One Piece Odyssey apela para nostalgia que se limita apenas aos fãs
O novo RPG da Bandai Namco, One Piece Odyssey traz uma nova história dos Chapéus de Palha, mas peca nos desafios e na conquista de novos marujos
m dos primeiros grandes lançamentos de janeiro, One Piece Odyssey abriu os trabalhos da Bandai Namco em 2023 criando a expectativa de vermos um novo RPG com os toques magistrais de Eiichiro Oda, autor da obra original.
O jogo até consegue trazer uma história inédita para a série, mas não consegue vencer aquela sensação de que estamos diante de um filler jogável, que apela para a nostalgia dos fãs.
A odisseia dos Chapéus de Palha
Vamos começar do começo: One Piece Odyssey tem como base as mecânicas de um RPG em turnos tradicional – no mesmo estilo do clássico Dragon Quest.
Isso pode parecer estranho de início, ainda mais quando pensamos que One Piece é repleto de ação a todo momento, mas a verdade é que essa nova proposta feita pela Bandai acabou dando certo.
One Piece Odyssey traz a sensação de uma verdadeira odisseia, usando a arte única de Oda para elaborar criaturas exóticas, ambientações exageradas e, claro, as mesmas batalhas caóticas que vemos no mangá e no anime.
Apesar de a arte e o sistema de RPG funcionarem na jogatina, Odyssey não traz aquela dificuldade que esperamos de um game mais estratégico. Isso acaba limitando o título em apenas uma forma dos fãs explorarem o mundo de One Piece em uma nova história.
Conhecendo a jornada
Por falar em história, a trama do novo game começa com o naufrágio de Luffy e sua tripulação, que, de repente, se veem misteriosa ilha de Waford. O grupo acaba conhecendo a dupla Lim e Adio, que tem um histórico negativo em relação aos piratas.
Durante esse primeiro encontro com os novos personagens, eles roubam os poderes dos Chapéus de Palha e espalham seus fragmentos por todo o local.
O enredo nos coloca em duas diferentes posições durante a campanha. Na primeira, o grupo acaba ajudando Adio e Lim a derrotar os colossos elementais responsáveis pela tempestade gigante que envolve a Waford.
Enquanto isso, na segunda, voltamos a alguns momentos icônicos da franquia One Piece em Memória, um mundo criado por meio da habilidade especial de Lim. Por conta disso, Luffy e seus amigos acabam revisitando os arcos de Alabasta, Water 7, Dressrosa e Marineford.
Ao longo de toda essa jornada, é possível se deparar com diversos clichês do gênero e ver claramente a busca por um apelo emocional em algumas cenas. Isso se intensifica quando os novos personagens Adio e Lim acaba revelando seus segredos durante a campanha.
No total, One Piece Odyssey oferece quase 30 horas de gameplay em sua campanha principal – misturando tanto a história base quanto a volta às memórias da tripulação.
Uma história feita diretamente para os fãs
Ao percorrer o jogo, você não tem como não notar o quanto Odyssey é voltado especificamente para quem já é fã da franquia. O fato de o peso emocional de muitos momentos estarem atrelados a um conhecimento prévio da série, por exemplo, pode dificultar a imersão para marinheiros de primeira viagem, assim como menções a personagens diversos da saga.
Para quem já sabe de cor e salteado a jornada de Luffy e cia, no entanto, toda a parte da Memória faz um belo uso do tradicional apelo sentimento da série em diversos momentos de sua campanha. Há exemplos claros disso no arco de Marineford, em que precisamos salvar Ace ou reviver a icônica cena de Nico Robin chorando na janela de Enies Lobby.
Gameplay
O combate em One Piece Odyssey é absurdamente simples. Isso é algo que deve incomodar aqueles que buscam um pouco mais de desafio, mas serve como um facilitador para quem só veio aqui para conferir o desenrolar da história.
Como dissemos anteriormente, o jogo utiliza o tradicional combate baseado em turnos, no qual cada personagem do grupo tem sua vez de agir e possui habilidades distintas para lidar com certos inimigos e chefes.
O jogo parece querer que a gente mentalize o mantra ”poder supera velocidade, técnica supera poder e velocidade supera técnica”, mas esse sistema não tem uma ordem certa nos combates e faz com que o jogador escolha de forma livre como executar sua estratégia.
É possível alternar quem queremos usar nas lutas, além da ordem em que a party ataca ou é atacada – o que abre espaço para elaborar uma boa sequência durante o confronto.
De forma geral, a jogabilidade pareceu pender para o “muito fácil” em quase toda a campanha do jogo, raramente pedindo por uma estratégia mais apurada. Como One Piece Odyssey não permite a mudança de dificuldade durante o jogo, isso pode tornar a experiência para alguns tipo de jogadores ainda mais frustrante.
É possível avançar tranquilamente pela história, por exemplo, sem que seja preciso se preocupar em farmar para ganhar novos níveis. Há um leve aumento na dificuldade próximo do final do jogo, mas ainda assim não temos batalhas desafiadoras capazes de enriquecer a brincadeira.
Felizmente, One Piece Odyssey traz alguns belos pontos positivos, como a forma com que os personagens carregam seus itens e equipamentos – algo que deve agradar quem curte um sistema divertido de personalização. No decorrer da campanha, nos deparamos com novos acessórios de tamanhos e formas variadas que precisam ser encaixados em uma constante expansão de cada membro da tripulação.
Além disso, como o sistema de customização é bem flexível, podemos atribuir funções próprias a cada personagem e alterá-las com a mesma facilidade. Por exemplo: o jogo permite que possamos escolher Luffy como a principal fonte de dano do grupo ao vestir o herói com equipamentos de ataque.
No final das contas, mesmo com a falta de desafios, gostei da jogabilidade de Odyssey por conta da grande variedade de habilidades de cada membro dos Chapéus de Palha. Afinal, quem não quer estar na pele de Luffy usando seu Gear 4th ou Zoro e seu estilo de três espadas, hein?
Vale a exploração
Além do grande foco em combate, One Piece Odyssey tem uma boa variedade de mapas, que dão uma bela liberdade para o jogador se sentir em uma verdadeira aventura. Seja explorando ou fazendo missões secundárias, você vai conseguir encontrar sua diversão no game.
Vale destacar que o jogo permite que possamos controlar todos os membros da tripulação, na qual cada integrante tem habilidades que vão ajudar a passar por uma certa área ou resolver puzzles. Zoro, por exemplo, pode cortar pedras, ao passo que Luffy é capaz de se esticar para alcançar outras plataformas.
No entanto, vale lembrar: Odyssey é um jogo bem simples, que não vai exigir muito do seu raciocínio na maior parte do tempo. Vale a pena explorar a jogatina por conta das recompensas, do aumento no poder das habilidades e dos equipamentos, e, claro, da platina, mas nada muito além disso.
Veredito
Como fã de longa data de One Piece, senti que a história traz um grande apelo à nostalgia em diversos arcos e mostrou que pode ser bacana explorar e reviver todos esses momentos, mas esse aspecto “estou só dando uma olhadinha” acaba sendo um pouco frustrante para aqueles que buscam grandes desafios. O jogo poderia ter trazido algum tipo de ajuste de dificuldade e aumentado a tensão em algumas batalhas importantes, mas deixou a desejar nesse quesito.
Em termos de história, One Piece Odyssey oferece aquilo que todo fã mais adora na série: sentimentos à flor da pele e bastante humor. Vale destacar, porém, que os novatos podem ficar perdidos em diversos momentos por conta do uso de muitos elementos de diversos arcos do mangá e do anime de One Piece.
Sim, um jogo de RPG da série era algo que estava fazendo falta, mas, por conta do grande número de cenas de batalha e muita ação, acho que o modelo implementado na franquia Pirate Warriors ainda é o jeito certo de adaptar One Piece para os games.
Analisado no PlayStation 5. O jogo foi gentilmente cedido pela equipe da Bandai Namco no Brasil. O Flow Games agradece o envio feito para o propósito de realização deste review.
One Piece Odyssey
Publisher: Bandai Namco
Desenvolvedora: ILCA
Plataformas: PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC
Lançamento: 13/01/2023
Tempo de review: 28 horas
One Piece Odyssey apela para nostalgia que se limita mais aos fãs; o RPG traz nova história dos Chapéus de Palha e diverte, mas peca nos desafios e na conquista de novidades
Prós
- Feito para os fãs
- Usa bem o apelo emocional da franquia
- História inédita
- Boa exploração
Contras
- Falta de ajuste de dificuldade
- Jogabilidade excessivamente fácil
- Falha em trazer novos fãs de One Piece
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