Review: Infinity Strash revive a nostalgia do anime Fly de forma simples
Infinity Strash transforma Dragon Quest em um RPG de ação bem levinho para todas as idades
em dúvidas, Dragon Quest é uma das séries mais importantes da história dos videogames. Os seus jogos são um verdadeiro pilar dos JRPGs e, por que não, das aventuras digitais como um todo, estabelecendo muitas das bases e convenções do gênero.
Com dezenas de capítulos tanto na franquia principal como no que diz respeito a jogos derivados, como é o caso de Infinity Strash, milhões de cópias vendidas por todo o planeta, e personagens facilmente reconhecíveis, ela dispensa apresentações. Ou pelo menos deveria.
Os leitores mais velhos aqui do Flow Games talvez tenham tido o seu primeiro contato com a marca no clássico anime Fly O Pequeno Guerreiro (ou Doragon Kuesuto Dai no Daibouken, no original em japonês).
Fly e Dai são o mesmíssimo personagem, mas o seu nome foi alterado em alguns mercados devido às similaridades entre a pronúncia de Dai e o verbo Die (morrer) em inglês, então muita gente cresceu sem nem saber a qual franquia ele pertencia.
Como era difícil encontrar os jogos nas locadoras e lojas da época, e a falta de localização ainda era um grande fator, Dragon Quest demorou para receber o devido reconhecimento nas Américas, o que é uma pena, considerando a alta qualidade de seus jogos.
Mesmo agora, na jornada auto-contida de Infinity Strash Dragon Quest The Adventure of Dai (Ufa, que título gigante, né?), a Square Enix nem localizou o jogo para português, talvez imaginando que não teria tanta gente animada com o jogo por aqui?
Seja como for, o fato é que Infinity Strash existe para dialogar diretamente com a galera que tem carinho pelo anime, e não necessariamente com os outros jogos, apostando em uma estrutura bem simples e direta de RPG de ação para todas as idades.
Para jogar comendo salgadinho e tomando refri
Baseado no anime que estreou em 2020, e não no que foi transmitido por aqui no SBT, o jogo é claro e honesto em seu objetivo: nos convidar a reviver os principais momentos da série desde o seu primeríssimo episódio, ainda que, muitas vezes, em papel bem passivo.
Na maior parte do tempo da campanha, estruturada em capítulos subdivididos em várias fases, você vai assistir a uma espécie de visual novel. Eu não quero necessariamente usar uma carga pejorativa com isso, mas sim ser realista sobre o que esperar.
O trabalho de dublagem é muito bom e as vozes ajudam a dar vida às cenas, mas o fato é que o grosso das cutscenes — e são muitas delas! — envolvem imagens estáticas embaladas em um filtro retrô e “sujo” que ajuda a dar uma cara de filminho ao pacote.
Eu não cronometrei, mas imagino que quase metade do tempo de jogo gire ao redor dessas cenas, já que as fases de ação que as cercam são bem curtas. É quase como se o loop de gameplay orbitasse a ideia de “recompensar” o jogador com mais cenas sendo liberadas.
Lutas simples, objetivos diretos
Não seria justo limitar as partes de gameplay ativo ao rótulo de Arena Fighter 3D, mas o fato é que muitas de suas fases se passam em espaços bem limitados onde é preciso derrotar um só inimigo para progredir, normalmente um chefão com grande barra de vida.
Você e seu grupo de aliados precisam usar golpes normais, magias e itens, elementos mais associados a RPG, para superar os desafios, gerenciando os recursos com sabedoria e controlando os cooldowns para capitalizar no dano na hora certa.
A natureza relativamente claustrofóbica desses segmentos acaba tornando as missões um pouco repetitivas, especialmente porque vários chefes precisam ser enfrentados mais de uma vez em curtos intervalos entre as fases de cutscene e de ação.
Também há níveis sem chefões, mas o seu espaço de exploração não é lá tão grande assim também, e normalmente você só precisa ir de uma extremidade à outra do cenário, ou quem sabe eliminar todos os inimigos no caminho para concluir o objetivo.
Às vezes até há um pouco mais de variedade, como em pequenos labirintos onde Infinity Strash o incentiva a jogar de forma mais furtiva, mas o grosso dos segmentos de ação parecem mais com pílulas de diversão para se consumir em pequenas doses.
Infinity Strash oferece um RPG bem levinho
Avançar pelas missões faz os personagens subirem de nível, e a distribuição de pontos de atributos é automática, então você provavelmente vai conseguir zerar sem precisar fazer grinding ou cálculo algum.
Mas se por qualquer motivo você sentir que a campanha está ficando difícil demais, logo cedo é liberado um modo de exploração livre no qual você pode revisitar cenários em busca de mais pontos e poderes, uma opção legal para ajudar outros perfis de jogadores.
Embora também seja possível equipar diferentes roupinhas e magias, o grosso do tempo gasto no menu de customização de heróis vai ficar com as “Bond Memories”. Essas tais memórias de vínculo são liberadas aos poucos e garantem boosts específicos de atributos.
Há muitas delas para você colecionar, equipar e combinar, e slots limitados para equipá-las, então o elemento mais denso de RPG consiste em experimentar diferentes sets. E se isso é o mais parrudo, já deu para sacar que o jogo é bem levinho nesse departamento, certo?
Mais recomendado para os fãs de Fly mesmo
Conforme você avança pela história principal, também libera mais andares para explorar no Temple of Recollection, uma área à parte onde é possível explorar centenas de salas cheias de inimigos e desafios em busca de recompensas e tesouros.
Por mais que seja bom ter um pouco de variedade de modos e trabalhar para tentar completar a coleção de memórias, não chega a ser o suficiente para trazer o frescor e variedade necessárias para garantir longevidade a Infinity Strash.
Até porque as lutas que você encara lá são praticamente um repeteco das batalhas da campanha principal, apenas com um novo cenário de fundo e outras combinações de inimigos ou pequenos desafios de tempo aqui e ali, nada demais.
Com tudo isso, a impressão que fica é que Infinity Strash mira bem baixo e só quer oferecer um rpg de ação levinho para os fãs de Fly reviverem algumas das suas memórias e cenas favoritas. E isso ele consegue fazer!
Como a apresentação visual ficou legal, com o mundo bem colorido e lindos modelos de personagens em ação, fortalecer esse vínculo deve fazer os fãs encontrarem momentos bem gostosinhos. Para os demais, talvez seja melhor buscar outro RPG…
Infinity Strash Dragon Quest The Adventure of Dai
Publisher: Square Enix
Desenvolvedora: KAI Graphics Inc
Plataformas: PC, Nintendo Switch, PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X/S
Lançamento: 28/09/2023
Tempo de review: 12 horas
Infinity Strash mira baixo e consegue entregar muita nostalgia para os fãs de Fly, mas quem busca um RPG de ação mais parrudo e completo pode se decepcionar com a falta de recursos
Prós
- Muitas nostalgia para fãs do anime
- Ótima dublagem
- Modelos de personagem bem feitos
- Diversão simples, objetiva e direta
Contras
- Muito tempo gasto só com cutscenes
- A maioria das cenas são só um slideshow
- Sem localização em português
- Fases curtas e simples demais
- Falta de desafio e profundidade para o RPG
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