Preview: jogamos Ruff Ghanor, uma das surpresas da BGS 2023
Baseado em obra 100% brasileira e oferecendo uma jogatina polida, Ruff Ghanor prepara bom terreno para estreia em 2024
urante a Brasil Game Show 2023, a equipe do Flow Games pôde experimentar uma série de jogos – entre títulos prestes a chegar e outros que só saem bem mais para frente. Para nossa surpresa, um dos games mais bacanas que conferimos por lá foi Ruff Ghanor, um deckbuilder roguelite 100% brasileiro.
Aproveitamos o dia da feira dedicado exclusivamente à imprensa e, ao longo de pouco mais de 20 minutos, tivemos um gostinho do que essa jogatina inspirada no universo do Nerdcast de RPG tem a oferecer. Bora lá que a gente conta tudo para você!
Este é Ruff Ghanor
Anunciado originalmente na BGS 2022, Ruff Ghanor voltou à edição deste ano do evento com uma demo bastante polida e que dá uma boa ideia do conteúdo que os jogadores terão em mãos quando o game for lançado.
De forma resumida, o projeto faz parte do ecossistema Jovem Nerd e adapta o primeiro livro da série “A Lenda de Ruff Ghanor” – uma trilogia escrita pelo romancista Leonel Caldela e baseada na primeira aventura do Nerdcast de RPG – para um jogo de cartas com elementos de RPG e dos viciantes roguelites.
Na prática, isso significa que você precisa coletar cartas para montar um baralho poderoso e que dê conta de ajudar o jovem clérigo Ruff Ghanor (e seus aliados) a derrotar hordas de invasores e enfrentar o dragão vermelho Zamir para finalmente liberar suas terras da criatura tirana. Se parece uma daquelas histórias de fantasia no estilo capa e espada – e magia –, você acertou na mosca.
Felizmente, o game sai do lugar-comum e não só apresenta uma personalidade própria como também oferece uma jogatina de primeira categoria.
Degustando essa aventura
Na demo disponibilizada na BGS deste ano, começamos a história literalmente pelo começo, com Ruff encarando alguns perigos menores no entorno do mosteiro de São Arnaldo.
Inicialmente, o clérigo tem apenas alguns poucos golpes à sua disposição, em sua maioria ataques físicos que dão cabo de monstros que surgiram na região. Logo, no entanto, criaturas mais poderosas – e numerosas – acabam aparecendo nos encontros seguintes, adicionando naturalmente camadas extras de desafio e estratégia à campanha.
A boa notícia é que os adversários mais fortes chegam ao mesmo tempo em que o herói recebe a ajuda de mentores e amigos, conquista novas cartas ofensivas – que dão mais dano em um único inimigo ou acertam múltiplos oponentes – e desbloqueia poderes divinos.
Pois é, como um bom clérigo, Ruff Ghanor pode utilizar magias sagradas que usam do recurso Fé para causar efeitos realmente impactantes. Isso vale tanto para feitiços ofensivos e maldições contra seus opressores até curas em massa e buffs para o seu grupo.
Ruff Ghanor pode utilizar magias sagradas que usam do recurso Fé para causar efeitos realmente impactantes.
No trecho que experimentamos, o desafio se mostrou bem equilibrado e cadenciado, permitindo ainda que, ao fim dos combates, você escolha se quer ganhar novas cartas para o seu arsenal ou se prefere juntar pontos para upgrades futuros – não disponíveis na build.
Um pouco de porrada, um pouco de papo
Seja no mapa aberto – que funciona ao bom e velho estilo Mario Bros., apresentando apenas diferentes caminhos e pontos de interesse – ou até mesmo durante as lutas, textos descritivos e diálogos acontecem a todo o momento para te situar no mundo e fazer com que a trama avance adiante.
Como se trata da adaptação de uma obra literária para os games, nada mais natural que essa carga dramática extra seja incluída (de forma bastante efetiva) ao longo do gameplay. Conversas entre Ruff e seus aliados e até trocas de insultos com os inimigos ajudam a dar o tom do universo do jogo e de seus personagens.
Mais bacana ainda é o fato de que, ao acessar algumas das fases, você acaba se deparando não com uma arena de confronto, mas sim com alguma cena puramente de bate-papo. Esses segmentos se aprofundam ainda mais no enredo e trazem opções de respostas e reações à la Baldur’s Gate 3 – guardadas as devidas proporções, é claro.
Infelizmente, não sabemos dizer o quanto essas escolhas afetam a progressão do personagem ou os rumos da história, mas é um elemento interessante e que ajuda a dar aquele respiro entre os encontros mais violentos.
Ruff Ghanor é jogatina familiar
Em questão de gameplay, Ruff Ghanor não deve apresentar grandes curvas de desafio para quem vem de outros deckbuilders ou de roguelites – ou de ambos.
De forma geral, o game desenvolvido pela DX Gameworks se distancia mais de referências icônicas dos card games digitais, como Hearthstone ou mesmo Magic the Gathering, para abraçar as modernidades e a flexibilidade de títulos como Thronebreaker e, é claro, o megapopular Slay the Spire.
Do spin-off de Witcher ele pega muito da visão geral de mundo e do modo de contar história. Na hora da batalha, no entanto, as cartas não são os personagens que trocam sopapos, mas sim atalhos e habilidades usadas pelos heróis na hora de encarar perigos cada vez maiores.
Cada combatente tem uma determinada quantidade de energia por turno e precisa gerenciar as cartas em sua mão – todas com um custo próprio – para realizar ataques, se defender ou utilizar magias. Quando os rounds são reiniciados, o jogo automaticamente saca novas cartas aleatoriamente do monte, com essa dinâmica sendo repetida até que você (ou seu inimigo) saia vitorioso.
Uma série de mecânicas, efeitos avançados e um sistema de buffs e debuffs garantem que a jogatina de Ruff Ghanor não caia no marasmo de um “toma lá, dá cá”. Em alguns combates, por exemplo, você pode ter um timer definido para acabar com o oponente ou acabar tendo que se preparar para reduzir ao máximo o dano de um ataque devastador, aumentando consideravelmente o senso de urgência da peleja.
Não parece haver um tempo limite para as suas jogadas no turno, o que permite que o jogador pense bastante para realizar combos e escolher os alvos certos antes de finalizar o round. Mesmo assim, se acontecer de você morrer, é possível retornar ao último ponto mantendo parte dos seus avanços na campanha – o elimina a sensação de frustração e possibilita uma revanche mais favorável para sua party.
Tá redondinho, hein?
Reforçando o que dizemos no começo desta prévia, o polimento do material de Ruff Ghanor apresentado na BGS 2023 é tão grande que, ao que parece, o jogo está muito próximo de ser finalizado e ser disponibilizado para o público geral.
Conferindo cartas, cenários, mapas e personagens, toda a parte de arte está quase impecável, com ilustrações bonitas e que parecem ter sido feitas à mão. Embora não sejam tão detalhadas como as do game da Capcom, as ilustrações e animações dos heróis lembram o que foi visto no clássico Dragon’s Crown.
Toda a parte de arte está quase impecável, com ilustrações bonitas e que parecem ter sido feitas à mão.
A dinâmica de golpes e a movimentação de personagens nas batalhas, aliás, estão bastante fluidas e trazem o impacto necessário para trazer aquela dose de dopamina quando você acerta um golpe. No geral, sentimos falta apenas de um contraste maior entre aventureiros e monstros em relação ao cenário de fundo. A impressão é de que uma silhueta mais bem definida ou tons diferentes entre o que está em 1º e 2º plano ajudariam um pouco mais nesse aspecto.
Também não notamos nenhum travamento, lentidão ou coisa do tipo, e até mesmo os bugs ficaram de fora da nossa experiência com Ruff Ghanor.
O único aspecto do título que não podemos julgar? O som. Quando testamos a demo, infelizmente, não havia nenhuma saída de som para o game. Com isso, não podemos dizer se a jogatina traz uma trilha massa, efeitos sonoros imersivos ou coisas do tipo. Porém, considerando a importância que Jovem Nerd e Azaghal dão ao áudio nos Nerdcasts de RPG, é de se imaginar que o nível do quesito nesta produção também esteja alto.
Fique de olho em Ruff Ghanor
Por mais que tudo esteja nos trinques, a verdade é que Ruff Ghanor ainda não tem uma data de lançamento. Mas não precisa ficar chateado, uma vez que, segundo os criadores da obra original e o estúdio por trás do game, o jogo deve chegar no início de 2024 para virtualmente todas as plataformas: PlayStation, Xbox, Nintendo Switch e PC.
Até lá, você pode mostrar seu interesse pelo produto colocando Ruff Ghanor na sua Lista de Desejos da Steam ou do site da Nuuvem. Nesta segunda loja, o título já está em pré-venda com um desconto de 14%, pelo valor de R$ 47,99.
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