Review: Kingdom Hearts na Steam é ótimo, mas traz antigos bugs
Kingdom Hearts chegou à Steam na semana passada e passamos testamos tudo para trazer um review completo! Confira
compilação com todos os jogos da franquia Kingdom Hearts, incluindo o primeiro, segundo, terceiro e os “spin-offs”, já chegaram ao PC há alguns anos. Entretanto, muitas pessoas têm preferências em terem todos os seus games de computador somente na Steam.
Portanto, de certa forma para muitos fãs, é quase como a estreia da coletânea no PC. Porém, por já existir previamente, o quão similar é a versão da Steam em comparação com a da Epic? Houve melhorias? Bugs antigos das edições de Kingdom Hearts foram corrigidos?
Em alguns pontos bem específicos, se você gosta de Kingdom Hearts vai acabar encontrando um ótimo pacote e algumas poucas novidades por aqui, mas, infelizmente, problemas antigos também assombram novamente a experiência. Confira a nossa análise completa abaixo!
Kingdom Hearts 1.5? 2.5? 2.8? Não se assuste pelos números
Já é um meme na internet escrever em pedra que a franquia Kingdom Hearts é impossível de se aproveitar hoje em dia. “Eu não entendo esses números, nem sei por onde começar, é tudo muito complicado”. Não precisa se afobar, é muito mais simples do que parece e as coletâneas oferecem um pacote praticamente completo.
Não se preocupe: Kingdom Hearts 1.5 significa que você tem um combo com Kingdom Hearts, Kingdom Hearts Chain of Memories (um jogo que conecta o primeiro e segundo game) e Kingdom Hearts 358/2 Days em formato de filme, contando histórias e eventos que ocorrem antes e durante Kingdom Hearts 2.
Já na coletânea 2.5, vemos Kingdom Hearts 2, Kingdom Hearts Dream Drop Distance (um prequel da série) e Kingdom Hearts Re:Coded em formato de filme, um jogo originalmente de celular que teve um remake para Nintendo DS e conta eventos após Kingdom Hearts 2.
Por fim, temos a coletânea 2.8, que oferece Kingdom Hearts Dream Drop Distance (que se passa após os eventos de Kingdom Hearts 2), Birth by Sleep 0.2 (uma sequência de Kingdom Hearts Birth by Sleep que serve como prequel de alguns eventos do 3) e um filme de Kingdom Hearts Union X, que resume de forma bem curta alguns dos principais pontos narrativos do jogo de celular – que se passa séculos antes dos primeiros jogos.
Ainda ficou confuso? Relaxe, a ideia é ter uma brincadeira com os números até chegar em 3 (1.5, 2.5, 2.8 e 3), ou seja, coletâneas que trazem tudo que existe da franquia antes de Kingdom Hearts 3. Todas as coletâneas já apresentam uma ordem sugerida de jogos na sequência de lançamento e você pode acompanhar tudo sem problemas.
Se você procura um pacote completo para aproveitar a série, seja para resgatar a nostalgia de fãs das antigas ou para entrar nesse universo que mistura Disney com Kingdom Hearts. Infelizmente, a vinda à Steam é a mesma coletânea que circula desde a era PS3 e PS4, que continua com alguns jogos apenas em versões de filmes, que é um ponto negativo antigo, mas sem solução nesta altura.
Kingdom Hearts é uma franquia fenomenal e sou enviesado para opinar, já que é uma das obras de cultura pop que mais amo na vida. O combo que você encontra na Steam é vendido em três partes, com 1.5 + 2.5 HD ReMix, a 2.8 Final Chapters Prologue e, como não pode faltar, Kingdom Hearts 3.
Um dos pontos positivos é que todos os elegíveis receberam suas versões Final Mix, que trazem novidades para o combate, chefes novos, conteúdo inédito e até novos pedaços da trama (até as coletâneas chegarem, as versões Final Mix existiam apenas no Japão).
É difícil separar a qualidade de cada obra, já que temos 7 jogos (e 3 filmes) e esse nem é o grande ponto em um review de compilados chegando a outras plataformas, mas mesmo entre os problemas, a série Kingdom Hearts vale muito a pena e recomendo de olhos fechados para qualquer um.
Mas aqui vem uma das críticas: o preço. A 1.5 + 2.5 HD ReMix traz 4 jogos (e dois filmes) e é um pacote que eu acho fantástico, mas custa R$ 220, um valor salgado. Já a 2.8 é ainda mais cara, por R$ 250, e traz ainda menos: um jogo menor de 3DS (que é muito bom, mas menor), um game prólogo extremamente curto e um filme.
Kingdom Hearts 3, por ser mais moderno, com mais conteúdo e ainda com uma carinha de “jogo novo”, sai por R$ 250 também. A realidade é que o preço deles poderia ser mais barato ou, pelo menos, existir um pacote que traga a experiência completa em um valor mais camarada.
Ao menos as coletâneas e KH3 são vendidas separadamente e você pode ir adquirindo aos poucos, mas pensar que o pacote completo sai por R$ 720 é difícil de defender (atualmente há uma promoção de lançamento que oferece tudo por “só” R$ 498).
Kingdom Hearts traz (quase) a mesma experiência da Epic
Se você já jogou Kingdom Hearts na Epic (na verdade, até no PS4 ou Xbox One), o que vai encontrar na versão da Steam é basicamente a mesma coisa: os mesmos jogos, até os mesmos problemas na versão de PC e até o mesmo preço em relação à Epic Games. Mas há algumas exceções.
A primeira delas é que os jogos da coletânea 1.5 + 2.5 HD ReMix receberam uma atualização gráfica sutil, mas bem-vinda: o upscaling de resolução das texturas. Entretanto, fica o asterisco: com o lançamento na Steam, todos os Kingdom Hearts elegíveis da Epic Games também receberam esse update.
Esse é um ponto que pode dividir a base de jogadores. Para os menos puristas (e me enquadro aqui), é legal ver que diversas texturas são muito melhores, mais detalhadas e realçam detalhes perdidos da era PS2, que dependia de uma TV de tubo para mesclar certos elementos da renderização – e que, em resoluções mais altas, a magia se quebra.
Em contrapartida, alguns fãs podem achar que é um trabalho que descaracteriza o material original, especialmente porque o upscale foi realizado com IA e, apesar de a grande maioria dos resultados ser bem satisfatório, alguns textos do cenário e partes bem específicas mostram alguns borrões e partes específicas que a inteligência artificial não lidou tão bem.
No geral, acho que é algo muito satisfatório e o tipo de trabalho que é perfeito para que a IA ajude os desenvolvedores – afinal, seriam milhares de texturas refeitas à mão que, no fim das contas, só comparativos lado a lado exibiriam a evolução. Ponto para a Square e digo mais: isso deveria acontecer mais vezes e em outras remasterizações.
E temos também a segunda mudança: por estar na Steam, a coletânea Kingdom Hearts agora tem backup de save em nuvem naturalmente e não requer nenhum tipo de conexão online para funcionar. Porém, isso é mérito da Valve do que da Square Enix, mas vale citar.
Infelizmente, problemas antigos estão de volta
No geral, os jogos de Kingdom Hearts para PC são um prato cheio para qualquer um: muito conteúdo, muitos jogos com propostas diferentes e uma só história para se deleitar. Entretanto, quando chegou em 2021 na Epic Games, os ports tiveram alguns problemas e muitos deles não foram corrigidos até hoje.
Infelizmente, isso também se aplica à versão da Steam. Entre os problemas, os mais proeminentes são nos jogos da coletânea 1.5 + 2.5 HD ReMix (e, consequentemente, os mais antigos).
Um deles é os títulos crasharem de tempos em tempos, algo que, possivelmente, está atrelado à taxa de framerate maiores e placas AMD. No meu PC principal, que tem uma RTX 4090 e um i7-13700K, não tive nenhum tipo de travamento, mas no meu ROG Ally estava quase impossível jogar acima de 60 fps sem ter um crash a cada 30 a 60 minutos.
Esse é um bug já conhecido, que afeta principalmente algumas placas AMD e, pelo jeito, o ROG Ally também (que usa o Z1 Extreme, também da AMD). Anteriormente, havia um mod que corrigia esse problema, mas como a versão da Steam é nova, ele ainda não é compatível – mas a realidade é que não faz nenhum sentido o público criar soluções.
Outro incômodo que tive foi o Alt + Tab que, ao pressionado, SEMPRE troca o jogo para o modo janela e em uma resolução completamente diferente do meu monitor. É irritante e envolve manualmente ir ao menu para mudar novamente, algo que é impossibilitado durante cutscenes.
O framerate também foi algo que me trouxe aversões. Apesar de o 1, Chain of Memories e 2 rodarem bem em 60 fps nos consoles, no PC temos algumas inconveniências: ter a taxa de quadros desbloqueada e sem V-Sync traz flutuações enormes entre algumas áreas e cutscenes, mas travar em algum número, como 60 ou 120, causa stuttering.
O grande vilão, aparentemente, é ter algum tipo de VRR ativo no seu monitor ou TV, como Freesync ou G-Sync. Além disso, apesar de você ter opções de 120 fps ou até mais, os frames se tornam interpolados e tem uma ordem de exibição errada, criando ghosting e movimento de câmera incompatível com a taxa de atualização (e isso causa estranheza).
Conforme mencionado, esses problemas são muito mais comuns (ou até exclusivos) em Kingdom Hearts 1.5 + 2.5 HD ReMix, mas Dream Drop Distance, da coletânea 2.8, também sofre respingos desses defeitos técnicos. Já Kingdom Hearts Birth by Sleep 0.2 e Kingdom Hearts 3 são feitos na Unreal Engine 4 e não há reclamações.
Inclusive, aqui vai um ponto positivo entre as críticas: todos os games são leves de rodar, mas o maior elogio fica com o terceiro título: no ROG Ally, por exemplo, foi muito tranquilo rodar com tudo no Alto em 900p e ainda ter taxas de quadro acima de 60 fps (de certa forma, acaba sendo mais bonito jogar aqui do que no PS5 via retrocompatibilidade).
Nenhuma grande modernização
Além de herdar problemas antigos da Epic Games, os Kingdom Hearts na Steam também não trouxeram algumas modernizações comuns atualmente para PC. Como ponto positivo, o único é a opção de jogar com teclado e mouse se desejar.
No geral, não temos adições de DLSS e FSR, mesmo nos jogos mais recentes que rodam na Unreal Engine 4 (por lá, eles ainda dependem de TAA e FXAA). E, curiosamente, também não há suporte para algumas proporções de tela.
Não ter suporte para Ultrawide era esperado, especialmente nos títulos mais antigos, mas é estranho que widescreen funcione, mas não 16:10, por exemplo. Nesse aspecto, a coletânea merecia um pouco mais de atenção.
Kingdom Hearts Collection da Steam vale a pena?
No geral, os jogos de Kingdom Hearts para PC são excelentes opções para se aventurar na franquia. Para ser honesto, grande parte dos problemas que existem em alguns dos jogos não me afetaram, mas eles existem e foram comprovados em outro PC.
No fim do dia, muitos deles são passáveis e, para alguns jogadores, sequer dá para notar se não tiver um olho afiado. Entretanto, os crashes podem ser um empecilho muito grande, especialmente em Kingdom Hearts 1.5 + 2.5 ReMix, e a solução de usar mods para resolver é inaceitável.
Em outras palavras, os jogos são ótimos, o conteúdo é riquíssimo, há centenas de horas que valem a pena em uma experiência espetacular, mas há problemas técnicos que podem assombrar o jogador e exigir um esforço além do comum para ter tudo redondinho.
É um excelente pacote, mas não é tão “plug and play” quanto vimos nas versões de console dependendo do seu setup. Portanto, é necessário colocar isso na balança, especialmente pela falta de legendas PT-BR e o preço tão salgado para o bolso do brasileiro.
Kingdom Hearts da versão Steam foi gentilmente cedido pela Square Enix para a realização desta análise.
Kingdom Hearts Steam Collection
Publisher: Square Enix
Desenvolvedora: Square Enix
Plataformas: PC (Steam)
Lançamento: 13/06/2024
Tempo de review: 15 horas
Kingdom Hearts na Steam oferece conteúdo de altíssima qualidade, mas alguns problemas técnicos assombram a experiência
Prós
- 7 jogos de qualidade extrema
- Todos os títulos em ordem para entender a trama
- Fora os bugs, bem otimizado e roda em PCs modestos
- Centenas de horas de conteúdo para aproveitar
Contras
- Bugs antigos continuam a incomodar
- Sem grandes modernizações, como DLSS ou Ultrawide
- Preço salgado e sem legendas PT-BR
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