Summer Game Fest: entrevistamos os devs de Throne and Liberty
No papo com o Flow Games, eles falaram de diferenciais, chegada ao Ocidente e outros aspectos de Throne and Liberty
lém de podermos curtir em primeira mão uma prévia do vindouro Throne and Liberty, a Summer Game Fest 2023 trouxe ao Flow Games a oportunidade de conversar tête-à-tête com alguns dos líderes do projeto tanto na NCSoft quanto na Amazon Games – desenvolvedora e publisher global do jogo, respectivamente.
No papo, que aconteceu no último dia do Play Days, em Los Angeles, pudemos entender mais sobre a filosofia de desenvolvimento do título – que é considerado por muitos o próximo grande MMORPG next-gen –, os diferenciais da jogatina e que tipo de adaptações são necessárias para atender ao público fora da Coreia do Sul.
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Throne and Liberty que chegar a todos
Apesar de terem passado por pelo menos 2 dias intensos de entrevistas, apresentações e outras obrigações corporativas durante o evento, Merv Lee Kwai, líder da franquia na Amazon Games, Jongok Ahn, produtor do game na NCSoft, e Moonseop Lee, diretor criativo no estúdio sul-coreano, se mostraram bastante empolgados para falar a respeito do jogo e fazê-lo chegar a uma nova audiência.
Pudera, uma vez que Throne and Liberty tem o desafio de não só “brigar” com outros nomes fortes do segmento pela atenção e pelo tempo dos jogadores, como também mostrar que o gênero dos MMOs segue forte e que é possível criar algo que seja interessante tanto para o público asiático quanto o Ocidental.
“Desde o início, Throne and Liberty foi criado para o mercado global [não apenas para a Coreia do Sul]. Todos nós experimentamos uma série de jogos populares no Ocidente para aprender a respeito do que interessa aos jogadores. A partir daí, adaptamos esse aprendizado para que ele se encaixasse no nosso próprio estilo”, explica Moonseop ao ser questionado a respeito de como a NCSoft encara essa internacionalização do projeto.
Desde o início, Throne and Liberty foi criado para o mercado global
O diretor criativo e seu colega de NCSoft, no entanto, reconhecem que esse tipo de abordagem permite ir até apenas uma parte do trajeto e que, por isso, a parceria com a Amazon Games é tão essencial para realmente “conversar” com outros mercados.
“Há limitações, entende? Há uma tendência natural de observar as particularidades e características da audiência Ocidental e interpretá-las com base em experiências coreanas. Então, nesse contexto, a Amazon consegue traduzir de uma forma muito melhor o feedback e as perspectivas desse público global para o nosso time”, analisa Jongok.
A publisher também faz questão de mostrar como essa é uma via de mão dupla para a empresa. “O que temos em mãos é uma parceria muito única com a NCSoft. Eles são especialistas renomados em MMOs, com um portfólio que abrange Lineage, Blade & Soul, Aion e tantos outros jogos”, explica Merv.
“Nossa força e papel, nessa colaboração, é poder colocar Throne and Liberty diante do máximo número de pessoas possível. Ou seja, é uma confluência de eventos que unem um excelente MMORPG e uma distribuição feita sob medida para uma audiência massiva”, completa o executivo da Amazon Games.
A chegada ao Ocidente
Tudo muito bonito e legal, mas, na prática, como essa parceria tem impactado o desenvolvimento do jogo e garantido que Throne and Liberty esteja bem encaminhado para chegar a um público fora de sua terra natal? Foi exatamente nesse tópico que nos embrenhamos por boa parte da entrevista.
Um dos pontos levantados pelos executivos dentro desse assunto foi a busca do máximo possível de paridade entre o jogo disponível na Coreia do Sul e no restante do mundo. A preocupação é importante, uma vez que, em outros MMOs que migraram recentemente da Ásia para cá – como Lost Ark, também publicado pela Amazon –, há um eterno gap entre as versões que incomoda parte dos jogadores.
“Realmente, em alguns títulos você vê uma diferença de um ou até dois anos entre o que é lançado na região original e o que o público do Ocidente experimenta. Com Throne and Liberty, temos a chance de estar em paridade global, na qual os jogadores, independentemente de onde estejam, possam vivenciar o mesmo conteúdo”, comenta Merv.
Adicionalmente, a NCSoft está aproveitando o feedback do recente teste fechado do game na Coreia para já aprimorar a jogatina para o restante do público. “Foi uma ótima oportunidade de aprender o que funciona no jogo, o que está faltando, qual é o espaço para melhorias etc. Agora, estamos focados em como aprimorar diversos aspectos do game a partir disso”, dizem os representantes do estúdio sul-coreano.
“Esse é um trabalho contínuo no desenvolvimento de Throne and Liberty: colocar o game diante dos jogadores, ver como eles interagem e implementar melhorias para ajudar a fazer com que a experiência esteja a par de suas expectativas. Na preparação para o período de testes no Ocidente, por exemplo, já temos duas mudanças significativas em quesitos como combate e progressão”, complementam os devs, reagindo diretamente a tópicos que foram criticados pelos players e, indiretamente, a nossas impressões iniciais do MMO.
Já temos duas mudanças significativas em quesitos como combate e progressão
O executivo da Amazon Games explica que ainda não é possível compartilhar uma data exata para a chegada do Teste de Servidores de Throne and Liberty deste lado do globo – apesar de ele já estar com registros abertos, inclusive no Brasil. Ainda assim, Merv reforça como essa será uma experiência importante não só para a adaptação do jogo, mas também para refinar outros requisitos técnicos.
“Será a primeira vez que teremos os consoles integrados ao game, com players de PC e dos videogames interagindo no mesmo ambiente”, pontua o líder da franquia na Amazon, recordando que o MMORPG terá desde seu lançamento um sistema ativo de cross-play entre computadores, Xbox e PlayStation.
MMO next-gen, mas ainda acessível
Afinal, o que significa ser um MMORPG next-gen? O que o título faz para elevar o gênero em pleno 2023? Como não alienar veteranos e espantar novatos com novas mecânicas, sistemas e tecnologias? Estas foram algumas das questões que surgiram após termos experimentado o jogo durante a Summer Game Fest deste ano.
O primeiro a falar sobre o assunto foi Merv, que mostrou como a palavra “massivo” da sigla MMO é um dos pilares do novo game. “Uma das coisas que Throne and Liberty faz muito bem é o combate em grande escala. Quando falamos sobre isso em termos de MMOs, acho que as expectativas gerais são talvez de algo como 20 contra 20 ou 50 contra 50, certo?”, provoca o executivo da Amazon.
“Então, nós quebramos todas essas regras quando se trata de quantas pessoas podem estar lutando no mesmo lugar. Assim, você pode ter combates de centenas de jogadores contra centenas de outras pessoas em um mundo aberto e persistente. Não é uma instância que surge para abrigar esse encontro, mas sim algo que acontece no mundo geral, compartilhado por todos”, conclui, dizendo que isso deve criar batalhas memoráveis em ambientes incríveis.
Você pode ter combates de centenas de jogadores contra centenas de outras pessoas em um mundo aberto e persistente
A ambientação, aliás, é outro dos pontos que Throne and Liberty quer levar a um novo patamar, com cenários amplos, vistosos e cujo clima afeta diretamente diversos elementos de jogabilidade – do efeito das suas habilidades ao surgimento de novos monstros.
“Quisemos garantir que o mundo do jogo não fosse estático. Por isso apostamos nesse sistema de ambientes dinâmicos, com mapas em constante mudança. Porém, foi extremamente desafiador alcançar o equilíbrio necessário para implementar isso efetivamente ao game”, pondera Jongok.
Nas palavras do produtor, uma mudança muito drástica de clima e ambientação pode fazer os jogadores terem a sensação de que perderam o controle sobre parte da jogatina ou, pior, que suas ações não importam e dependem de grandes fatores aleatórios.
“Estamos focando muito nisso [no balanceamento do sistema]. Não queremos que as pessoas se sintam restritas por essas alterações climáticas, mas sim que vejam possibilidades de se aproveitar delas. Nesse sentido, por exemplo, nos certificamos que a ambientação não penalize os players. A ideia é que, enquanto você joga e interage com o mundo tenha em sua mente algo como ‘caramba, esse jogo tem profundidade’, entende?”, brinca o produtor.
Uma boa notícia para quem quer trazer amigos que nunca experimentaram um MMO para se embrenhar pelo universo de Throne and Liberty é que, segundo Merv, essa e outras novidades trazidas pelo título – como a capacidade de se transformar em animais ou assumir a forma de chefões derrotados anteriormente – são apresentadas de forma cadenciada aos jogadores, permitindo que eles possam absorver tudo no tempo certo.
“Trabalhamos para fazer com que os sistemas pareçam intuitivos e básicos na superfície, mas tenham uma profundidade incrível após essa interação inicial. Também vamos acompanhar continuamente o feedback dos jogadores, vendo como eles interagem com o jogo e com quais recursos eles talvez tenham mais dificuldades. Assim, conseguimos refinar a experiência ao longo do tempo e tornar Throne and Liberty ainda mais mais acessível”, conclui o representante da Amazon Games.
Throne and Liberty no Brasil
Para finalizarmos o papo, o Flow Games perguntou aos executivos se eles já conheciam a relação apaixonada dos jogadores brasileiros com os MMOs e RPGs de forma geral. “Conhecemos muito bem, pode ter certeza”, brincam o produtor e o diretor da NCSoft. Mais próximo daqui, Merv também falou sobre o tema e deu algumas informações interessantes sobre o futuro lançamento de Throne and Liberty no país.
“Devo dizer que trabalhar com o público brasileiro por tanto tempo tem sido muito divertido e eu definitivamente conheço alguns dos desafios [locais], como a localização mundial do servidor e os tempos de ping para os servidores”, explica o líder da franquia no Ocidente.
“O que eu posso falar é que estaremos presentes na América do Sul para que possamos oferecer uma ótima experiência aos jogadores brasileiros, mas sem prendê-los nessa região se eles quiserem jogar em outras regiões. Estou superempolgado para receber a comunidade brasileira em Throne and Liberty”, finaliza
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