Review: The Last of Us 2 Remastered revê obra-prima embalada em rogue
Há um conjunto de novidades em The Last of Us 2 Remastered, mas o brilho prevalece na campanha
uase 4 anos depois, The Last of Us 2 Remastered representa, enfim, o tratamento remasterizado da obra-prima lançada em 2020 no PS4. A espera não foi exatamente curta e, para equilibrar um pouco a gangorra, a Naughty Dog adicionou algumas novidades ao pacote.
Com novos conteúdos jogáveis, incluindo um inédito modo rogue – batizado de “No Return”, ou “Sem Volta”, no bom português –, skins estreantes e melhorias técnicas, o upgrade a essa versão sai por R$ 50 a quem possui o game no PS4.
Curiosamente, no meio desse bolo, um conhecido ingrediente acaba prevalecendo: a brilhante campanha, tida por muitos como obra-prima suprema do estúdio da Sony, segue sendo o principal cartão de visita do conjunto. Vamos às novidades.
Em resumo, The Last of Us 2 Remastered oferece 6 novidades
É possível encapsular o que The Last of Us 2 Remastered oferece em seis opções inéditas:
- O modo No Return, que é a resposta “rogue” da Naughty Dog à tendência desse subgênero;
- A função Speedrun, que cronometra o tempo de sua jogatina e já foi implementada na reconstrução do primeiro The Last of Us, lançada em 2022 no PS5;
- O “Guitar Free Play”, que abrevia a experiência musical do jogo num modo reservado exclusivamente ao esmerilhar de dedos no violão;
- Os “Lost Levels”, isto é, “Níveis Perdidos”, pela tradução oficial, apresentam alguns trechos cortados do desenvolvimento original, concebidos como rascunhos “jogáveis” ao fã;
- Comentários de desenvolvedores, incluindo o diretor, Neil Druckman, e a chefe de narrativa, Halley Gross;
- Novas skins para armas e personagens.
Das modalidades acima, a maior expectativa reside em No Return, que é a abordagem da Naughty Dog para a ascendente popularidade dos roguelites/roguelikes.
O prometido modo rogue: e aí?
No Return inclui um cardápio de personagens a serem escolhidos e vários desbloqueáveis – e sim, Joel está entre eles! Cada qual oferece seus próprios atributos e estilos particulares de jogo, mantendo um gameplay que pode ser furtivo, ofensivo ou misturado, ao gosto do jogador.
Cada confronto traz regras e fatores inesperados, bem como recursos, armas e inimigos aleatórios, como manda a cartilha de um rogue. Alguns podem identificar um problema de “ritmo” justamente nessa estrutura: o progresso, separado em “fases”, traz uma pausa mais atípica entre cada encontro, e as armas de fogo não apresentam diferenças tão gritantes para sua performance, deixando um sabor mais apático para aquele gostinho de “surpresa” que os rogue tipicamente trazem. Ainda que possa ficar aquém de outros rogues, a modalidade certamente é capaz de entreter os que buscam um “gunplay” mais acentuado e tem sua competência.
Se vale a pena para quem está se deparando com a sequência da saga de Joel e Ellie pela primeira vez, a resposta é um brado “com certeza”
É inevitável comparar esse trabalho de The Last of Us 2 Remastered com aquele realizado por outra equipe da Sony, a Santa Monica, em sua surpreendente expansão grátis Valhalla, de God of War Ragnarok. Esse conteúdo adicional não só conecta Kratos com seu passado na Grécia como também é um banquete de competência técnica em toda sua execução: os cenários todos “costurados”, sem pausas que quebrem o ritmo – e que preenchem os “vazios” de combate com exploração –, a estreia de NOVOS inimigos, alguns deles vindos de terras gregas (alô, Ciclope), chefes também inéditos e uma certa espada lendária que reacende Kratos ao seu turbulento passado.
De lambuja, há uma devolutiva de história muito honesta em Valhalla, enquanto o rogue de The Last of Us 2 Remastered não dá esse mesmo mimo.
Mais bastidores – para quem curte
Informações de bastidores podem ser chamativas a alguns e indiferentes e outros, uma vez que colocam luz a certos fatos e curiosidades que só quem vivenciou o dia a dia do desenvolvimento de um produto tão grande – e audacioso – pode contar.
The Last of Us 2 Remastered concede aos fãs novas visões da criação da aventura em comentários tecidos pelo diretor, Neil Druckmann, outrora desconhecido e agora um “popstar”, bem como relatos da chefe de narrativa, Halley Gross, e dos atores Troy Baker, Ashley Johnson e Laura Bailey (Joel, Ellie e Abby, respectivamente). Juntos, os artistas externalizam outros ângulos à história e a seus personagens.
Naturalmente, isso não adiciona qualquer elemento de gameplay, apenas enriquece a complexa criação desse universo. É um componente subjetivo que, aos olhos de alguns, se traduz como trivialidade, enquanto, na ótica de outros, agrega valor ao produto. Escolha o seu lado.
Resolução e performance aprimoradas
Como remasterização de um título de 2020 lançado em 2024 no PS5, The Last of Us 2 Remastered deslumbra gráficos melhorados em 4K nativo no modo Fidelidade, 1440p para 4K na opção focada em desempenho e taxa de quadros desbloqueada em TVs que suportam VRR, tecnologia que está, enfim, ganhando a tração que merece.
Isso resulta em texturas com volume ampliado de preenchimento, sombras mais delineadas, vegetação mais densa, maior taxa de sampling de animação e outros requintes. Quem usufruiu de The Last of Us 2 no PS4 Pro é testemunha ocular do quão lindo o jogo era já em 2020, portanto, o impacto da remasterização no PS5 pode não ser tão brutal.
Veredito
A pergunta cabalística que você fervorosamente vai buscar na internet é: vale a pena fazer o upgrade de R$ 50 para quem já possui a versão de PS4?
Considerando o sexteto de novidades de The Last of Us 2 Remastered e o salto técnico da aventura, e se você for muito fã, sim, inevitavelmente você fará esse upgrade, até porque a prática não é inédita pelo lado da Sony, que adotou o mesmo racional nas edições Director’s Cut de Death Stranding e Ghost of Tsushima.
Agora, se você nunca jogou The Last of Us 2 e está se deparando com a sequência da saga de Joel e Ellie pela primeira vez, a resposta é um brado “com certeza”, uma vez que o título se tornou referência em narrativa e apresentou notável evolução de gameplay em relação ao antecessor, com cadência, técnica e ampla imersão atmosférica, que ganha uma camada de capricho graças aos recursos do DualSense. O conjunto da campanha, ao menos na percepção deste que vos escreve, segue sendo um irretocável nota 100, portanto, convém lembrar que a nota aplicada a esta análise reflete a remasterização em si.
No entanto, num mundo em que Valhalla, o DLC de God of War Ragnarok, é um conteúdo grátis e absurdamente qualitativo, o comparativo será inevitável – e sim, o rogue de The Last of Us 2 Remastered vai ter seu charme, mais para alguns e menos para outros, mas Kratos sentou nesse trono antes de seu colega.
Ademais, a inesquecível campanha está ali, intacta e atemporal, e com certeza merece ser revisitada – se você tiver estômago para aguentar essa pancada psicológica novamente, é claro.
O jogo foi gentilmente cedido pelo PlayStation Brasil para a realização desta análise.
The Last of Us Part II Remastered
Publisher: Sony
Desenvolvedora: Naughty Dog
Plataformas: PS5
Lançamento: 19/01/2024
Tempo de review: 20 horas
O conjunto da campanha de The Last of Us Part II Remastered segue irretocável e brilha mais que No Return, o modo rogue
Prós
- Melhorias técnicas que incluem VRR
- O brilho maior prevalece na campanha, não nas novidades
- Boa dose de bastidores para quem gosta
- Bom aproveitamento do DualSense para pitada de imersão
Contras
- Modo rogue não é péssimo nem fantástico, fica no "ok"
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