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Preview: Clair Obscur Expedition 33 pode estar em nível de GOTY
Nós jogamos mais de 4 horas de Clair Obscur Expedition 33 e temos as primeiras impressões: esse é um RPG para colocar no radar
Imagem: Sandfall Interactive
nunciado no ano passado, Clair Obscur Expedition 33 foi um daqueles jogos que realmente pega de surpresa: com uma estética bem diferente e artística, combate vistoso, gráficos lindos e um sistema de RPG interessante, é o tipo de game que exala material autoral.
Mas, uma coisa é o trailer e a outra coisa é jogar para valer. Interesse não faltava e a curiosidade estava alta. Por isso comecei a jogar o preview que o Flow Games recebeu com bastante entusiasmo, mas também pé atrás: afinal, vimos levas de jogos recentes parecendo bem ambiciosos, mas que caíram por terra na hora do “vamos ver”.
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Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Felizmente, ao menos por ora, Clair Obscur Expedition 33 aparenta ser exatamente o que eu esperava e mais: uma história intrigante, visuais e direção de arte com muita qualidade, atuação de altíssimo calibre e, principalmente, gameplay que pode virar benchmark para RPGs de turno. Venha ver nosso preview do jogo, que contempla quase 4 horas de gameplay!
História muito cativante
Só para situar melhor você, caro leitor, a build que jogamos de Clair Obscur Expedition 33 não representa o começo da aventura, mas se situa um pouco depois do prólogo e já com a trama em andamento. Ainda assim, sabemos a premissa pelos trailers e materiais de divulgação.
Na história, acompanhamos os eventos sob a perspectiva da Expedição 33, um grupo de pessoas (aparentemente treinadas e com muito preparo) que parte para explorar o Antigo Continente e derrotar a Artífice. E o que é isso? É aí que entra a construção narrativa excepcional.
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Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Basicamente, o mundo de Clair Obscur Expedition 33 tem um continente antigo que é o lar da Artífice, uma pintora que todos os anos pinta um número na pedra: esse número representa a idade de todos os humanos que vão morrer. Para impedir a tragédia anunciada, uma expedição parte para tentar impedir que o evento recorrente ocorra.
Toda essa premissa garante um ar de Hell’s Paradise (Jigokuraku) ou até mesmo outras obras muito boas, com um continente hostil, quase alienígena, recheado de perigos bizarros e um sentimento ao mesmo tempo extremamente desconfortável e belo – outra obra que me passa essa sensação é o filme Aniquilação.
Em 4 horas de gameplay é difícil de julgar como a trama vai evoluir e se desenvolver, mas eu realmente gostei de toda cutscene e interação entre os personagens que vi. Trata-se de um roteiro maduro, sombrio, mas que sabe dosar seus momentos de alívio e tensão perfeitamente.
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Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Certamente, o time de ases na dublagem americana ajuda a elevar bastante essas percepções: Charlie Cox (de Demolidor), Jennifer English (Shadowheart Baldur’s Gate 3), Kirsty Rider (Sandman), Andy Serkis (Gollum, de O Senhor dos Anéis), Ben Starr (Clive de Final Fantasy 16) e muito mais.
Eu amei as interações entre os personagens de Clair Obscur Expedition 33, seja em conflitos, em diálogos de suporte, em discussões acirradas sobre o que fazer no desespero e o que fazer sobre o futuro. O jogo é brutal, mas o caos sanguinolento encontra momentos humanos muito bons, mal posso esperar para ver mais sobre esse universo tão autoral.
Essa talvez seja a palavra que defina muito bem Clair Obscur Expedition 33: autoral. O game não tem medo de explorar ideias ousadas, conceitos diferentes, entregar um roteiro muito maduro e bem-desenvolvido (ao menos por ora) e, principalmente, não deixar o gameplay de lado.
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Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Redefinindo os RPGs de turno (mas… tomara que algumas coisas mudem)
Por mais que eu ame um RPG de turno, é inegável que, por mais que eu não ache o sistema datado, muita gente acha. E dá para culpar? Em décadas, até vimos algumas execuções fantásticas, algumas ideias boas, mas o gênero nunca evoluiu tanto – salvo algumas exceções, como Persona, Metaphor, Like a Dragon e outros. E só para deixar claro, estamos falando do estilo JRPG convencional, não de títulos como Baldur’s Gate 3.
Clair Obscur Expedition 33 adota uma alternativa muito, mas muito interessante e divertida nesse sistema tão engessado. Se eu tivesse que tentar resumir como ele é, seria um misto entre um JRPG tradicional e Sekiro. Antes de chegar em conclusões precipitadas, vem comigo.
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Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Em sistemas, ele é bem similar ao que você está acostumado: 3 personagens em tela, turnos e habilidades para realizar. É um sistema bem protocolar em um primeiro olhar, com pontos de skills que aumentam a cada turno e podem ser utilizados.
Entretanto, em Clair Obscur Expedition 33 há um emaranhado de mecânicas que retroalimentam, como habilidades que garantem mais pontos no uso do combate, magias que geram orbes que podem ser convertidos em “magias grátis” ou buffs para outros feitiços, posturas que garantem combos se utilizadas em uma sequência específica e mais. É um pouco confuso no começo, mas é legal.
Entretanto, o que me chamou atenção mesmo em Clair Obscur Expedition 33 é como o sistema de turnos é dinâmico e exige atenção do jogador. Não é basicamente “aperte X para progredir”, você precisa estar atento aos ataques dos adversários, porque eles podem ser aparados, desviados e ter outras ações que demandam o input do jogador.
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Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Todo ataque normal pode ser aparado, mas há golpes especiais que requerem uma esquiva ou até que os personagens saltem (e você pode realizar um contra-ataque aéreo). É muito, mas muito divertido analisar o padrão de ataque dos adversários e reagir para tentar mitigar o dano – assim como realizar comandos para magias, usar armas de longo alcance e muito mais. Você precisa estar atento para jogar e isso é ótimo.
Ainda é cedo para opinar de forma justa sobre o nível de dificuldade, mas notei que, conforme progredi, o jogo não só ficou mais fácil por eu decorar padrões de ataque, mas também porque subi de nível bem rápido. Até chefões opcionais bem difíceis e que não eram para ser enfrentados no momento que os achei acabaram sendo fáceis com as mecânicas de aparo.
Novamente, ainda estamos falando de um recorte breve de um momento relativamente cedo da campanha de Clair Obscur Expedition 33. Mas, se tem algo que eu certamente quero ver acontecendo, é ver inimigos mais imprevisíveis e com uma variedade maior em seus ataques. Caso contrário, é muito fácil sacar o “timing” de todos eles, é algo que pode se tornar fácil e rapidamente batido. Meu maior desejo é que essa mecânica tão legal não seja um floreio, mas sim um pilar.
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Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Outro breve ponto que quero tocar aqui sobre Clair Obscur Expedition 33 é a exploração. Novamente, é o protocolar bem-feito: há diversos caminhos ramificados com recompensas, há chefes secundários que podem passar batidos e coisas do tipo.
Eu só senti falta de um mapa. Nem todo jogo requer um mapa, isso é mais do que claro pra mim, mas achei a navegação um pouco confusa: por vezes, fui até cantos do cenário que julguei ser secundário, mas fui atingido por uma cutscene da história principal. É um pouco de pelo em ovo, mas vale a menção.
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Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Direção de arte e trilha sonora soberbas
Onde quer que coloquemos nossa atenção em Clair Obscur Expedition 33, ele exala um trabalho autoral. E, por ser a mais fácil e óbvia, sua direção de arte se destaca bastante nesse parâmetro. Olhar para qualquer canto da tela durante a campanha é esperar algo soberbo.
Embora a execução técnica ainda careça de certo refinamento, como a granulação de filme a apresentação darem um aspecto borrado à imagem, as animações in-game não serem tão polidas e existir pop-ins, creio que a apresentação visual é tão boa que atropela qualquer aresta para ser aparada (e, novamente, é uma build mais antiga e não a final, as coisas podem melhorar).
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Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Os cenários de Clair Obscur Expedition 33 sempre trouxeram surpresas atrás de surpresas, variedade e ideias bem criativas. O mapa-mundi para se locomover é lindíssimo, inspirado na Art Déco da era Belle Époque da França (na verdade, boa parte do jogo também), os efeitos gráficos são muito vistosos e por aí vai.
E, só para não ficar de escanteio (mesmo que quase seja uma nota de rodapé), eu amei, mas amei muito, a trilha sonora de Clair Obscur Expedition 33. Toda melodia, toda faixa, todo trecho musical são fantásticos, casando muito bem com a estética e o clima.
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Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Clair Obscur Expedition 33 é muito promissor
Quero manter as expectativas em xeque: como disse na abertura desse texto, muitos jogos prometiam bastante e acabaram não entregando no passado recente. Sim, Clair Obscur Expedition 33 é muito promissor, me empolgou em absolutamente tudo que me apresentou, mas quero ver isso no escopo maior, na duração da jornada.
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Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Sim, há arestas para aparar que podem ser corrigidas, mas algumas das minhas preocupações no momento podem não ser atendidas. É difícil dizer com apenas 4 horas de gameplay. Mas é inegável que tudo está nos trilhos para dar certo e terminei o preview não com um “gostinho de quero mais”, mas com uma fome incontrolável para apreciar o prato principal.
Clair Obscur Expedition 33 chega ao PC, PS5 e Xbox Series (e Day One no Game Pass) no dia 24 de abril de 2025 e com um detalhe: ele é mais barato que um game AAA e chega por R$ 180 (com exceção do PS5, que tem o preço de R$ 249).
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