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Review: Pirate Yakuza in Hawaii ensina como se faz jogo de pirata
Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawaii é mais uma delicinha de game vindo da SEGA e RGG
Imagem: SEGA
e Davy Jones a Monkey D. Luffy, passando por Henry Every e Edward Teach, se há algo que não falta no imaginário popular são grandes piratas. Agora, com o lançamento de Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawaii, você também pode incluir o capitão Goro Majima nessa lista ilustre.
Pois é, um dos personagens mais queridos e interessantes da franquia Like a Dragon acabou estrelando uma nova aventura solo bem diferente do que estamos acostumados a ver. Não que surpresas assim sejam algo de todo incomum para o talentoso time da desenvolvedora Ryu Ga Gotoku Studio, facilmente um dos melhores e mais prolíficos estúdios em atividade.
A galera da RGG resolveu sacudir um bocado a fórmula de Like a Dragon por aqui, acrescentando elementos da vida bucaneira como gerenciamento de barcos, combate naval, e até recrutamento de mais tripulantes, tudo isso sem perder a essência da franquia. Entenda como eles fizeram isso no review completo a seguir.
Um meio termo entre Gaiden e Infinite Wealth
Nesses tempos em que a maioria dos grandes estúdios ocidentais precisam de muitos anos para lançar blockbusters medíocres e extremamente formulaicos, há algo na água da RGG que os permite colocar nas prateleiras novos jogos de altíssima qualidade com frequência.
Provocações à parte, isso é claramente fruto de um ótimo gerenciamento tanto da equipe como de seu cronograma, intercalando habilmente entre a hora de mudar totalmente de gênero (como aconteceu em Yakuza Like a Dragon, abraçando o RPG em combate por turno), inaugurar uma área inédita (o lindo e vasto Havaí de Infinite Wealth) ou apostar em uma jornada mais curtinha e direta ao ponto (o objetivo Gaiden The Man Who Erased His Name).
Enquanto o ano passado nos trouxe uma aventura gigantesca e com um mapa totalmente novo nos levando muito além das ruas de Kamurocho, Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawaii tem um escopo que fica mais ou menos entre as ambições de Gaiden e Infinite Wealth, com uma campanha que dura cerca de 25h para ser zerada caso você não gaste tempo demais nas dezenas de missões paralelas e minigames — o que eu não recomendo fazer de forma alguma, já que eles sempre são alguns dos melhores elementos da série.
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Imagem: SEGA / Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawaii
Só que lá pelas 8 horas de campanha de Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawaii fica claro o “truque” da RGG para conseguir lançar um jogão desses tão rápido: muito conteúdo de Infinite Wealth é reaproveitado, algo que a gente pode tanto celebrar como punir um pouquinho.
Fazendo as malas de volta ao Havaí
Seria um tanto míope e injusto pegar pesado com a reutilização de mapas, primeiro porque isso é algo que a franquia está absolutamente acostumada a fazer ao longo de sua história, e segundo porque evidentemente houve um grande trabalho de pesquisa de campo e desenvolvimento para criar a Havaí de Infinite Wealth, então seria um desperdício deixá-la restrita a apenas um joguinho.
Eu pelo menos terminei Infinite Wealth com muita vontade de revisitar o local e fico feliz com a possibilidade de fazer isso em Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawaii, por mais que tenha revirado um pouco os olhos com alguns episódios e missões um tanto familiares demais, como a a apresentação do minigame de entrega de comida por bicicletas ao melhor estilo Crazy Taxi, ou a forma como você ganha aquele veículozinho de transporte para se descolar pela praia. Ou seja, não espere tantas novidades aqui.
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Imagem: SEGA / Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawaii
A cota de material inédito ficou mesmo para os elementos que dão nome ao jogo, já que a série nunca ofereceu algo remotamente parecido com o combate naval e sistemas que foram adicionados a Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawaii.
A boa vida de pirata
Vamos começar pelas novidades pertinentes ao nosso protagonista Goro Majima. Agora, além de sair no braço usando a sua faquinha de curta distância, ele também pode, com apenas um clique, mudar de postura e estilo de luta e passar a utilizar um crescente arsenal de movimentos bucaneiros.
Em Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawaii o nosso psicopata favorito pode lutar com um par de sabres, criar combos com eles, arremessá-los para longe, desferir golpes a partir de pulos no ar, além de habilitar poderes legais como ganchos para se aproximar dos inimigos ao melhor estilo Batman, ou até mesmo disparar projéteis com pistolas. Versatilidade pouca é bobagem, e quem sentia falta dos combates em beat ’em up da franquia certamente vai sorrir de orelha a orelha enquanto controla o Majiminha.
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Imagem: SEGA / Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawaii
Andando pelas ruas da cidade, além de fazer links de amizade bem similares aos de Infinite Wealth, agora você também encontra ícones de aliados em potencial para a sua tripulação. Alguns deles entram facilmente para o seu time após uma luta ou rápida missão paralela como fazer uma alta pontuação em dardos, por exemplo, enquanto outros tantos exigem que você eleve o nível da sua reputação com bastante grinding.
Como cada tripulante em potencial possui diferentes atributos e benefícios, é prazeroso trabalhar para aumentar o seu time, que possui um impacto direto no Goromaru, o nome do seu barco pirata.
O Yakuza e o mar
Poucas horas após um início de campanha bem linear e focado no estabelecimento da história e de como um Goro Majima com amnésia veio a se tornar um pirata em Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawaii, logo você encontrará personagens como a Julie (lembra dela?) que o ajudarão a dar uma tunada no seu barco pirata.
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Imagem: SEGA / Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawaii
Você pode tanto fazer alterações cosméticas no Goromaru (impactando desde a cor do casco e velas até os diferentes ornamentos da embarcação) até, principalmente, redistribuir os membros da sua tripulação por diferentes cargos. Além de zelar pelo bem estar do seu pessoal dando mimos ocasionalmente para elevar o seu moral, você precisa pensar bem em quem deve o acompanhar em expedições de busca ao tesouro, quem ficará a cargo dos canhões para combate naval, e etc.
Os bucaneiros sobem de nível conforme ganham experiência, então é uma pitadinha de RPG leve e muito bem-vinda. Você vai tirar mais proveito disso especialmente na área de Madlantis, um novo mapa que é uma espécie de Castelo do Like a Dragon Gaiden, só que ainda mais deslumbrante visualmente e com mais atrativos para descobrir, incluindo um coliseu onde o Goromaru e seus tripulantes são postos à prova.
Mas não é só lá que o combate marítimo acontece. Também há uma espécie de “overworld” (ou uma série de pequenos “open bairros”, ou seriam “open oceanos”?) pelos quais você pode fazer viagens rápidas e que conectam os principais ambientes da nova aventura. Isso não consome lá tanto tempo assim da campanha, mas ajuda a trazer frescor à jornada.
E vamos combinar, há algo de profundamente gratificante em velejar por aí ouvindo uma playlist de grandes sucessos da franquia e da história da SEGA. Se você me perguntar, nada é mais másculo e viril do que abordar outras embarcações ao som de Koi no Disco Queen.
Vale a pena jogar Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawaii?
Se você é fã da série, não precisa pensar duas vezes: não só Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawaii é um excelente jogo como provavelmente vai figurar na sua lista de melhores lançamentos de 2025, com dezenas de horas de gameplay e toneladas de conteúdo para desbravar, incluindo o retorno de nostalgias legais como a possibilidade de jogar vários jogos de Master System ou de colecionar e ouvir por aí grandes músicas do passado da SEGA.
Mas até para marinheiros de primeira viagem esse jogo é bastante recomendado. Claro que você vai perder uma ou outra referência da história, mas não seria absurdo algum começar a franquia por Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawaii, já que a própria amnésia do Goro Majima o aproxima de um jogador novato. Seja como for, não deixe esse jogo passar batido: até hoje, ninguém conseguiu fazer uma aventura de piratas tão bem nos videogames quanto a Ryu Ga Gotoku!
Analisado no PS5.
Uma cópia do jogo foi gentilmente cedida pela SEGA para a realização deste review.
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Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawaii
Publisher: SEGA
Desenvolvedora: Ryu Ga Gotoku Studio
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series X/S
Lançamento: 21/02/2025
Tempo de review: 25 horas
Nunca houve um jogo de piratas tão bom! O spin-off traz tudo de melhor da série enquanto acrescenta novidades brilhantes, pecando apenas no excesso de reciclagem de Infinite Wealth
Prós
- Novas adições de gameplay são muito bem-vindas
- Combate naval e gerenciamento do barco divertem
- Muitas possibilidades de customização
- Uma penca de easter eggs da história da SEGA
- Excelente localização em português
Contras
- Muito déjà vu com Infinite Wealth
- História com muito foco no humor e memes
Comentários
Review muito interessante! Ano passado, gostei tanto de Yakuza 7 (Yakuza: Like a Dragon) que acabei jogando todos os jogos da franquia e me surpreendi muito. Mesmo os jogos mais fracos e datados têm uma personalidade tão forte que me fazem ignorar a reutilização de assets dos títulos anteriores e apenas querer ver mais jogos desse estúdio.
Um bom exemplo disso é Judgment, que estou jogando atualmente. Apesar de se passar no mesmo local dos jogos anteriores e reutilizar algumas animações de golpes da franquia yakuza, toda a trama e a estética de ser um detetive atrás de um serial killer são tão bem escritas que relevo esses detalhes.
Diferente da Ubisoft, que reutiliza assets apenas para lançar jogos mais rapidamente e extrair mais dinheiro de seus consumidores como um parasita, sinto que o Ryu Ga Gotoku Studio os utiliza para poupar tempo e investir em ideias ainda mais interessantes, como nos mini games.
Enquanto muitas empresas fariam apenas um mini game básico para passar o tempo, a Ryu Ga Gotoku sempre traz um mini game principal com uma história completa dentro dele.
Para finalizar, outros estúdios deveriam aprender com a Ryu Ga Gotoku e perceber que o que as pessoas realmente querem é um jogo divertido, com a personalidade que os desenvolvedores desejam imprimir.
Sinceramente, os games ocidentais (com exceção dos indies, é claro) estão se tornando cada vez mais genéricos, repetitivos e sem alma. Com isso, deixam de ser arte e passam a ser apenas um produto.