
Review: Ninja Gaiden Ragebound é diversão pura!
Ninja Gaiden Ragebound mistura desafio, nostalgia e novidades na medida certa
Imagem: Koei Tecmo
s últimos dias andam mesmo agitados para a galera que, assim como eu, cresceu jogando nos anos 1980 e 90. Afinal, recentemente tivemos os remakes de Tony Hawk 3 e 4, um novo jogo do Donkey Kong, e até o Shinobi está prestes a voltar aos videogames!
Eu não sei você, mas uma das minhas franquias favoritas sempre foi Ninja Gaiden, e eu considero a existência de Ninja Gaiden Ragebound quase um milagre.
Quer dizer, poder voltar aos tempos de glória dos velhos platformers cheios de ação apelona em uma época em que os jogos estão cada vez mais fáceis em sua busca incessante para agradar a infame “audiência moderna” não parecia a coisa mais provável do mundo no meu ponto de vista.
Mas aqui estamos nós, com a desenvolvedora The Game Kitchen e a produtora Dotemu mais uma vez dando uma aula não só de nostalgia, mas também de como trazer uma série antiga aos tempos atuais sem descaracterizá-la, respeitando os fãs e trazendo boas novidades no processo. Entenda no review completo de Ninja Gaiden Ragebound a seguir.
Ninja Gaiden Ragebound é para os fortes
Ninja Gaiden é uma daquelas raras franquias que funcionavam bem na época dos jogos 2D nos anos 80, mas que posteriormente conseguiram migrar muito bem para o formato 3D mais moderno. Só que por melhores que sejam os jogos 3D (e quase todos são ótimos!), eu sempre tive uma preferência maior pelos clássicos de NES. Assim, eu estava nervoso com a possibilidade de Ninja Gaiden Ragebound me decepionar.
O nervosismo rapidamente mostrou-se desnecessário, já que uma generosa demo disponibilizada no Steam já tinha me provado, com pouco mais de uma hora de gameplay, que os elementos mais importantes da série estavam todos lá, como você pode ver no meu gameplay logo abaixo. Se a demo durava uma horinha, a campanha completa ocupa algo em torno de 5 horas para os mais versados na nobre arte de fatiar inimigos pixelados, ou um pouco mais para os complecionistas ou ninjas iniciantes.
Aliás, não precisa ter medo dessa curta duração, já que zerar Ninja Gaiden Ragebound é apenas o começo. Eu não vou dar maiores spoilers por aqui, mas o conteúdo do endgame me agradou tanto ou mais que a campanha principal. Basta dizer que depois de zerar o jogo você pode revisitar as fases em um nível de dificuldade ainda mais alto e punitivo, com cenários retrabalhados para aumentar o desafio, o que vira quase uma campanha inédita. É o fino do fino para quem se diverte com um pouquinho de masoquismo nos jogos.
Ao natural, a campanha de Ninja Gaiden Ragebound já não é um passeio no parque, mas eu gostei muito de ver que os desenvolvedores se deram ao trabalho de incluir várias formas simples de tunar a sua experiência e aproximar o jogo do ultradesafio original, não só calibrando a dificuldade, mas também equipando debuffs em um novo e bem implementado sistema de itens que você pode comprar nas lojas.
Existe um “mapa” do overworld onde, com apenas um clique, você escolhe qual ato da história vai jogar a seguir, o que é legal, já que em um certo ponto a ordem das fases é bifurcada e você prossegue como quiser, ao melhor estilo Mega Man. Mais importante, entre um nível e outro você pode trocar os colecionáveis das fases por itens que melhoram ou pioram os talentos do nosso herói. Ou seja, todo mundo que gosta de um bom desafio consegue “sofrer” exatamente na medida que quiser, o que é ótimo.
A arte do ninja
Por mais que gosto seja subjetivo, na minha opinião o time da The Game Kitchen acertou em cheio nas escolhas estéticas do game. Há um filtro que você pode ligar ou desligar quando quiser para atenuar a violência, mas acredito que o gore ficou na medida, com um bocado de sangue jorrando pela tela enquanto você fatia os seus inimigos através e lindos — e variados! — cenários.
As dezenas de fases dificilmente se repetem entre si, então você está sempre marchando por locações novas, sejam elas uma base militar, um antigo castelo, cavernas demoníacas, ou vilas pacatas. As cores e disposição dos elementos do cenário variam bastante e mostram que quem fez Ninja Gaiden Ragebound realmente estava inspirado e disposto a levar a sua fórmula até o limite da criatividade.
Aqui e ali você ainda encontra fases com veículos, como um empolgante combate à bordo de lanchas ou pendurado em um helicóptero, mas um dos momentos mais legais envolve pular para um trem-bala e saltar entre diversos veículos em movimento. É como protagonizar um filmaço de ação cheio de “mentirada”, do tipo que virou raridade hoje em dia.
Se as setpieces de ação estão todas lá no design do cenário, o mesmo vale para o gameplay, com uma boa adição de poderes e movimentos que dão uma carinha de novidade a Ninja Gaiden Ragebound. Minha adição favorita são os golpes especiais/carregados, que podem ser desferidos de duas formas: se você segurar o botão de ataque, perderá um pouco da sua barra de vida, mas em troca terá uma espadada ou projétil capaz de destroçar grandes inimigos com um só hit.
Alternativamente, de tempos em tempos aparecem inimigos cercados por uma espécie de “aura” colorida. Se você matar um deles, o seu próximo golpe será igual ao golpe carregado, só que sem custar vida. Você também não vai demorar para liberar uma aliada improvável que confere ainda mais poderes e alternativas para exploração.
Isso acaba condicionando o jogador a pensar estrategicamente o tempo inteiro, buscando formas de explorar rotas seguras, mas com golpes carregados caso surja um desafio. É intenso, é divertido, é desafiador, e é puro Ninja Gaiden.
Pequenos tropeços
A franquia sempre teve um forte componente cinematográfico, sendo pioneira no uso de breves cenas de corte para contextualizar a ação antes e depois das fases quando praticamente ninguém sonhava em usar os videogames dessa forma.
Em Ninja Gaiden Ragebound, volta e meia esse elemento ficou um pouco desequilibrado, especialmente no que diz respeito aos (muitos) diálogos entre os personagens. Eles acabam quebrando demais o ritmo e mostram um pouco de insegurança e falta de domínio da linguagem, com muita coisa precisando ser explicitada em textos bobos e rasos, onde uma animação mais breve ou um silêncio bem trabalhado poderiam gerar o mesmo resultado.
Outros pequenos vacilos que impedem Ninja Gaiden Ragebound de alcançar a nota máxima e se tornar um clássico absoluto do gênero é que as suas batalhas contra chefões de fase não são lá muito frequentes ou mesmo marcantes, traindo um pouco a tradição 8 bits.
Da mesma forma, a trilha sonora, embora competente e ocasionalmente empolgante, carece de entregar mais faixas grudentas, o tipo de música que a galera seguiria ouvindo por décadas. É uma boa trilha, mas ser apenas “boa” não basta para uma franquia que alcançava a excelência nisso antigamente.

Imagem: Steam
Vale a pena jogar Ninja Gaiden Ragebound?
Ninja Gaiden Ragebound é pura e simplesmente um jogaço de ação, claramente estruturado com muito carinho para alegrar a demografia mais velha, que lembra dos tempos em que os videogames não consistiam apenas em segurar o analógico para frente e apertar X de tempos em tempos, como se estivesse assistindo a “filminhos interativos”.
Ao invés disso, Ninja Gaiden Ragebound respeita o tempo e a habilidade de seu público, entregando uma experiência que pode ficar tão hardcore quanto você desejar, com os novos poderes e movimentos trazendo um grato sopro de novidades que impedem o game de se limitar apenas a nostalgia.
Simplesmente essencial para os fãs de ação e plataforma.
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Ninja Gaiden Ragebound
Publisher: Dotemu
Desenvolvedora: The Game Kitchen
Plataformas: PC, Nintendo Switch, PS5, PS4, Xbox Series X/S, Xbox One
Lançamento: 31/07/2025
Tempo de review: 7 horas
Ninja Gaiden Ragebound é um deleite para quem gosta de jogos desafiadores de plataforma e ação. Além da nostalgia, novidades pontuais ajudam o jogo a funcionar nos tempos modernos.
Prós
- Mistura muito bem nostalgia com novidades
- Gameplay consegue se manter variado e divertido
- Itens equipáveis ajudam a moldar a sua experiência
- Ótimo visual e variedade de cenários
- Colecionáveis escondidos valorizam a exploração
Contras
- Excesso de diálogos quebram um pouco o ritmo
- Trilha sonora legal, mas aquém dos tempos de NES
- Poderia ter mais chefões de fase marcantes
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