Review: Contra Operation Galuga transborda ação e nostalgia
WayForward acerta em cheio nas mecânicas e diversão de Contra Operation Galuga, mas faltou valor de produção. Confira o review!
uem vive de passado é museu? Pode até ser, mas vamos combinar que fazer uma visita ao museu de vez em quando é um passeio bastante agradável e divertido, e zerar Contra Operation Galuga evoca exatamente essa sensação de entrar em um túnel do tempo e ser temporariamente levado de volta às gerações 8 e 16 bits.
Desenvolvido pelo talentoso time do WayForward, um dos melhores estúdios quando o assunto é reviver grandes marcas do passado (afinal, eles também fizeram o sublime DuckTales Remastered e o impecável River City Girls), o novo Contra funciona como uma coletânea de Greatest Hits da franquia, com uma ou outra faixa nova para apimentar o disco.
Mesmo deixando bastante a desejar no quesito gráfico, o que pode distanciar de cara algumas pessoas, Contra Operation Galuga transborda coração e fanservice, honrando os personagens e legado da clássica série da Konami com todo o capricho que ela merece. Entenda no review completo a seguir.
O bonito e o feio de Contra Operation Galuga
Uma das primeiras coisas a se comemorar e que salta aos olhos é que Contra enfim retorna às suas raízes, com o loop de gameplay consistindo majoritariamente em andar da esquerda para a direita demolindo hordas de inimigos enquanto tenta escapar do ocasional bullet hell.
Parece algo bobo para se celebrar, mas quem acompanha a série desde os seus primórdios sabe o quanto as coisas podem dar errado todas as vezes em que a Konami tenta se distanciar dos pilares mais básicos da franquia, como no fraquíssimo lançamento anterior Contra Rogue Corps.
Usando especialmente o primeiro jogo de NES como base, mas pegando emprestado também conceitos de Contra 3 The Alien Wars e, em grata surpresa, do subestimado Hard Corps de Mega Drive, Contra Operation Galuga é focado principalmente na ação e em valorizar os seus reflexos, como sempre deveria ser o caso.
Se o loop de gameplay veio diretamente do fim dos anos 1980 e começo dos 90, o visual, por sua vez, infelizmente ficou preso lá nos tempos do Xbox 360 e PlayStation 3. A direção de arte não ajuda muito a compensar as limitações técnicas, e com isso praticamente todas as fases, por mais variadas que sejam, ficam pouco atraentes e memoráveis, como você pode ver na primeira hora de gameplay:
Ao menos temos boas modernidades para compensar isso: em Contra Operation Galuga o menu de opções está mais amplo do que nunca, de forma que você pode customizar bem a sua experiência. Ao invés de morrer tomando um tiro só, você pode optar por dar barras de vida aos heróis, por exemplo, além de calibrar também o nível de dificuldade.
É possível ter uma experiência mais autêntica e sem firulas no modo Arcade, que se desenrola mais dentro dos padrões da série, ou desbravar a história cheia de cutscenes e diálogos não muito inspirados, mas que ao menos servem para desenvolver e agitar o lore da série. Tanta falação enche um pouco o saco, então a minha dica é jogar aqui primeiro e depois nunca mais tocar nesse modo.
Infelizmente, ao menos antes do lançamento, Contra Operation Galuga apresentou algumas instabilidades técnicas que precisam ser resolvidas por patch. Tive um travamento completo em minha primeira zerada, e de vez em quando, especialmente em segmentos de escalada, os bonecos podiam ultrapassar os limites do cenário.
Diversão e desafio acima de tudo
Ainda que o valor cobrado pelo jogo seja um tanto elevado considerando que a sua campanha pode ser zerada em pouco mais de uma hora e meia, há muitos extras que ajudam a jogar o fator replay nas alturas, sem falar nos desafiadores troféus que o tornam uma platina/miletada instigante para os jogadores mais habilidosos, já que vários deles envolvem derrotar chefes sem tomar dano, por exemplo.
Contra Operation Galuga tem um modo focado somente em desafios que giram ao redor, principalmente, de speedruns, o obrigado a passar de trechos embaçados em poucos segundos. Memorizar padrões é a palavra de ordem por aqui, e mandando bem você ganha créditos que podem ser usados na loja ingame sem microtransações.
É bem divertido grindar os desafios e zerar o jogo várias vezes a fim de desbloquear mais personagens jogáveis, powerups e, especialmente, trilhas sonoras customizáveis, com direito até a músicas saídas de Castlevania e outros clássicos da Konami.
Contra Operation Galuga é um ótimo exemplo de porquê não devemos julgar um livro por sua capa. Sim, a apresentação visual deixa bastante a desejar, mas por baixo dela há um jogo feito com bastante paixão, algo que qualquer entusiasta da série deve apreciar. É pura nostalgia sem vergonha de ser feliz.
Contra: Operation Galuga
Publisher: Konami
Desenvolvedora: WayForward
Plataformas: PC, Switch, PS5, PS4, Xbox Series, Xbox One
Lançamento: 12/03/2024
Tempo de review: 4 horas
Contra Operation Galuga não é o jogo mais bonito do mundo, mas ele compensa isso com um grato retorno às raízes do gameplay altamente desafiador que fez a franquia ser tão amada.
Prós
- Ótimo desafio e design das fases
- Bastante conteúdo para destravar
- Missões extra aumentam o fator replay
- Vários personagens jogáveis
- Novas mecânicas divertidas e coesas
- É a volta do bom e velho Contra!
Contras
- Instabilidade técnica gera alguns travamentos e bugs
- Campanha bem curta
- Gráficos deixam a desejar
- Trilha sonora discreta
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