Review: Castlevania Dominus Collection é um exemplo de coletânea
Castlevania Dominus Collection traz o combo completo: jogos bons, ports excelentes e material extra de sobra! Veja nossa análise
elançamento de jogos já é algo comum há um tempo, mas repare: toda nova coletânea ou remasterização tende a dividir a comunidade com mudanças. Castlevania Dominus Collection não. Mas por quê? Apesar de ser uma matemática relativamente simples, seja por falta de recursos (ou seria modelo de caça-níqueis?), problemas para portar games antigos ou a perda do material original, algo sempre se perde na tradução.
A Konami já vinha fazendo um trabalho exemplar no passado com as coletâneas de Castlevania e Contra (e até alguns arcades), mas faltava aquele elemento X para coroar um relançamento impecável. Pelo jeito as estrelas e os astros se alinharam dessa vez, porque Castlevania Dominus Collection é tudo o que um fã poderia pedir.
Por uma série de motivos que você vai acompanhar durante essa análise, Castlevania Dominus Collection supre o desejo dos fãs de quatro maneiras: preço relativamente acessível, pacote de jogos clássicos e imperdíveis, excelente port que não peca (e até aprimora) em nada aos games de DS e, por fim, o combo completo de preservação de material original.
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Para fãs, Castlevania Dominus Collection traz a nata
Se você está por fora, a Konami vem desde 2018 relançando praticamente todos os jogos da franquia Castlevania de alguma maneira, desde a coletânea Requiem à Anniversary – e até alguns “spin-offs” perdidos no pacote Arcade Classics. Mas foi em 2021 que a base de fãs começou a ter esperanças após o lançamento de Advance Collection, que trazia uma trilogia extremamente aguardada e perdida no tempo.
Se Advance Collection poderia existir, tirando a exclusividade de títulos do Game Boy Advance e os relançando em plataformas modernas, havia espaço para fé em uma trilogia de Nintendo DS. É aí que Castlevania Dominus Collection entra em cena, com games tão fantásticos que podem ser recomendados para qualquer um interessado.
Após a chegada de Castlevania Symphony of the Night em 1997, que acabou cunhando o termo “metroidvania” na indústria por parte de fãs e imprensa, a Konami seguiu algumas vertentes na série, incluindo a do próprio gênero metroidvania nos títulos de Game Boy Advance. Eles são ótimos (e alguns diriam que Aria of Sorrow é um dos melhores do estilo e talvez de toda a série), mas ainda estavam limitados por sua plataforma.
Por conta disso, a trilogia de Nintendo DS é um dos Santo Graal para os fãs: com a combinação de gráficos melhores, escopos maiores, um tempo maior de maturação e experiência, tivemos alguns dos melhores games de toda a franquia – e é justamente isso que Castlevania Dominus Collection finalmente traz para plataformas modernas.
No pacote tempos Castlevania Dawn of Sorrow, Castlevania Portrait of Ruin e Castlevania Order of Ecclesia, todos metroidvania, todos com seu próprio tempero e, principalmente, todos como alguns dos melhores metroidvanias já feitos – mesmo em 2024. Esse é o ápice que o gênero já chegou e o pináculo que a franquia teve antes de cair em uma espiral de esquecimento.
Particularmente, creio que a ordem de qualidade também é a cronológica, com Dawn of Sorrow sendo o “menos legal” (se é que é possível) e Order of Ecclesia se tornando o mais bem-cotado. Na realidade, todos são tão bons que em ordem de grandeza há meras nuances entre eles e está mais para um empate técnico – e varia de pessoa para pessoa o quanto ambientação e algumas mecânicas são mais envolventes.
Se você não conhece nada de Castlevania e não sabe por onde começar, fique tranquilo: Castlevania Dominus Collection traz alguns dos melhores games da série e você pode jogar qualquer um sem se preocupar tanto com a história – você sempre pode procurar depois as conexões
Caso você seja fã de metroidvania, há jogos para todos os gostos aqui: Dawn of Sorrow tem um sistema de poderes que usam ataques de inimigos e uma ambientação moderna, já Portrait of Ruin traz uma mecânica de parceiros, puzzles mais elaborados e uma ambientação que usa quadros de diversas eras para diversificar o ambiente, enquanto Order of Ecclesia oferece uma temática gótica clássica e um combate refinadíssimo.
E, não bastasse ter alguns dos melhores títulos de toda a série, Castlevania Dominus Collection também oferece um combo de Haunted Castle, a versão arcade do primeiro game da franquia (e conhecido por ser tão difícil a ponto de parecer um desejo masoquista dos apreciadores), e um remaster aprimorado desse mesmo título. Mas mais sobre isso em breve.
Ports simplesmente exemplares (e, talvez, até melhores que os originais)
Para ser justo, todos os relançamentos de Castlevania até agora há pouco do que se reclamar. Nas diversas coletâneas por aí, a Konami sempre respeitou o material original, trouxe games exclusivos do Japão para o Ocidente e não fez modificações ou até grandes correções que tirassem a nostalgia dos jogos antigos.
Entretanto, Castlevania Dominus Collection tinha uma camada extra para enfrentar: por serem jogos de DS, e os anos 2000 serem icônicos por utilizarem perfumarias específicas em consoles e portáteis, todos os três títulos têm algumas funcionalidades touchscreen (afinal, eram de Nintendo DS).
Como alguns dos autores literários mais icônicos da história já disseram, “toda tradução é uma traição”, já que muitas nuances de uma língua podem ser perdidas entre idiomas. Porém, sem espaço para cafonices aqui: há limites para levar tudo para plataformas modernas. E, honestamente? Os controles touchscreen nunca foram tão bons para começo de conversa e a maioria sempre os achou chatos e desnecessários.
Por conta disso, a Konami encontrou algumas maneiras bem legais de contornar essa transição em Castlevania Dominus Collection. Nos controles convencionais, o analógico direito é utilizado como cursor (e o R3 pode até mudar a velocidade de movimento dele), enquanto no PS5 o touchpad também pode ser utilizado para mais precisão – no Switch e PCs portáteis com touchscreen, como ROG Ally e Steam Deck, você ainda pode usar as telas capacitivas.
O quão fidedigna será sua experiência em Castlevania Dominus Collection depende da sua plataforma de escolha. Mas sinceramente, todas as opções funcionam incrivelmente bem e até bem melhor do que no estilo original do DS, que mais atrapalhava do que imergia.
Por fim, você também pode escolher a organização dos displays, que exibem as duas “telas” do DS, da maneira que achar melhor. Eu só gostaria de ter um atalho que me permitisse deixar a tela primária maximizada e alterar facilmente entre os tipos de display, mas não chega a ser ruim.
Além de tudo isso, a nova coletânea traz alguns elementos que as demais não tinham. Ame ou odeie, eles são opcionais, então utilizá-los é uma maravilha para quem gosta e não incomoda quem não curte. Entre eles, há a opção de save e load state (salvar e carregar a qualquer hora) e o rewind, que permite voltar no tempo e desfazer erros.
Para ser sincero, eu não sou o maior fã desse uso (mas é totalmente pessoal) porque esses games já são mais modernos, têm pontos de save com frequência e é sempre legal aprender com os erros. Mas, por outro lado, já joguei todos eles e é uma mão na roda voltar no tempo e desfazer alguma burrice. Ponto positivo para Castlevania Dominus Collection!
Essa coletânea traz tudo. Tudo (até bônus)
Uma coletânea entregar os jogos prometidos não nenhum mérito e o combo, como já citado, está entre os melhores que os fãs poderiam pedir – e ainda é excelente para novatos que não conhecem a série. Entretanto, onde Castlevania Dominus Collection surpreende são nos pequenos detalhes.
Para quem gosta do assunto de preservação, vai ter um deleite grande com essa coletânea. Em vez de trazer uma “versão definitiva”, os jogos são os mesmos, mas são separados por regiões. Como assim? Basicamente, se você quiser jogar em japonês, não tem uma opção de idioma em japonês, mas a própria edição japonesa.
Apesar de o Nintendo DS não ser tão arcaico, ainda estamos falando de uma geração anterior aos patches de correção, mudanças e refinamentos. Castlevania Dawn of Sorrow, por exemplo, lançou em agosto de 2005 no Japão, mas somente em outubro no Ocidente.
Se houver qualquer mudança de uma versão para a outra, você tem isso preservado e pode escolher a edição que achar melhor. Isso se aplica a qualquer mudança cultural, alteração de sprites e muito mais que alguns títulos possam ter. São possíveis pequenos detalhes, mas em termos de preservação, é sempre muito bem-vindo ter essas opções.
Além disso, Castlevania Dominus Collection oferece alguns bônus bem interessantes no seu catálogo, como o player de música e a galeria de arte. Sim, há um “artbook digital” dentro de cada título, com ilustrações oficiais (com as incríveis artes de Ayami Kojima e outros artistas), mas também os manuais de todas as línguas oficiais, mais uma vez trazendo um trabalho excelente para preservação de software e, nesse caso, até do material impresso.
Outro elemento interessante é que, a qualquer momento, você pode acessar compêndio de todos os itens e inimigos, consultando os atributos de cada armadura, arma, drops de criaturas e muito mais, facilitando o acesso às informações sobre os títulos sem a necessidade de um guia.
Por fim, mas não menos importante, Castlevania Dominus Collection traz Haunted Castle como um extra. Para quem não sabe, Haunted Castle é uma espécie de “port” do primeiro jogo da série para os arcades, mas com diversas mudanças, especialmente gráficas, em level design e principalmente na dificuldade. Até hoje, é considerado por muitos o game mais difícil de toda a série (e talvez na lista dos mais desafiadores de todos os tempos).
E, não bastasse isso, há também uma versão remasterizada, chamada de Haunted Castle Revisited e inédita da coletânea Dominus Collection. Aqui, os gráficos foram completamente refeitos, estão em perspectiva 16:9, a dificuldade foi balanceada, as armas secundárias refeitas e aprimoradas, melhorias no chicote e muito, muito mais.
Esse remake foi criado pela M2, empresa icônica por seu trabalho em jogos antigos (e que também fez Castlevania The Adventure Rebirth para o Wii), e o trabalho é impecável. Portanto, você pode usufruir da versão (praticamente sadomasoquista) original ou ter algo mais palatável do remake dentro da coletânea Castlevania Dominus Collection.
Portanto, no fim das contas temos 5 títulos por aqui e todos têm um valor agregado muito grande para a história da franquia, uma qualidade incrível e bastante material para aproveitar.
E o preço? Castlevania Dominus Collection vale a pena?
Particularmente, não gosto de atrelar o preço de um jogo a sua qualidade: afinal, a qualidade é a qualidade – e o preço sempre pode cair, ter promoções, etc. Porém, se isso é algo que pega bastante para você (e é compreensível), eu honestamente acho que Castlevania Dominus Collection tem um valor muito bom por R$ 133,90.
Afinal, são 3 games principais de qualidade extremamente boa (com média de 10 horas para zerar cada um e 25 horas para fazer 100%), dois jogos bônus bem interessantes de conhecer e muito material extra. Em termos de preservação de software, você tem o pacote completo.
Há muitas opções de personalização, mecânicas refeitas para controles tradicionais que traduzem bem a experiência (e talvez até melhorem), sistemas de “emulação” que ajudam bastante, como save state e rewind, e muito mais.
Se eu pudesse dizer, em termos de coletânea, não há praticamente nada a reclamar ou que está faltando em um relançamento desse tipo: não houve bugs novos (como vimos em Metal Gear Solid Master Collection Vol. 1), problemas no port, omissão de conteúdo ou qualquer coisa do tipo, trazendo todos os extras possíveis.
Castlevania Dominus Collection é um deleite para os fãs e um pacote incrivelmente interessante para novatos na franquia.
Castlevania Dominis Collection foi gentilmente cedido pela Konami para a realização dessa análise.
Castlevania Dominus Collection
Publisher: Konami
Desenvolvedora: M2
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series X|S e Nintendo Switch
Lançamento: 27/09/2024
Tempo de review: 10 horas
Castlevania Dominus Collection é exemplar para qualquer coletânea no futuro e acerta em todos os pontos que um fã espera de um relançamento
Prós
- Um combo de 3 metroidvania incríveis
- Diversos materiais extras para os fãs
- Excelente adaptação de controles
- Funções de save state e rewind estão presentes
- Impecável para preservação de versões diferentes
- E ainda tem 2 jogos extras para aproveitar
Contras
- Falta um modo de tela primária cheia nos jogos de DS
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