Review: Persona 3 Reload dá cara de P5 ao clássico JRPG
Modernização de Persona 3 Reload torna o icônico jogo mais palatável para os fãs dos Phantom Thieves
empre é interessante quando um jogo mais antigo ganha um remake. A quem exatamente ele serve em primeiro lugar? Aos veteranos ansiosos por revistar um clássico repaginado, ou aos marinheiros de primeira viagem querendo conhecer algo novo?
No caso de Persona 3 Reload, parece seguro afirmar que ambas as demografias são bem servidas, mas em diferentes níveis. Se você, como tantos outros, aproveitou o boom de popularidade de Persona 5 para ser apresentado a esse universo e aí ficou com gostinho de quero mais, esse jogo é para você sem grandes ressalvas.
Afinal, a jornada dos Phantom Thieves serve descaradamente de base para o novo padrão estético do remake, uma decisão que engloba desde os modelos de personagens e suas ilustrações até a estética dos menus de pausa e de combate.
Por outro lado, isso talvez incomode quem cresceu desbravando o Tártaro e tem a Hora Sombria enraizada na sua rotina. Os mais puristas podem torcer o nariz para essas mudanças mas, no fim das contas, é preciso ser pragmático também: as antigas versões ainda estão lá para quem quiser jogá-las.
As muitas faces de Persona 3
O próprio Persona 3 Portable, ou P3P (originalmente um título de 2010 no PSP) está facilmente disponível em todos os consoles caseiros da atual geração sem problemas e é uma excelente pedida para quem quiser fazer um comparativo mais direto e se chocar com as diferenças. Lá, a pegada é meio de apontar e clicar até.
Antes dele, também foram lançados Persona 3 (PS2, 2006) e Persona 3 FES (PS2, 2008). Pode parecer um pouco confuso, e talvez seja mesmo, mas Persona 3 Reload usa como base essa jogabilidade mais livre, em que podemos andar e ver os modelos de personagens o tempo todo nos cenários.
Falando em liberdade, o tema recebeu atenção especial por aqui: nunca foi tão intuitivo e gratificante explorar a escola e seus arredores quanto nesse remake. Não apenas pela evolução gráfica, mas também pela otimização geral e design aprimorado.
Sequências que antigamente eram apenas cutscenes passivas, agora são plenamente jogáveis. É um detalhe que pode parecer bobo no papel, mas na prática ajuda o jogador a sentir que tem mais agência sobre tudo e moderniza um pouco mais o loop de gameplay.
A se lamentar, apenas a falta do epílogo The Answer do P3FES, que foi removido. para ser vendido à parte. Ele estar aqui valorizaria bastante o pacote como um todo.
Um jogo que certamente não sofre com apatia
Nessa salada de diferentes sabores e versões de Persona 3, há coisas para se gostar e algumas omissões para se lamentar. Entre os aspectos mais positivos, você agora pode controlar todos os membros da sua party, como acontecia em P3P (de quebra, com o bônus de ter todo o ritmo e fluidez vindos de Persona 5).
Isso facilita bastante o jogo mesmo nas dificuldades mais altas, então se você for bem experiente, não hesite em selecionar o maior nível de desafio quando tiver essa opção logo no começo. Acredite, veteranos terão muitas ferramentas à mão para lidar com esses desafios, e só devem penar mais nos chefões.
Infelizmente, a opção de jogar com uma protagonista mulher e usufruir de diferentes social links com ela não está presente em Persona 3 Reload. Mas, veja só, novamente há novidades para compensar isso. A minha favorita é como o Tártaro foi intensamente retrabalhado.
Além das melhorias de ritmo na exploração e mapa, a direção de arte consegue evocar melhor as temáticas com as quais os personagens estão lidando. Vale o alerta: a série nunca teve medo de mexer com temas considerados tabu, e Persona 3 Reload trata de assuntos bem mais pesados que os de P5.
Entre as mecânicas, a remoção da fadiga veio bem a calhar, e até o ato de fechar uma luta com um All-Out Attack ficou mais divertido com a adição de telas finais super estilosas. A câmera livre no dormitório e na escola ajuda demais na imersão e a conhecer e interagir melhor com os seus amigos e interesses românticos, e eu aprecio profundamente poder interagir mais e melhor com eles nas horas que passamos juntos sob o mesmo teto graças às novas atividades colocadas lá.
Por fim, a trilha sonora de Persona 3 Reload dá um verdadeiro show e facilmente figura entre as melhores composições e remixes de uma franquia que já possui um padrão de qualidade altíssimo. Não se surpreenda se sair por aí cantarolando as suas melodias mesmo nas horas vagas, hein?
A equação de Persona 3 Reload
Enquanto eu escrevia esse review, o nosso querido editor Bruno Micali, que adora Persona 5, me perguntou em off se valia a pena ou não se aventurar por Persona 3 Reload mesmo não tendo clicado tanto assim com os Persona 4 e 3 anteriormente, o que acabou inspirando uma resposta curiosa que replico aqui:
P3R é justamente o P3 para quem quer mais P5. Só que puristas ainda podem achar P3F ou P3P > P3R.”
Ou seja, na minha visão os jogos originais eram obras melhores no contexto de seus lançamentos; eram mais inovadores e ousados, enquanto Persona 3 Reload sacrifica a estética e ritmo (um tanto datados, é bem verdade) dos velhos jogos em favor de se aproximar do título mais popular da série.
Dependendo do seu perfil, isso pode ser uma notícia maravilhosa ou algo um tantinho decepcionante.
Mas uma coisa não dá para negar: concorde ou discorde do direcionamento que a Atlus deu para Persona 3 Reload, ela caprichou demais e soube muito bem como modernizar o seu clássico JRPG. Imperdível para entusiasta do gênero, nessa ou em qualquer outra versão.
Persona 3 Reload
Publisher: SEGA
Desenvolvedora: P-Studio
Plataformas: PC, PS5, PS4, Xbox Series X/S, Xbox One
Lançamento: 02/02/2024
Tempo de review: 75 horas
Um dos jogos mais queridos pelos fãs, Persona 3 Reload ganha o tratamento de Persona 5 ao modernizar os seus sistemas, artes e estética em geral. JRPG para ninguém botar defeito.
Prós
- Uma das melhores trilhas sonoras da série
- Bela modernização da câmera e visual
- Muitas melhorias de ritmo e otimização de sistemas
- Mais dublagem, mais personagens e mais atividades!
- Jornada longa, gratificante e viciante
- Narrativa arrebatadora
Contras
- Pegou um pouco demais do DNA de Persona 5
- Ausência da avatar feminina
- Epílogo The Answer vendido à parte
- Novos recursos facilitaram demais o jogo
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