Nintendo: o estrago do caso Yuzu para o cenário da emulação
A ações da Nintendo contra o Yuzu também culminaram no fim ou em mudanças de outros projetos relacionados a emulação
esde o fim de fevereiro, o caso do processo da Nintendo contra os criadores do Yuzu movimentaram a internet. Os responsáveis pelo emulador até anunciaram o fim de suas atividades, mas a verdade é que o estrago foi bem maior para o cenário da emulação.
Sem mencionar diretamente a Nintendo, diversos projetos anunciaram alterações em como são desenvolvidos. Não somente isso, por coincidência ou não, até mesmo outros desenvolvedores de emuladores resolveram encerrar as suas atividades de forma definitiva.
Assim, a equipe do Flow Games resolveu fazer este especial em que mostra quais emuladores e projetos relacionados a emulação passaram por mudanças após o caso do Yuzu ter vindo à tona. Confira!
Nintendo e o estrago do caso Yuzu para o cenário da emulação
Strato
Assim como o Yuzu, o Strato era um emulador de Nintendo Switch, mas exclusivo para celulares com o sistema Android. No Discord do projeto, Lynx, o desenvolvedor do emulador, anunciou no começo de março que ele acreditava ser o momento certo para sair do cenário da emulação.
Antes disso, entretanto, ele fez a promessa de deixar o Strato compatível com processadores 32-bit antes de parar de trabalhar com isso. O emulador, vale notar, no momento de publicação da matéria, não está na Google Play e nem oferece downloads de builds pré-compiladas em seu repositório do GitHub.
Citra
O Citra é um emulador bem famoso do Nintendo 3DS, que anunciou o fim das suas atividades recentemente. O principal motivo para isso é bem simples: o Citra foi criado por alguns dos mesmos desenvolvedores do Yuzu.
Apesar do emulador ter tido o seu desenvolvimento encerrado, por ser de código-aberto, não demorou muito para que outros desenvolvedores dessem continuidade ao projeto. Com isso, o Lime surgiu no GitHub com verões para Windows, Linux, Android e MacOS.
AetherSX2
O AetherSX2 foi considerado por bastante tempo como o melhor emulador de PlayStation 2 para Android. Apesar disso, o seu desenvolvimento acabou meio conturbado ao longo dos anos devido a discussões entre os desenvolvedores e a comunidade que o utilizava.
Com isso, o seu próprio desenvolvedor até havia afirmado que não renovaria o domínio do site assim que o mesmo expirasse. Já por coincidência do destino ou não, poucas semanas após o caso do Yuzu surgir, o emulador saiu da PlayStore e o seu site já não pode ser acessado. O NetherSX2, um tipo de script que fazia uma cópia do AertherSX2 3668, continua com seu repositório online.
Drastic DS
Com a popularização dos celulares com telas touch, muitos projetos surgiram para tentar emular o Nintendo DS, mas nem todos vingaram. O Drastic, entretanto, realizava a emulação do portátil da Nintendo com maestria, mas era pago.
Também com a decisão do caso Yuzu vindo a tona, o emulador, agora, pode ser baixado de forma gratuita na Google Play. Antes disso, vale notar, o seu desenvolvedor já havia feito promessas no passado de que um dia isso aconteceria e de que seu código-fonte seria liberado.
Pizza Boy
O Pizza Boy era um emulador popular de Game Boy e Game Boy Advance que era vendido para celulares com o sistema Android na Google Play. O emulador se destacava por alguns recursos interessantes, como o de suas skins, assim como o fato de ser atualizado constantemente.
O anúncio do fim de suas atividades foi feito de forma sucinta no Discord do projeto em que David Berra, criador do emulador, disse apenas ter escolhido priorizar a sua família ao desenvolvimento de aplicativos. Com a decisão, o emulador foi retirado da loja do sistema do Google.
JELOS
Os portáteis chineses focados em emulação ganharam bastante popularidade nos últimos anos. O JELOS, um dos sistemas para este tipo de dispositivo e até para PCs, anunciou que por conta das ações da Nintendo estaria fazendo grandes alterações.
Além de remover o suporte a plataforma AMD64, todas as imagens do sistema contendo o Yuzu ou o Citra foram apagadas. Não somente isso, o projeto também baniu discussões referentes a ROMs em seu Discord e anunciou que trabalharia com menos modelos de portáteis sendo suportados.
FBI
O FBI que você leu acima não se refere ao departamento de investigação dos Estados Unidos, mas a uma ferramenta que ficou extremamente popular para instalar jogos e aplicações no Nintendo 3DS desbloqueado.
A ferramenta, vale notar, já não passava por atualizações desde 2020, mas a data, mais uma vez, coincidiu com a história do Yuzu.
Ferramentas do Switch removidas do GitHub
Poucas semanas depois do desfecho do caso Yuzu, a Nintendo mostrou que ainda estava brigando pela segurança de seu console. Assim, a empresa pediu para que o GitHub removesse diversos repositórios de ferramentas capazes de burlar a segurança do Switch e que facilitam a pirataria.
Ao todo, pelo menos 25 repositórios foram removidos, sendo que mais detalhes podem ser conferidos nesta outra matéria do Flow Games.
Comentários
Sempre cogitei comprar jogos e consoles da Big N, por achar eles bem divertidos no geral. Entretanto, o principal empecilho é o tratamento deles com a fan base, seguido dos preços dos produtos. Não só os casos dos emuladores e pirataria, longe disso. Mas praticamente qualquer conteúdo monetizado que use alguma propriedade da Nintendo, entra na mira deles, cedo ou tarde, mesmo quando isso causa divulgação positiva do produto deles.
Por conta da forma com que ela lida com isso, totalmente retrógrada, eu prefiro 100x não jogar, ou até mesmo piratear do que pagar para uma empresa que não valoriza o bom relacionamento com a comunidade.
Esse ano cogitei a adquirir um Switch OLED, mas desanimei por conta do preço. Só que fiquei com a vontade e estava tentado juntar a grana, até que veio os casos dos emuladores e extinguiu toda a vontade que eu tinha (que já não era tanta pelo que já relatei). Não acho que eu seja o único potencial cliente que se sente incomodado com esse tratamento.
Enfim, se um dia esses executivos que não gostam de jogos saírem, e alguém que entenda o que o cliente quer entre, quem sabe eu de a eles algum valor… Até lá espero que percam valor de mercado pra sair do pedestal que eles sentem que estão
A Nintendo enxerga a pirataria com maus olhos a muito tempo, mas uma vez que ela não disponibiliza formas do público testar seus games e consoles de forma gratuita com demos jogáveis, faz a pirataria ser uma necessidade, visto o preço dos consoles e games. O caso “Cyberpunk 2077” é outro que piora a situação: quem, em sã consciência, vai gastar mais de R$300 em um game, sem saber como é, se é bom, se está jogável?
Enfim, meu ponto é: a emulação pode ter dado prejuízo à Nintendo, mas também trouxe lucro: muita gente só foi atrás de comprar um Nintendo Switch, depois que emulou no PC ou celular, e gostou de um game. É o meu caso: depois que usei o Yuzu pra rodar Ultra Street Fighter II, gostei tanto, que comprei o console e o jogo. E muitos outros jogos foram comprados depois disso, da mesma forma: baixei, testei no Yuzu, gostei, fui na loja da Nintendo, e comprei.
Piratear a nintendo deveria ser matéria obrigatória nas escolas.