estáveis entre 80 e 90 fps.
Já nas seções mais pesadas, como Svartalfheim, o desempenho fica na casa dos 52 a 61 fps, trazendo excelente qualidade de imagem e bons efeitos gráficos. Já no ROG Ally convencional, essa média vai para 45 a 50 fps nas áreas pesadas e
Hades
Hades é um dos clássicos games perfeitos para jogar no ROG Ally e, por conta disso, decidimos testar no ROG Ally X também. Se você quer um jogo para aproveitar toda a bateria, essa é a escolha: jogando em 1080p, é possível utilizar o modo Silencioso, ter quase 4 horas de autonomia e ainda ter performance na casa dos 90 a 100 fps.
Se decidir usar o modo Performance, de 17W (no Ally X apenas), o deu desempenho vai para a casa dos 160 a 220 fps dependendo da cena, ficando na média de 180 nas batalhas. É possível ajustar manualmente o TDP na faixa dos 15W e ter mais de 3 horas de bateria e manter os 120 frames na taxa de atualização da tela.
Bateria ganhou um upgrade imenso
Apesar de a performance e melhorias de produto serem grandes atrativos da versão revisada, um dos maiores atrativos do ROG Ally X está em outra categoria: sua bateria. Nas especificações técnicas, ela literalmente dobrou, passando de 40 Wh para 80 Wh, mas na prática vemos melhorias mais significativas.
No modelo original, por exemplo, jogar no modo Turbo em 25W rendia cerca de 45 a 48 minutos de duração. Já no ROG Ally X, nos mesmos jogos, vemos uma duração de 120 a 125 minutos (2 horas em média), também no mesmo modo Turbo em 25W – mas com performance melhor que o anterior, como citamos.
Já no modo Performance, o original roda em 15W e garantia cerca de 1h20m a 1h30m, enquanto o ROG Ally X roda em 17W (garantindo um pouco mais de desempenho) e consegue incríveis 2h30m em média – e notem abaixo: o modo de menor consumo de energia do X já é melhor do que o Performance do Ally original.
No modo Silencioso, o PC portátil original roda em 10W e garantia cerca de 2h a 2h10m de autonomia; já o ROG Ally X entrega 13W (novamente, dando um pouco mais de desempenho) e garantindo cerca de 3h50m a 4h de autonomia.
Como o TDP é aumentado por padrão no Armory Crate, você ainda pode diminuir para os valores antigos manualmente e conseguir ainda mais tempo de bateria. Honestamente, acho que não vale muito a pena, já que o chip Z1 Extreme não é tão otimizado para uso baixo de energia e a bateria foi amplamente melhorada, mas fica a dica para jogos que são extremamente leves – mas, na realidade, até Hades e Hades 2 rodam acima de 60 fps com 10W.
Esse é, sem dúvidas, o melhor aprimoramento do ROG Ally X: afinal, apesar de o modelo original ser um PC portátil extremamente parrudo, de portátil ele tinha pouco, já que, em média, você teria cerca de 1 hora de autonomia.
Apesar de nada ter mudado aqui, também vale citar que o ROG Ally X continua tendo a tecnologia de carregamento bypass, ou seja: caso você tenha uma tomada por perto, pode deixar conectado o tempo todo sem se preocupar, já que se a bateria estiver em 100% (ou 80%, caso mude as configurações de prolongar a vida útil), a energia da tomada vai alimentar o sistema diretamente, sem passar pela bateria.
Isso ajuda a prolongar a vida útil da bateria e não tem contrapontos para quem gosta de jogar enquanto carrega. E, por fim, o novo ROG Ally X também tem suporte para até 100W de carregamento (versus 65W do anterior), mas o carregador que acompanha o aparelho ainda é de 65W.
*Todos os testes utilizaram o o display em 100% de brilho e a iluminação RGB do aparelho em 33%.
Software: a faca de dois gumes
Se você já viu reviews ou vídeos do primeiro ROG Ally, sabe que ele tem uma vantagem e uma desvantagem grande em relação ao Steam Deck e elas são a mesma coisa: o Windows 11. Sim, o Steam Deck roda uma versão de Linux que é “plug and play”, basta ligar, baixar o jogo e jogar como qualquer console, mas também tem jogos incompatíveis, seja por não ser verificado no Steam Deck, ter software anti-cheat etc.
Além disso, o Steam Deck não terá o benefício de rodar, sem instalar softwares de terceiros, jogos da Epic, GOG, Ubisoft Connect, EA App e, principalmente, do Xbox App, que traz a possibilidade de utilizar o Game Pass para PC e incluir centenas de jogos no catálogo.
Apesar de ter todas essas vantagens, é inegável que o Windows 11 não é o sistema mais simpático para dispositivos portáteis, nem tudo funciona bem e é necessário utilizar a tela de toque ou o modo Desktop de comandos, em que o analógico direito serve de mouse.
A parte boa é que, junto do ROG Ally X, o Armory Crate, software embarcado da ASUS, também ganhou a atualização 1.5, melhorando a interface, responsividade e usabilidade – e vale lembrar que essa atualização chegou ao ROG Ally convencional também.
Tudo se resume em: e o preço? O ROG Ally X vale a pena?
É inegável que o ROG Ally X é um produto bem superior ao original, que já era bom. Entretanto, a versão base tinha alguns problemas e pontos de melhoria comuns para uma primeira versão, mas todos foram corrigidos ou melhorados na edição revisada (um ponto em destaque para o leitor de cartão microSD, que eventualmente queima por falha de design).
O aumento de performance, mesmo que pouco significativo em alguns jogos, o armazenamento aumentado e a bateria dobrada em autonomia são pontos positivos extremamente convidativos para o sistema da ASUS – fora as outras mudanças.
Porém, sempre fica a dúvida: vale a pena comprar o ROG Ally X? Oficialmente, o aparelho chega ao Brasil hoje (23 de setembro) por R$ 7.999 (ou R$ 7.200 à vista no PIX), cerca de R$ 1 mil acima do produto original. Essa faixa de preço é bem salgada para a grande maioria dos consumidores, mas vamos destrinchar em alguns pontos.
Preço oficial por preço oficial, o ROG Ally X é bem mais interessante: afinal, se você tem o dinheiro para adquirir um modelo original, R$ 1 mil acabam valendo bastante a pena pelos aprimoramentos – somente a troca do SSD já seria quase metade desse valor, já que ainda é do modelo 2230 e mais caro no mercado.
Entretanto, a realidade é que o ROG Ally X já pode ser encontrado por preços mais acessíveis, na faixa dos R$ 5 mil (e até abaixo disso, se procurar bem ou aguardar uma promoção melhor). Estamos falando de quase o dobro do valor e as coisas começam a ficar complicadas.
Caso você já tenha um ROG Ally ou um Steam Deck e queira fazer o upgrade, tudo depende do quanto você conseguiria na revenda do seu usado e do quanto estaria disposto a melhorar sua experiência. Afinal, R$ 4 mil extras ainda é bastante coisa. No mundo ideal, o original teria redução no valor e o X chegaria pelo valor antigo.
Mas, assim como o modelo original abaixou de valor, pode ser que o ROG Ally X tenha uma redução e promoções no futuro. Além disso, não é uma conversão tão fora do comum, já que o aparelho é vendido por US$ 800 nos EUA.
O ROG Ally X é um produto fantástico e simplesmente o melhor PC gamer portátil da atualidade, trazendo o melhor desempenho, a melhor bateria, o conjunto mais bem-acabado e que casa com a proposta, mas o hardware avançado também tem seu preço.
Comentários
Um console portatil que resolveu muitos problemas, mas esse preço…
Adoraria muito ter um, mas entre ele e um steam deck vou no da valve, com o preço desse ai compro dois deck.