Review: Dragon’s Dogma 2 é a pura essência da aventura
Misturando ação desafiadora com RPG profundo, Dragon's Dogma 2 é um jogo único e verdadeiramente especial
inda que ele pegue elementos emprestados de vários outros jogos, não há nada como Dragon's Dogma. Se o jogo original lançado em 2012 continua sendo algo único até hoje, a sua sequência dobra a aposta e (re)apresenta a sua intrincada mistura de ação e RPG com alto valor de produção a uma nova geração.
Dragon’s Dogma 2 é, ao mesmo tempo, um dos jogos de ação mais completos, desafiadores, divertidos e instigantes que você pode experimentar, mas também um RPG profundo, repleto de pequenos sistemas interligados com maestria. O que deveria ser uma mistura heterogênea acaba se diluindo em uma fórmula perfeitamente coesa.
Como nos mais recentes e aclamados épicos dos videogames, como The Legend of Zelda Breath of the Wild e Elden Ring, o seu mundo prontamente evoca um chamado irresistível à aventura, e cada sessão de gameplay oferece visitas a locações e cenários marcantes.
Ao longo das quase 40 horas de campanha, adorei quase tudo o que vi e acredito que Dragon’s Dogma 2 tem tudo para ser um dos candidatos a GOTY, mesmo com todas as polêmicas, muitas delas injustas, que tomaram a internet. Entenda no review completo a seguir.
Dragon’s Dogma 2 encanta a todo momento
Desde o seu criador de personagens extremamente detalhado e que permite fazer praticamente tudo o que você quiser (inclusive replicar personagens de outros jogos), até a exploração de trilhas perigosas e cidades repletas de missões e segredos, Dragon’s Dogma 2 cativa e conquista.
Como a sua história é autossuficiente, não é preciso ter jogado o primeiro game para apreciar a jornada, embora fazer isso certamente vá poupar um bocado de trabalho. Não só na compreensão da lore, mas especialmente para evitar ser sobrecarregado pelos tutoriais e sistemas.
Ainda que o jogo não o segure pela mão em momento algum, incentivando a sua liberdade e aprendizado através da tentativa e erro, há uma miríade de tutoriais que englobam desde os elementos mais importantes (como os Peões que você pode e deve invocar) até detalhes menores, como o sistema de envelhecimento de itens como alimentos em tempo real.
Para marinheiros de primeira viagem, ainda que esse não seja um resumo preciso, pense em Dragon’s Dogma 2 como uma mistura de Monster Hunter (pelos combates em grupo envolvendo derrubar grandes criaturas, escalada de monstros e até acampamentos) com Skyrim (pela estrutura do mundo aberto e sistemas de RPG aliados a aventura) e Zelda (com sua liberdade de ação mais fluída e orgânica em um mundo vivo).
Novamente, o jogo não se limita a ser uma cópia de nada e vibra a cada segundo com identidade própria, mas se você gosta dos jogos e elementos acima, provavelmente vale a pena dar uma chance a ele e descobrir o que o torna tão único e especial por conta própria. A primeira hora de gameplay, já postada no vídeo acima, deixa isso bem claro.
Este não é um jogo para os fracos
Jogando videogames desde 1985 quase que todos os dias religiosamente, eu não me considero um jogador ruim de forma alguma, e mesmo assim eu morri em Dragon’s Dogma 2. Bastante. Não se trata de um Soulslike de forma alguma, já que você não fica acumulando e tentando recuperar pontos de experiência.
O desafio aqui também é muito mais surpreendente e orgânico, e menos focado na decoreba. Às vezes você pode ser surpreendido por um inimigo alado chegando do nada para pegar as suas prezas. Outras vezes uma criatura gigantesca como um ciclope ou minotauro pode surgir por detrás das rochas. Há riscos ambientais e até um passo em falso pode ser a diferença entre viver, cair em um abismo, ou ir parar da água e ser devorado por um horror inimaginável.
Que bom, então, que você tem várias opções para lidar com esses perigos. No meu tempo de teste eu experimentei duas das quatro vocações iniciais, jogando como mago e como arqueiro, opção que me divertiu ainda mais. Embora ambas inspirem personagens que lutam à distância, a pegada delas é totalmente diferente (e ainda dava para jogar como guerreiro ou ladrão para curta distância).
Enquanto o mago tinha, claro, magias ofensivas, ele também podia prestar suporte, seja com magias de cura ou aplicando buffs elementais para as armas de seus companheiros. Com poucas horas de campanha eu fiquei bem feliz de já estar acompanhado por um Peão mago que aplicava efeitos de fogo em meus golpes de arco e flecha. São muitas as possibilidades, e isso aprofunda demais o gameplay.
É até por isso que o sistema de Peões funciona como um dos principais pilares de Dragon’s Dogma 2. Mais do que se focar na criação do Nascen que você controla, é preciso planejar bem quem será o grupo que o acompanhará em suas aventuras. O principal Peão é criado por você mesmo usando o mesmo criador de personagens do começo do jogo, mas os demais devem ser recrutados manualmente.
Alguns peões podem ser recrutados de graça, enquanto outros exigem um gasto. Há peões que você encontra naturalmente caminhando entre as rotas, mas também há pedras de invocação funcionando como uma fonte confiável e estável de novos aliados, incluindo criações de outros jogadores. Foi bem legal jogar e encontrar as criações de outros amigos que já estavam com acesso antecipado a Dragon’s Dogma 2.
A magia da descoberta
Como falei, Dragon’s Dogma 2 é um jogo repleto de grandes e pequenos sistemas interligados, mas mesmo que você não pense muito nisso, vai notar organicamente a forma como há surpresas por todos os lados, e as coisas vão clicando aos poucos.
Por exemplo, no comecinho de Dragon’s Dogma 2 você não tem acesso a qualquer tipo de viagem rápida. Conforme explora e avança na campanha, eventualmente descobrirá que há um sistema de carroças que, em troca de uma taxa, podem levar os heróis de um ponto ao outro quase que instantaneamente, desde que você as encontre na hora certa do dia.
Avançando mais algumas horas, você encontrará cristais espalhados em pontos-chave do mapa que também podem, em troca de recursos, o transportar imediatamente, o que é uma mão na roda. Sempre explore bastante para não perder essas coisas, porque isso é a melhor coisa do jogo. Não ignore as cavernas e rotas alternativas se quiser ver o que o jogo tem de melhor.
O simples ato de caminhar de uma cidade para a próxima é uma jornada épica por si só graças ao alto nível de desafio, mas também porque nas bifurcações você pode encontrar tesouros, itens e missões. Algumas sidequests possuem até requisitos de tempo, então vale a pena pensar bem no que você vai ou não aceitar e o que conseguirá ou não fazer, até porque muita coisa tem múltiplas soluções possíveis.
Quanto mais você se dedicar a Dragon’s Dogma 2, mais o jogo o premiará de volta. Deixe as polêmicas com microtransações de lado, pois elas não impactam em nada a sua experiência — diferente dos reais problemas de otimização entre diferentes plataformas que impedem o game de alcançar a nota máxima — e curta a jornada.
Afinal, mantendo o mesmo nível de excelência do início ao fim tanto na campanha principal como nas missões paralelas, temos em Dragon’s Dogma 2 um fortíssimo candidato ao GOTY 2024.
Dragon's Dogma 2
Publisher: Capcom
Desenvolvedora: Capcom
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series X/S
Lançamento: 21/03/2024
Tempo de review: 34 horas
Dragon's Dogma 2 oferece uma incrível mistura de alto desafio, bons sistemas de RPG e ação polida. Cada canto de seu mapa é um chamado à aventura.
Prós
- Desafio instigante com lindos gráficos
- Muitas surpresas em cada canto
- Mecânicas de combate divertidas
- O jogo nunca te segura pela mão
- Incrível e detalhado criador de personagens
- Se aliar a Peões é muito gratificante
Contras
- Trilha sonora discreta e não muito memorável
- Excesso de sistemas pode intimidar alguns
- A inteligência artificial dos NPC pode atrapalhar
- Problemas de otimização entre as plataformas
Comentários
Excelente analise. Dragons dogma 2 foi uma experiencia incrivel, desde os combates até a dinamica de ter um companion criado e com vivencias de outro mundo. Muito bacana