
Review: FBC Firebreak até tem valor, mas falta conteúdo e tempero
FBC Firebreak é o primeiro projeto multiplayer da Remedy e, por mais que haja muitos erros, ainda traz valor; veja nosso review
Imagem: Remedy
Remedy vem em uma onda de acertos e é uma das empresas mais autorais do mercado atualmente, entregando obras-primas como Alan Wake 2. Mas e FBC Firebreak? Afinal, uma empresa famosa por suas experiências narrativas fora da caixa consegue entregar uma boa experiência multiplayer?
A resposta é um pouco complicada. Embora FBC Firebreak consiga entregar uma dose de diversão e ideias interessantes, o pacote é um tanto raso, curto e atualmente está sofrendo com seu endgame e falta de jogadores.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Ficou curioso? Venha conferir a nossa análise completa abaixo!
Uma abordagem diferente no “gênero” Left 4 Dead
Se você já jogou Left 4 Dead, deve conhecer a onda de jogos inspirados nesse subgênero, como Killing Floor, Back 4 Blood e muitos outros. FBC Firebreak segue nessa linha, com mapas recheados de missões progressivas que requerem coordenação entre os jogadores e matança de ondas de inimigos.
A grande sacada é o DNA Remedy na fórmula, com inimigos conhecidos da Casa Antiga e deformados pelo Ruído, entidade interdimensional que criou uma quarentena que, agora, duram anos na sede do Departamento de Controle.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
E, honestamente? É legal. Não sei se por ser um fã ferrenho de Control e adorar esse universo, mas realmente gostei dos inimigos e objetivos malucos que precisamos cumprir na Casa Antiga: há sempre uma mistura entre enfrentar o Ruído e desbravar cenários e anomalias de Objetos de Poder.
Sem dúvidas, há um toque da Remedy aqui e isso tempera a campanha. As anomalias de gelo que precisam de equipamentos de fogo, o cenário de espuma rosa que toma conta dos escritórios, o mapa que é necessário destruir post-its: todos têm uma boa dose de diversão.
FBC Firebreak sabe usar ao seu favor esses pontos criativos e o universo rico de Control, quebrando a expectativa de objetivos genéricos. Não é só sobre avançar mais e enfrentar hordas, é sobre resolver problemas completamente malucos que exigem um esforço conjunto, já que a lógica convencional parece não servir muito e requer soluções fora da caixa.
A forma de recuperar vida é tomando água (ou um banho), a mecânica para consertar mecanismos e religar a energia envolve apertar uma sequência de botões que gera tensão, as anomalias ocasionais podem apimentar os cenários e há diversos elementos, como fogo, água, gelo e eletricidade que servem tanto ao favor dos agentes quanto contra.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Entretanto, mecanicamente FBC Firebreak entra bem fácil em território familiar (talvez familiar até demais). Os sistemas de armas, granadas e até ferramentas especiais são particularmente rasos e genéricos. Não que haja muito problema nisso, mas por ser uma empresa criativa e com ideias ousadas, esperava mais.
Por mais que os objetivos sejam interessantes, atirar sem parar não é tão prazeroso, principalmente por conta de que a sensação de usar as armas não é tão afiada. É divertido no começo, mas fica batido rapidamente, especialmente com a variedade extremamente limitada de inimigos – cerca de 6 ou 7 adversários apenas.
O título multiplayer da Remedy me parece um pouco misto entre algo interessante e uma experiência esquecível. A realidade é que, nesse momento, o game parece um pouco cru, como se as ideias estivessem rumando para a direção correta, mas o jogo foi lançado antes da massa fermentar e ganhar corpo.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Você verá que o loop de gameplay de FBC Firebreak é batido, a campanha é curta e as recompensas não se provaram tão prazerosas para nos prender na experiência por muito tempo.
Campanha extremamente curta e endgame superficial
Pode parecer que é brincadeira ou que fizemos errado, mas FBC Firebreak tem uma campanha com cerca de 2 horas. Se você realmente procurar por todos os cantos e talvez jogar sozinho, esse tempo aumenta para 3 ou 4 horas no máximo. Além disso, não senti que a trama do universo conectado de Alan Wake e Control avançaram de qualquer forma.
A realidade é que fui jogando as missões e estranhei que comecei a repetir o último capítulo – até entender que não havia mais. A trama não é desenvolvida (apenas vemos uma cutscene no começo explicando que a quarentena está em andamento ainda no Departamento de Controle) e de repente não há mais novidades.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Até mesmo Left 4 Dead, de 2008, tinha uma espécie de “encerramento” para cada um dos cenários, mas FBC Firebreak não. Eu realmente não sei se a ideia é atualizar o jogo constantemente e dar algum tipo de fechamento ou trazer novidades com o tempo, mas a realidade é que pareceu que eu praticamente joguei uma demonstração.
O grande motivador para continuar a jogar FBC Firebreak seria a progressão de classes e equipamentos. A cada partida, você ganha pontos de experiência para melhorar armas, equipamentos e até mesmo habilidades passivas, garantindo que você experimente níveis de dificuldades maiores, ganhe mais recompensas e refaça o ciclo.
E o que muda? Basicamente, níveis de dificuldade maiores trazem alguns desafios e dinâmicas novas, como Objetos de Poder que criam situações aleatórias, como um pé de cabra que quebra equipamentos, uma lanterna que desliga as luzes do cenário ou um extintor que faz com que corpos dos inimigos explodam.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Sendo sincero, novamente são ideias interessantes e trazem uma dinâmica legal, mas como o FBC Firebreak é tão curto e simples, elas não adicionam tanto a ponto de criar um apego ao loop que valha a pena. Além disso, o “farm” acaba se tornando supérfluo, apenas para cosméticos.
Como a variedade de inimigos é pequena, as missões são curtas e há pouco conteúdo, repetir o ciclo de FBC Firebreak cansa rápido, mesmo com alguns modificadores para apimentar cada partida.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Melhor em multiplayer do que solo
Apesar de FBC Firebreak ser um projeto voltado para o multiplayer e trabalho em equipe, você pode, se quiser (ou enfrentar problemas, que vamos comentar a seguir), jogar tudo inteiramente sozinho. Isso por si só é um aspecto positivo, já que mantém o jogo funcionando mesmo sem amigos ou matchmaking.
Entretanto, parece que toda a estrutura de game design foi pensada para funcionar de forma colaborativa: um jogador lida com hordas, outro conserta equipamentos e outro vai atrás do objetivo. As próprias missões parecem necessitar de trabalho conjunto para funcionarem bem, com múltiplos equipamentos que necessitam de transporte ou etapas adicionais.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
É possível jogar FBC Firebreak sozinho? Com certeza! É divertido? Não muito. Parte do meu prazer em jogar a campanha foi nas interações malucas e as missões cooperativas com outros jogadores, algo que não parece muito balanceado para a jogatina solo. É bom para farmar alguns elementos e fazer algumas conquistas? Sim, mas não espere muito.
E é aí que reside um dos maiores problemas de FBC Firebreak no momento: o matchmaking, mesmo com crossplay, tem dificuldades de formar um grupo de 3 pessoas (ou seja, apenas outros dois jogadores para minha equipe). A contagem de jogadores está muito baixa e, provavelmente, quem estava curioso já experimentou tudo que temos disponível e largou o game de lado.
Com uma campanha curta e sem muito conteúdo, não consigo imaginar para onde FBC Firebreak pode rumar no curto e médio prazo.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Onde está o refinamento visual da Remedy?
FBC Firebreak rode muito bem no PC: com tudo no Ultra, 1440p, Path Tracing ativo, DLSS Qualidade e sem geração de frames, eu tive um desempenho bem acima dos 100 fps em uma GeForce RTX 5080 e um i7-13700K. Considerando que a maioria dos jogadores não deve ligar o path tracing e possivelmente jogar em resoluções menores, o game escala muito bem para placas mais modestas.
Entretanto, tecnologia não é sinônimo de qualidade. Control tem uma direção de arte soberba, Alan Wake 2 traz uma das melhores apresentações visuais da geração, mas FBC Firebreak parece um pouco… genérico? Mesmo compartilhando os elementos gráficos da engine da Remedy e cenários de Control, eu achei tudo um tanto sem graça.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Há pouca interação entre objetos e o mapa, não há nada que se destaque muito visualmente e nenhum elemento que brilhe os olhos, o que é uma pena, já que a Remedy sempre se destacou em sua apresentação visual.
Novamente, há pontos que salvam, como mencionado: os inimigos, os chefões e alguns elementos da Casa Antiga mantém a essência criativa viva, mas não há conteúdo ou quantidade suficiente em destaque.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
FBC Firebreak vale a pena?
A Remedy entrar no segmento de multiplayer era algo que me deixava curioso. Até agora, não consigo pensar em qualquer coisa que a empresa tenha feito e que não tenha uma qualidade muito acima da média. Porém, acho que o momento de contraste e deslizes chegou.
FBC Firebreak não é ruim, longe disso. A campanha traz momentos bons, mas sofre de uma duração muito curta e um loop de gameplay que não recompensa o endgame. Além disso, muitos elementos são ordinários em diversos aspectos. E, para mim, ver conteúdo e mecânicas genéricas partindo da Remedy é triste, já que se trata de uma das desenvolvedoras amais autorais da atualidade.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
A ideia e a proposta de FBC Firebreak são interessantes, mas multiplayer e campanha são elementos como água e óleo: não se misturam. Para fazer funcionar, jogos desse tipo precisam de um emulsificante para unir e combinar tudo com esmero, algo que não acontece direito aqui.
Talvez FBC Firebreak se torne mais apetitoso com o tempo e ganhe novidades interessantes, mas em um mercado que disputa a atenção do jogador a cada minuto, talvez o game não tenha o tempo para se recuperar e mostrar suas cartas na manga.
FBC Firebreak foi gentilmente cedido pela Remedy para a realização desta análise.

FBC Firebreak
Publisher: Remedy
Desenvolvedora: Remedy
Plataformas: PC, PS5 e Xbox Series X|S
Lançamento: 17/06/2025
Tempo de review: 6 horas
FBC Firebreak até vem municiado de boas ideias, mas não traz uma campanha empolgante (que é curta) e sofre com baixa base de jogadores.
Prós
- Algumas ideias e mecânicas funcionam bem
- Traz diversão quando jogado em grupo
- Bem otimizado no PC
Contras
- Campanha extremamente curta
- Modo solo não funciona muito bem
- Diversos sistemas e mecânicas são genéricos
- Endgame não fisga a continuar jogando
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