Review: Sea of Stars é um mergulho em um mar turbulento de nostalgia
Bem intencionado e inspirado no clássico Chrono Trigger, Sea of Stars é lindo, mas não alcança os gigantes do gênero
ifícil olhar para Sea of Stars e não sentir uma profunda simpatia pelo projeto de cara. Seja pela apresentação soberba, sua interessante demo grátis, ou mesmo pela bem conduzida campanha no Kickstarter, tudo implora pelo seu carinho e boa vontade.
Com explícita inspiração em clássicos como Chrono Trigger, Super Mario RPG e Illusion of Gaia, a desenvolvedora Sabotage Studio (também responsável por The Messenger) ainda chamou o compositor Yasunori Mitsuda, lenda dos JRPGs, para ajudar em algumas faixas.
Não há dúvidas de que sobra coração e capricho por tantos os cantos do projeto, então… por que ele nunca alcança o brilhantismo dos jogos lendários que o inspiram? Não há uma resposta simples para isso, e vamos discutir a questão no nosso review completo a seguir!
Nos ombros de gigantes
Logo de cara, ter Chrono Trigger como principal inspiração é uma faca de dois gumes. Afinal, para muitos esse é o JRPG supremo e um dos melhores jogos já feitos, e tentar evocar a sua nostalgia pode acabar rendendo expectativas altas até demais.
Por exemplo, quando você navega pelo site oficial de Sea of Stars ou assiste ao seu documentário de bastidores, provavelmente vai se admirar com o empenho dedicada na produção de artes e personagens.
Mas como você pode sonhar em “competir” com o dream team que trabalhou em Chrono Trigger, incluindo designs da lenda Akira Toriyama (de Dragon Ball e Dragon Quest), além dos ótimos Hironobu Sakaguchi e Yuji Horii?
A inspiração em Chrono Trigger é uma faca de dois gumes.”
Em muitos sentidos, a forte inspiração em Chrono Trigger acaba sendo muito mais uma maldição do que uma bênção. Achei muito difícil me importar com os personagens principais e com o mundo do jogo, um problema que vai além dos designs e envolve o próprio texto.
Sea of Stars zarpa lentamente…
Quem é mais versado em (J)RPGs sabe que, via de regra, eles começam bem devagarinho mesmo, até porque precisamos ser apresentados ao mundo e seus personagens, mas Sea of Stars abusa um pouco da boa vontade do jogador.
A história acompanha principalmente a dupla Valere e Zale, os Guerreiros do Solstício, desde a sua infância, quando são separados de seu querido amigo Garl para iniciar um longo e extenuante treinamento, até a fase adulta, já como poderosos heróis.
Tudo é bastante linear e a campanha não oferece muitas possibilidades de exploração até pelo menos umas boas 10h de gameplay (pouco mais de um terço da duração total da história), quando você enfim poderá explorar o mundo no seu próprio ritmo.
Não que isso importe muito também, já que dificilmente há bons motivos para investir em atividades paralelas, especialmente porque o sistema de níveis e equipamentos não importa tanto assim, um problema visto também no recente Final Fantasy XVI.
Ao longo da história você vai subir muito, muito pouco de nível mesmo que faça todos os encontros de combate pelo caminho e converse com todo mundo. A minha impressão foi a de estar upando mais ou menos um nível por hora, se tanto!
Não há grinds mas, por outro lado, o sistema de níveis não é recompensador ou profundo.”
Erros e acertos como RPG
Como subir de nível já dá um boost considerável nos seus atributos universalmente, a gerência do jogador não importa tanto assim no fim das contas. A cada nível você pode escolher uma entre quatro opções de pontuação extra, com poucas mudanças práticas.
Upar a mana, vida, defesa mágica, defesa física, ataque mágico ou ataque físico mal faz diferença, já que o desafio do jogo é menos focado nos números, e mais interessado em dinâmicas em tempo real, como popularizados na franquia Paper Mario.
A diferença entre vitória e derrota reside muito mais em conseguir potencializar o seu dano apertando o botão de ataque na hora exata do contato, ou similarmente, apertando o botão de defesa no instante preciso do golpe inimigo para dar parry.
Potencializar as suas magias acertando o timing exato é imensamente mais importante do que buscar por equipamentos e atributos, até porque você provavelmente sempre terá dinheiro para comprar tudo o que quiser nas lojas pelo caminho.
Mesmo sem muita dificuldade, alguns encontros contra chefes, especialmente, oferecem lutas mais criativas e que exigem pensamento e estratégia do tipo “ok, por onde eu devo começar a atacar para minimizar o dano sofrido?”
Dominar o timing dos comandos importa mais que os seus stats.”
Várias lutas com lacaios, por outro lado, pecam pelo marasmo e longo trabalho braçal, seja em hordas de inimigos que insistem em invocar ajudantes, ou mesmo pela abundância de “magos” que ficam se curando entre si mais rápido do que você consegue atacar.
O brilho de Sea of Stars
Sea of Stars também possui algumas sacadinhas próprias legais: é interessante que a principal forma de recuperar mana seja desferindo ataques físicos nos seus inimigos (embora também seja possível fazer isso com os consumíveis que você cozinha).
Reviver os aliados também garante algumas emoções: ao invés de apelar para o Phoenix Down e similares, você via de regra precisa esperar que os turnos passem até que eles acordem por conta própria, o que adiciona uma boa tensão e gerenciamento de recursos.
Para premiar a sua exploração, também pode ser gratificante desbravar os mapas em busca dos búzios arco-íris, coletáveis que você pode trocar por outros itens após umas 8 ou 9 horas de jogo.
E se os protagonistas não possuem lá muito carisma e a sua jornada dificulta criar empatia por eles, alguns dos personagens secundários e reviravoltas que surgem posteriormente se saem melhor, ainda que a produtora tenha pedido para não entrarmos em spoilers.
Sem dúvidas, o maior elogio que pode ser feito a Sea of Stars é para o seu uso de cores e os efeitos de iluminação dinâmica que estabelecem um novo paradigma de qualidade para as aventuras em Pixelart. É de tirar o fôlego, mas até isso tem um preço.
Infelizmente, pelo fato de as artes serem em 2D, mas a exploração se desenrolar em 2.5D e envolver elementos de verticalidade, não é raro perder a noção do espaço e ficar confuso sobre em qual “andar” você está ou não, e o que é escalada ou descida.
Nesses momentos, a linearidade do jogo ajuda bastante, já que via de regra você ao menos terá uma boa ideia de para onde deveria ou não estar indo.
Sea of Stars merecia mais
Sea of Stars é um jogo que eu comecei a jogar torcendo para poder dar nota 100 e amar cada detalhe do seu mundinho, mas infelizmente ele não me cativou, seja pelo gameplay um tanto burocrático e repetitivo, ou seja pela linearidade exacerbada.
A falta de conexão com os protagonistas, riscos e ameaças do jogo acabou sendo um impeditivo para a história se desenrolar tão bem quanto poderia, então o que mais fica na memória são alguns bons chefes e os cenários deslumbrantes.
Sea of Stars tem o coração no lugar certo, mas peca na execução de sua premissa.”
Em um ano repleto de grandes lançamentos de RPG como Baldur’s Gate 3, Starfield e Final Fantasy XVI, fica um pouco complicado recomendar essa empreitada indie.
E mesmo quem é muito fã de Chrono Trigger e de outras lendas 16 e 32 bits provavelmente ficará mais satisfeito revisitando os clássicos do que por aqui. Novamente, é uma pena, já que Sea of Stars é muito bem intencionado e um projeto de evidente paixão.
Sea of Stars
Publisher: Sabotage Studio
Desenvolvedora: Sabotage Studio
Plataformas: PC, PS5, PS4, Switch, Xbox Series X/S, Xbox One
Lançamento: 29/08/2023
Tempo de review: 28 horas
Sea of Stars possui muito coração e tenta o seu melhor para emular a diversão de clássicos como Chrono Trigger. Ainda assim, ele mais peca do que ganha com essa ingrata comparação.
Prós
- Apresentação visual soberba
- Sem grinding
- Há faixas ótimas na trilha sonora
- Algumas ideias legais para o gameplay
Contras
- História e personagens enfadonhos
- Falta de desafio
- Extrema linearidade
- Relevos ocasionalmente confusos
Comentários
Se o Starfield não estivesse batendo na porta, daria uma chance mas vai ficar para depois.
Comentários pobres e críticas bem rasas quanto ao jogo… Querer que um sucessor espiritual de um game como Chrono Trigger faça o jogador sentir ou ter a mesma nostalgia é pedir demais até para um leigo… Nem mesmo seus criadores conseguiram isso ao longo dos anos e possivelmente seja uma missão impossível… Mas Sea of Stars demonstra que atualmente muitos desenvolvedores indie conseguem trazer nostalgia e alegria aos fãs de JRPG que empresas como a Squareenix não tem conseguido os últimos anos. Parabéns aos criadores pela obra prima que é esse jogo e a comunidade gamer espera por mais jogos assim, Chained Echoes e Sea of Stars são diamantes em meio a tanta mediocridade lançada por grandes publishers de rpgs na atualidade.
Disse tudo, nenhum desses grandes JRPGs hoje faz o que Sea of Stars entrega. É um jogo gostoso, com história excelente e espero que tenha continuação!
Olhando essa Review a única conclusão que chego é que realmente a flow games não sabe e não serve para isso.
Outras mídias foram bem mais descritivas e acertivas ao conteúdo e ideia do jogo.
Concordo plenamente
Que review mais raso, é até engraçado ver o revisor comparando um jogo indie com jogos AAA com milhares de vezes mais orçamento. Eu achei o jogo muito bom, os gráficos são bonitos e o arco lembra de certa forma o Golden Sun, pois você é apresentado aos personagens, depois acontece uma tragédia, etc. Por ser um jogo indie, achei muito competente.
O pobre autor de artigo não tem mesmo noção do pouco orçamento uma empresa indie tem , o facto de uma empresa destas conseguir entregar um jogo com este tipo de qualidade não é uma coisa que se veja tudos os dias, alias uma empresa indie que vende 100k de unidades em 24h e faz 300k em 24h dificilmente nos conseguimos rever nesta critica que o autor fez ao jogo. Nem a pobre Square Enix com tanto orçamento e conhecimento em RPG’s consegue fazer uma entrega tão forte nos ultimos anos como a Sabotage com Sea of stars. Estão de parabens Sabotage studios.
Eu ainda lembro da tensão que senti quando achei o magus no castelo “será que vou conseguir…” Kkkk
Absurdo essa crítica, parece que ou esse rapaz não jogou o jogo ou zerou o jogo pelas lives dos outros. O jogo é excelente, nenhum jogo AAA chega aos pés quando comparado criatividade, game play, história (cheia de reviravoltas) e personagens. Existem batalhas muito difíceis que imagino o escritor não deve ter se dado o trabalho de tentar completar o jogo para encontrá-las. Enfim, no meu ponto de vista, essa é uma crítica absurda ou click bait para dar engajamento, das duas formas podem jogar com tranquilidade, a minha sensação é que tive a chance de jogar o sucessor de Chono Trigger com a mesma qualidade nos dias de hoje!