Review: Kirby and the Forgotten Land é bom no Switch 2, mas falta valor

Após 15 horas aproveitando a aventura de Kirby neste relançamento, algumas dúvidas pairam sobre a experiência. Embora seja uma campanha gostosa, cheia de colecionáveis e muito charmosa, será que ela vale US$ 80? Afinal, o que há de novo por aqui?

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games

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O mesmo conteúdo da versão original (que é bom)

Kirby and the Forgotten Land pode não ser um jogo extremamente ambicioso, mas tem criatividade e boas ideias de sobra. A franquia do mascote rosa sempre foi, para mim, uma espécie de laboratório de experiências plataforma da Nintendo, com cada jogo radicalmente diferente do anterior.

Com Forgotten Land, o time da HAL Laboratory explorou um pouco mais o conceito de um mundo pós-apocalíptico e poderes clássicos de Kirby com upgrades, além da ideia do Mouthful Mode, que não chega a transformar o personagem, mas o faz “envelopar” objetos maiores do que consegue engolir, como carros, geladeiras, cones e mais.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games

Na campanha de aproximadamente 12 horas (e um pouco mais para fazer 100% e terminar os cenários de endgame), há bastante criatividade nos cenários, excelente level design e sessões bem divertidas com o modo Mouthful, que, embora limitados, oferecem a diversão em seu estado mais puro.

Há dezenas de níveis e centenas de segredos para descobrir em Kirby and the Forgotten Land em fases muito bem-construídas e um combate prazeroso que combina as habilidades de Kirby em situações bem únicas. É o tipo de jogatina despretensiosa que garante horas de entretenimento.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games

O maior contra aqui é que, mesmo com muitas fases bacanas e até mesmo um conteúdo endgame, Kirby and the Forgotten Land + Star-Crossed World carece de desafios, mesmo em partes opcionais: eles até existem aqui e ali, mas nada que vá demorar muito para você terminar e completar tudo que pode ver no game.

Kirby and the Forgotten Land tem um gameplay simples, mas com camadas sofisticadas que ornam muito bem, além de trazer conteúdo endgame bacana, minigames e poderes desbloqueáveis legais de procurar nos mapas. E, como uma espécie de remaster no Switch 2, tudo está intacto e continua proveitoso de jogar.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games

Melhorias no Switch 2 são substanciais

Uma das grandes “novidades” da versão de Switch 2 de Kirby and the Forgotten Land + Star-Crossed World é o aprimoramento gráfico. Embora a versão original não seja ruim, a edição aprimorada traz a sensação de mudança da água pro vinho com melhorias grandes.

Agora, Kirby and the Forgotten Land roda em resoluções bem mais altas no modo dock, 1080p no modo portátil (se há resolução dinâmica, não percebi) e, principalmente, 60 fps para tornar toda a experiência muito mais fluida.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games

Apesar de ser um jogo de plataforma, não diria que necessariamente os 60 quadros por segundo dão uma grande vantagem de latência para executar comandos na campanha, mas certamente a apresentação se tornou muito melhor.

A direção de arte de Kirby and the Forgotten Land já era impecável, misturando um pós-apocalipse charmoso recheado de construções abandonadas e vegetação tomando conta (um cenário bem implausível para o mascote rosa, mas que funciona bem), mas o upgrade gráfico torna tudo ainda melhor, dando uma cara quase de animação 3D digna de cinema em alta qualidade.

Infelizmente, se você quer aproveitar Kirby and the Forgotten Land aprimorado no Switch 2, não há um upgrade gratuito apenas para os visuais e ele está “bloqueado” através da atualização paga com o DLC (caso você já tenha o jogo) ou na versão completa, que vamos comentar em breve.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games

DLC Crossed World é legal, mas bem curtinho

Assim como Mario 3D World + Bowser’s Fury, Kirby and the Forgotten Land + Star-Crossed World traz um pacote de remasterização com adição de um DLC, chamado de Star-Crossed World. E, por mais que haja elementos positivos na expansão, é bom não esperar muito.

Assim como na campanha original, o nosso querido protagonista agora precisa resgatar Starries, criaturas que são fragmentos de uma estrela, para impedir que uma maldade latente de um meteoro recém-caído no continente se espalhe. É bobinho, mas é o suficiente para dar o pontapé na jornada.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games

Star-Crossed World continua a praticar o bom level design e mecânicas divertidas do jogo base, mas, infelizmente, é um tanto curto. Eu zerei a “campanha” extra (que, na verdade, são os mapas antigos reaproveitados) em cerca de 3 horas, mais alguns minutinhos extras no novo modo do Coliseu e para completar a sua coleção de “gotchas”, figurinhas colecionáveis.

Curiosamente, a parte de reaproveitar cenários foi o que menos incomodou em Kirby and the Forgotten Land + Star-Crossed World. A equipe soube realizar um trabalho muito bom em trazer novidades em níveis já conhecidos a ponto de serem quase irreconhecíveis, embora alguns elementos, incluindo o chefão final, não precisassem ser idênticos ao game principal.

É o tipo de desenvolvimento criativo e inteligente que sabe trabalhar com o material já existente e ainda agregar valor. Por mais que a dinâmica seja a mesma do jogo base, de coletar os Starries e chegar até a fase final, ainda há uma boa dose de diversão, novas transformações Mouthful muito legais e uma experiência agradável.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games

Porém, mesmo com pontos positivos, Kirby and the Forgotten Land + Star-Crossed World parece carecer de um material extra mais parrudo, como novas transformações de Kirby, mais telas inéditas ou ao menos chefões que sejam novos (e não os remixados da campanha base).

O que acaba pesando negativamente no pacote Kirby and the Forgotten Land + Star-Crossed World não é o seu conteúdo, que continua muito bom e tem adições no DLC, mas sim em como esse pacote é ofertado, especialmente para nós brasileiros.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games

Sem legendas em PT-BR e muito (MUITO) caro

Se você nunca jogou Kirby and the Forgotten Land e se interessa pelo conteúdo extra de Star-Crossed World, há um pacote interessante, mas talvez não pelo preço ofertado. Eu não gosto de atrelar qualidade de um jogo em análises a seu valor, mas é algo que precisa ser discutido.

Kirby and the Forgotten Land + Star-Crossed World é vendido em um pacote de US$ 80, o maior preço da indústria nesse momento. Entretanto, estamos falando de uma campanha de 15 horas totais (jogo + DLC) com um endgame relativamente curto, sem legendas em português e por R$ 500 no Brasil.

Imagem: Nintendo

Em comparação com o já citado Mario 3D World, que traz mais conteúdo, campanha mais bem construída e um DLC maior, há uma diferença brusca de preço: na época, a remasterização de Mario saiu por US$ 60, o preço padrão até então – na realidade, abaixo dos US$ 70 que começava a ser praticado.

O combo de Kirby and the Forgotten Land + Star-Crossed World é bem interessante, o jogo é bem divertido (não é imperdível, mas ainda é muito bacana) e o DLC consegue extrair ainda mais do material base, mas tudo isso por R$ 500 me parece muito fora da realidade, ainda mais para nós brasileiros, que sequer teremos tradução.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games

Caso fosse um upgrade gratuito e um DLC barato (ou um pacote mais em conta), seria fácil recomendar Kirby and the Forgotten Land + Star-Crossed World: é um título que pode ser aproveitado por um público de diversas idades, é gostoso de jogar e há algo proveitoso, mas talvez não por esse preço.

Kirby and the Forgotten Land + Crossed World vale a pena?

Kirby and the Forgotten Land + Star-Crossed World é um jogo com DNA da Nintendo: muita criatividade, fofura, fases divertidas, coop simples para dividir a experiência e muito mais. O DLC aproveita a base sólida da experiência principal e expande os mesmos conceitos com mais e melhor, mesmo que com bastante repeteco.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games

É o tipo de jogo fácil de recomendar, mesmo que não seja imperdível ou essencial na coleção, mas que se torna complicado com o preço padrão vs o valor agregado. Com uma boa promoção, Kirby and the Forgotten Land + Star-Crossed World – ou, quem sabe, para quem já tenha o game base no Switch.

Kirby and the Forgotten Land + Star-Crossed World foi gentilmente fornecido pela Nintendo para a realização desta análise.