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Review: Synduality é bom jogo de extração, mas negligencia diversão
Competente em muitas frentes, Synduality Echo of Ada faz escolhas que vão contra a fluidez da jogabilidade
uando Synduality Echo of Ada ganhou data de lançamento na Tokyo Game Show 2024, a Bandai Namco enfrentou dificuldades para explicar seu conceito central a um público mais amplo, a julgar pela recepção que teve na mídia e nas redes sociais. Logo, a empresa perdeu a oportunidade de alimentar o hype dos fãs de anime e, sobretudo, da fiel audiência de Armored Core, talvez a maior referência de obras de mecha nos dias de hoje.
Vendido desde o início como um shooter PvPvE em terceira pessoa, a grande questão era saber como os elementos multiplayer se integravam na prática, sem que um se destacasse mais do que o outro. Mesmo depois de assistir a trailers e vídeos de gameplay de Synduality Echo of Ada, só fui compreender os mecanismos do game tardiamente, apenas em seu teste aberto, poucas semanas antes de sua estreia nos consoles da atual geração e PC.
Com a mesma energia da fórmula de extração de Escape from Tarkov, Synduality Echo of Ada pega emprestado o universo do anime Synduality Noir e se aproveita de sua estética pós-apocalíptica com mechas, ao estilo Gundam, para seduzir o público oriental — o jogo, inclusive, já se firmou entre os mais vendidos nos rankings do Japão, tanto na Steam quanto na PlayStation Store.
O resultado, bem, é até satisfatório, mas a experiência como um todo acaba esgotando o jogador com um grind excessivo e escolhas desfavoráveis à diversão. Echo of Ada não se consolida como a próxima “grande coisa” de robôs gigantes, para a tristeza de muitos, embora tenha potencial para chegar lá se receber os ajustes finos que precisa. Confira nossas impressões adiante.
Meio PvE, meio PvP
Se eu tivesse que resumir em poucas palavras, em duas linhas, diria que Synduality Echo of Ada é um jogo de extração em que, sob o comando de um mecha — aqui nomeado de Caixão-cesto —, o nosso objetivo é explorar uma terra devastada para coletar recursos. Voltar à base, no entanto, nunca é tarefa fácil, já que criaturas e players hostis estão sempre presentes para complicar o seu saque.
Por mais que existam atividades pontuais de história a serem concluídas sem o envolvimento direto de outros mechas (leia-se, outros usuários), Synduality Echo of Ada passa longe do formato single-player e não oferece uma alternativa para ser jogado completamente sozinho, além de exigir uma conexão constante à internet. É importante ter isso em mente quando você for ponderar os prós e contras.
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Imagem: Flow Games/Victor Teixeira
Compreensível só de olhar, o ciclo de gameplay consiste em embarcar em expedições rápidas, retornar ao ponto de extração antes que a bateria do robô seja drenada e comprar novos itens na loja para personalizar o seu veículo com o que há de melhor. Uma vez que o seu mecha é abatido sem que consiga retornar ao subsolo, todos os suprimentos são perdidos — das peças e armas às matérias-primas — e ficam lá dando mole aos outros sobreviventes.
À medida que você cumpre pedidos para a Amasia, sua base subterrânea, novas armas são desbloqueadas na loja para fortalecer o robô. E não é só isso: você usa o dinheiro arrecadado durante as excursões também para expandir as construções do seu refúgio, incluindo áreas para a confecção de itens e o cultivo de materiais. É recompensador ter a sensação de sempre estar evoluindo e melhorando os espaços do assentamento, ainda que a progressão seja lenta.
Assim como na vida real, tudo (ou quase tudo) gira em torno da grana que você adquire pelo trabalho que exerce. Pensando, entretanto, em deixar a jogatina menos frustrante, o título nos permite contratar um seguro a cada nova partida, de modo que os equipamentos de combate sejam preservados caso tudo dê errado. Trata-se de uma ideia acertada e que, de algum modo, resguarda o progresso do personagem, mesmo com um custo alto por isso.
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Imagem: Flow Games/Victor Teixeira
A diversão de Synduality Echo of Ada está diretamente ligada à atmosfera de perigo iminente durante os momentos de exploração. Condições climáticas extremas deterioram a armadura do seu mecha, bem como jogadores aparentemente pacíficos se revelam traidores tão logo viramos as costas para eles. São as adversidades que moldam e impulsionam a experiência híbrida, ora PvP, ora PvE, de Echo of Ada, apesar de os momentos de colaboração serem mais frequentes do que os confrontos.
São as adversidades que moldam e impulsionam a experiência híbrida, ora PvP, ora PvE, de Synduality Echo of Ada
Mechas com a lata no chão
Fugindo da cartilha dos jogos de mecha tradicionais, os robôs de Synduality têm passos lentos e se portam mais como “tanques”, explorando uma cadência que não é muito comum dentro desse estilo. Em outras palavras, você tem a sensação de estar controlando um meio de locomoção, e não um Gundam imponente pronto para destruir tudo e todos.
Sistemático, o combate é mais terrestre e não permite ao jogador realizar manobras extravagantes com o mecha, cuja barra de vigor é tímida e propositalmente limitada, projetada para nos fazer pensar com um pouco mais de cuidado antes de cada ação. Três ou quatro esquivas consecutivas, por exemplo, fazem com que seu robô esquente e permaneça em ponto de ebulição, com os movimentos contidos, por um curto período de tempo.
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Imagem: Flow Games/Victor Teixeira
A mecânica de tiro, por sua vez, não reinventa a roda e se aproxima do compasso de um The Division da vida, embora não traga um sistema de cobertura. O ato de atirar com o Caixão-cesto é deliciosamente satisfatório e não deve nada a outros games com a mesma premissa em termos de combate. O ponto negativo é que a variedade de inimigos xenomórficos é baixíssima, então decorar os padrões de ataque de cada um deles é só questão de minutos.
Apesar de ser um game que mescla elementos de PvE, a ausência de salas para jogar com os amigos é uma omissão, no mínimo, curiosa. É bem provável que a Bandai Namco corrija esse deslize em um futuro próximo por meio de uma atualização, mas a incapacidade de aproveitar as missões com pessoas conhecidas é uma grande ressalva para um jogo que se propõe a ser, acima de tudo, multiplayer.
Falando sobre o caráter online, Synduality Echo of Ada tem tudo o que se espera de um jogo como serviço: passe de temporada, com direito a tier premium e tudo, além de itens cosméticos, como é de praxe. Para nós, brasileiros, ainda há outro ponto de ressalva: não há textos e vozes em português, o que é surpreendente, tendo em vista que estamos falando de um produto publicado pela Bandai Namco, uma empresa que sempre valorizou seu público no Brasil.
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Imagem: Flow Games/Victor Teixeira
Não posso deixar de mencionar que Synduality Echo of Ada toma algumas decisões frustrantes para o jogador, como limitar drasticamente o inventário de itens logo no início, restringir o estoque de munição de ambas as armas e, principalmente, impor preços muito elevados de itens essenciais às expedições. Como resultado, o grind por recursos e dinheiro torna-se abusivo, até para quem aprecia repetição nos jogos.
História sem sal e resquícios de single-player
Conforme mencionei nos parágrafos acima, Synduality Echo of Ada não traz um modo single-player propriamente dito, mas, conforme progredimos e evoluímos nossa base, ele libera missões guiadas de história, oferecendo um pouco mais de contexto sobre o universo e uma motivação para continuarmos com as atividades para as quais fomos designados.
As tarefas vinculadas à história, contudo, não têm ligação direta com as extrações e, portanto, não nos recompensam com pontos de experiência e equipamentos relevantes, e sim com pedaços discretos de narrativa e arquivos de áudio. Não vou mentir: o mundo concebido ao redor de Synduality parece instigante, tanto que me deu até vontade de rever o anime — porém, ele é apresentado ao jogador da pior forma possível: por meio de uma má escolha de game design.
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Imagem: Flow Games/Victor Teixeira
O que você precisa saber é que a história se passa antes do anime Synduality: Noir, em 2222, após uma misteriosa chuva tóxica que dizimou a sociedade como a conhecemos, dando vida às criaturas que hoje habitam essa realidade distópica. Como um sobrevivente do Amasia, um dos poucos refúgios subterrâneos ainda em operação, o seu propósito inicial é se fortalecer para resistir às ameaças da superfície.
Ainda que o enredo não seja dos mais originais, todos os elementos visuais que moldam a estética de anime de Echo of Ada são de extremo bom gosto, com destaque maior às composições estilosas dos mechas. Tecnicamente, o jogo tem suas limitações e abusa de objetos reaproveitados em seus dois mapas abertos (sim, são apenas dois no lançamento), mas contorna essas inconveniências com uma direção de arte bem acima da média.
Vale a pena jogar Synduality Echo of Ada?
Longe de ser perfeito, Synduality Echo of Ada é a resposta do Japão aos jogos de extração, um gênero que ganhou impulso no Ocidente e não demorou a se mostrar influente, rendendo bons títulos disponíveis na Steam. No embalo do anime Synduality Noir, Echo of Ada é um shooter em terceira pessoa decente, mas prejudicado por decisões “antijogo”, isto é, que vão contra a fluidez da jogabilidade, e por um balanceamento que faz qualquer coisa, menos respeitar o tempo de quem se dedica.
Analisado no PS5 Pro.
Uma cópia de Synduality Echo of Ada foi gentilmente cedida pela Bandai Namco para a realização desta análise.
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Synduality Echo of Ada
Publisher: Bandai Namco
Desenvolvedora: Game Studio Inc.
Plataformas: PlayStation 5, Xbox Series e PC
Lançamento: 23/01/2025
Tempo de review: 19 horas
Synduality Echo of Ada é a resposta do Japão aos jogos de extração, ainda que isso impacte na diversão em si
Prós
- Ciclo viciante e envolvente de extração
- O combate se apega ao que há de melhor no gênero
- Sistema de construção dá sobrevida ao loop de gameplay
- Visualmente estiloso
Contras
- Exploração metódica, ofuscada por escolhas “antijogo”
- Narrativa sem sal, contada de maneira esquisita
- Não é possível formar salas, apesar dos elementos PvE
- Grind excessivo, que não respeita o tempo do jogador
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