Review: SNK vs Capcom SVC Chaos volta bem, mas não faz milagre

Isso é ótimo tanto para quem viveu essa época nos fliperamas originais como para quem gostaria de conhecer mais sobre esses capítulos essenciais da história da FGC, ainda que, no caso de SNK vs Capcom SVC Chaos, não estejamos falando exatamente de um capítulo muito agradável para a história da SNK…

Afinal, lá em 2003, no lançamento original de SNK vs Capcom, a sua produtora seguia em crise após ter declarado falência. Mesmo sem pesquisar a sua história, basta jogar um pouco que já fica evidente a forma como os cenários e a trilha sonora, especialmente, ficam muito aquém da excelência outrora alcançada pela produtora.

Mas também há muita coisa boa para se ver por aqui, e não falamos apenas dos modelos e animações de personagens, que enchem os olhos, mas sim da adição de rollback netcode, visualizador de hitboxes e galeria de arte. Ainda é o mesmo jogo problemático de 2003, mas ao menos agora ele está em um pacote acessível e bem azeitadinho, com modernidades e melhorias de qualidade de vida aqui e ali.

O bom, o ruim, e o feio de SNK vs Capcom SVC Chaos

Hoje em dia, qualquer jogo de luta que se preze tem que contar com rollback netcode a fim de garantir partidas mais estáveis, e essa modernização, por si só, já traz um ótimo valor adicional a esse relançamento. O grande problema é que, ao menos jogando no PC em agosto de 2024, era muito difícil encontrar oponentes, problema que só deve se agravar com o passar do tempo, até porque não há um modo rankeado para apimentar as coisas.

E se você usar os novos lobbies para montar as suas partidas e elas calharem de ser contra rivais muito distantes, não há rollback que faça milagres, ainda mais em jogos de inputs tão precisos como costumam ser os jogos da SNK. Dito isso, a desenvolvedora fez o que era possível, e só podemos torcer para ver mais gente jogando. Confira um breve teste do online que postei em meu canal:

Um elemento bem legal, mas que já existia no jogo original, são as interações entre os lutadores, certamente um dos pontos mais altos para fãs da Capcom e da SNK. Respeitando as personalidades e lore dos 36 lutadores disponíveis, as conversas são um prato cheio.

É interessante ver os personagens da Capcom se comportando com um estilo de controles, precisão e exigência padrão SNK, mas simplesmente não há mecânicas o suficiente para destacar SNK vs Capcom dos demais. Sequer há um sistema de times para dar uma agitada, é tudo no 1×1 bruto.

A IA dos rivais é aquela típica apelação absurda dos jogos da SNK, então competir contra a CPU é um exercício de paciência e muita tentativa e erro. É tudo pensado para tirar fichas de jogadores incautos rapidamente, mas isso também significa que, com o devido treino, você pode fazer uns combos bem legais tirando quase 3/4 da barra de vida de uma só vez.

Vale a pena jogar SNK vs Capcom SVC Chaos?

Imagem: SNK

Fora as já citadas modernizações, o que temos aqui é uma forma relativamente barata e acessível de curtir um capítulo interessante da história da Capcom e SNK. Há um peculiar aviso de sensibilidade logo que você inicia o gameplay mas, fora isso, não houve qualquer censura interna (externamente, por outro lado, tivemos artes censurando o decote da Mai e omitindo o corpo inteiro da Athena, em um puritanismo desnecessário, como você pode ver acima).

Com visual e controles intocados, então, temos um produto que já nasce um tanto datado por natureza; um jogo de luta que saiu em condição inferior aos seus pares da época mas que, ainda assim, tem um certo charme. Vale como uma relíquia histórica e um breve passatempo, mas não muito mais do que isso…