Entrevista: patch 10.1.5 traz grandes novidades a World of Warcraft
O Flow Games falou com os devs a respeito da nova megadungeon e spec inédita chegando a World of Warcraft Dragonflight
uem vem acompanhando o trabalho da Blizzard desde a estreia de Dragonflight, em novembro do ano passado, sabe que o estúdio engatou o que pode ser considerada uma nova era para o monolítico World of Warcraft.
Lançado em 2004, o MMORPG não só superou todos os antecessores que inspiraram sua criação, como também deixou para trás diversos jogos que chegaram ao mundo como supostos WoW-killers. Isso não significa, no entanto, que a jogatina não tinha tido seus altos e baixos, com grande mudanças de equipe, expansões bastante criticadas, vilões e plot twists de qualidade duvidosa e uma espécie de embate implícito com a comunidade.
Felizmente, quase tudo isso ficou para trás com a chegada de Dragonflight, que colocou a trama geral de volta nos trilhos, fez alterações bastante positivas de gameplay, restabeleceu a relação de confiança com os jogadores e, mais do que tudo, redefiniu a cadência com que atualizações e conteúdos são adicionados ao game.
Esse último tópico, aliás, foi o ponto de partida para uma conversa que o Flow Games teve esta semana com os devs de World of Warcraft Dragonflight. No papo, falamos sobre o vindouro patch 10.1.5 e as duas grandes novidades que ele vai trazer ao jogo: uma nova megadungeon e uma especialização inédita para Evokers, que não só apimenta a classe, como também dá brinca com a estrutura do game com um todo.
O patch 10.1.5 de World of Warcraft Dragonflight
Ainda no estágio de avaliação inicial por parte dos jogadores nos Reinos de Testes (PTR) de World of Warcraft e apenas com uma janela aproximada de lançamento – entre 28 de junho e 12 de julho –, a atualização 10.1.5 deveria ser apenas mais um update de meio de temporada no intrincado roadmap da Blizzard para a nova expansão.
O patch, no entanto, entrega mais do que o esperado ao elevar boa parte do conteúdo trazido na Season 2 (patch 10.1) de Dragonflight e promover melhorias gerais de qualidade de vida e da experiência do jogador. Isso vai desde liberar as Raças Aliadas sem a necessidade das longas quests de Battle for Azeroth até novos eventos públicos espalhados pelo mundo.
Porém, como já mencionamos, duas novidades aproveitaram magistralmente a temática de manipulação temporal e o foco nos dragões de bronze para se destacar de todas as outras. A entrevista do Flow Games com o diretor associado Morgan Day, o designer sênior de jogo Stephen Cavallaro e o designer sênior de combate Graham Berger nos ajuda, justamente, a ter uma visão privilegiada sobre o assunto.
- Nota: as entrevistas a seguir foram editadas para trazer mais clareza e concisão ao texto, sem alterar as falas dos entrevistados.
Uma megadungeon para chamar de sua
Flow Games: Acho que podemos começar falando sobre Dawn of the Infinite, a nova megadungeon do patch 10.1.5. A ideia é oferecer um desafio maior para quem quer ir um pouco além do que as dungeons tradicionais trazem à mesa?
Stephen Cavallaro: Exato! De forma geral, as megadungeons permitem que possamos oferecer uma experiência mais longa e completa do que as masmorras normais. Como sabemos que os jogadores estarão lá por mais tempo, podemos pegar mais pesado em coisas como coordenação, jogabilidade e até mesmo história. É como se fosse uma experiência de raide, mas para grupos menores.
É um pedido que vem dos próprios jogadores. É claro que já existem as versões Mythic+ das dungeons – e adoramos elas –, que trazem outro tipo de desafio por conta do limite de tempo, mas as megadungeons apresentam outro tipo de conteúdo endgame dentro desse espectro das masmorras.
FG: E qual a diferença entre Dawn of the Infinite para o que vimos em iterações anteriores de megadungeons em World of Warcraft?
SC: Uma das coisas que gostaríamos de tentar fazer de forma diferente em Dawn of the Infinite, em comparação a Tazavesh [a megadungeon de Shadowlands, expansão anterior de World of Warcraft], era ajustar melhor não só o nível de desafio e coordenação que entregamos ao público, mas também o nível das recompensas.
Então, com Dawn of the Infinite, estamos subindo a barra de quanto poder os jogadores devem esperar receber dos equipamentos obtidos na dungeon. Mas tudo tem um preço. Enquanto Tazavesh oferecia mecânicas opcionais para ativar uma espécie de Hard Mode, a nova megadungeon já chega por padrão nesse aspecto mais difícil. Ela foi criada com essa experiência desafiadora em mente, para que possamos recompensar adequadamente os grupos por todo esforço de completá-la.
Com Dawn of the Infinite, estamos subindo a barra de quanto poder os jogadores devem esperar receber dos equipamentos obtidos na dungeon
Outra diferença foi a oportunidade de aproveitar a instância para realmente levar a história principal de Dragonflight adiante. Simplesmente por podermos reter a atenção dos jogadores por mais tempo num mesmo local, conseguimos explorar melhor esse aspecto.
Um adendo importante é que, apesar de Dawn of the Infinite ser uma dungeon mais desafiadora, queríamos garantir que ainda estivéssemos criando conteúdo que pudesse ser curtido por todos. […] Por isso, no patch 10.1.7, já vamos liberar a versão Heroic da masmorra – o menor tempo com que soltamos uma versão mais acessível de uma megadungeon em relação à sua experiência original.
FG: Você mencionou sobre o papel da megadungeon como uma oportunidade de contar melhor a história de Dragonflight. Pode expandir um pouco nisso?
Morgan Day: Eu posso responder essa. Uma coisa que tem sido muito divertida de acompanhar, desde praticamente a raide inicial da expansão, Câmara dos Encarnados, é justamente a história dos Encarnados. Originalmente, enfrentamos e derrotamos Raszageth, mas ela solta seus outros 3 irmãos no mundo: Fyrakk, Iridikron e Vyranoth.
Em Brasas de Neltharion [patch 10.1], Fyrakk foi o grande foco, mergulhando dos céus e abrindo caminho para as Cavernas Zaralek. É engraçado porque a cinematic é muito proposital em mostrar um Fyrakk do tipo esquentadinho, enquanto Iridikron manda quase que um “vão indo lá, depois a gente se vê”. Então vimos uma oportunidade bacana de explorar porque ele não estava nas cavernas e o que estava tramando nos bastidores.
Planejamos desde o início de World of Warcraft Dragonflight que cada Encarnado teria seu papel nessa história, então [trabalhar a história de Iridikron em Dawn of the Infinite] é uma maneira legal de trazer visibilidade a isso.
SC: Em relação à trama, também há um desafio de lidar com personagens bastante importantes do lore [de World of Warcraft] e representá-los adequadamente in-game. Um exemplo disso é Blight of Galakrond, que é um dos encontros da dungeon. Precisamos não apenas mostrar seu aspecto de dragão decaído, mas também dar um senso de sua escala. A asa dele é maior do que uma montanha, entende?
Temos também Iridikron, que até agora só foi visto em cinematics. Queremos deixar claro que todos os Encarnados são poderosos, mas enquanto Fyrakk é uma figura explosiva, Iridikron parece ser aquele tipo frio e calculista. Esses dois pontos precisam ficar claros no gameplay e na sua run pela masmorra.
Por fim, há coisas mais lúdicas, como a luta contra Morchie, em Dawn of the Infinite. É como se fosse uma versão malvada da simpática Chromie e responde a uma dúvida recorrente de como seria enfrentar a personagem algum dia. Estamos muito felizes em como conseguimos representar a personalidade dela na dungeon.
FG: Vamos falar de coisa boa, então. No final das contas, o que os jogadores podem esperar de recompensas em suas runs de Dawn of the Infinite? Equipamentos realmente poderosos?
SC: Pois é, isso é algo que ainda estamos testando e refinando, mas a ideia é que os jogadores possam obter itens compatíveis com os que você conquista no final das raides Heroic, o que é um nível bem maior do que fizemos no passado com outras megadungeons. Vamos dizer que temos algumas surpresas também, que podem envolver coisas ainda mais fortes, mas não vou dar spoilers do que é [risos].
Ah, vale dizer que alguns dos itens, mais do que seu ilvl, também terão alguns efeitos bem interessantes. Nossa equipe está tentando associar esses equipamentos ao tema de tempo e acho que esses efeitos vão despertar a curiosidade de fatias grandes do público.
Além disso, há muitas recompensas cosméticas em Dawn of the Infinite. Não vou entrar em detalhes, porque quero que os jogadores sejam surpreendidos, mas uma das coisas que posso mencionar é que será possível conseguir customizações incríveis para Dragonaria, para que você virtualmente possa montar num dragão da Infinite Dragonflight. Colecionadores e aficionados por transmogs também terão muitas coisas legais por lá.
Há muitas recompensas cosméticas em Dawn of the Infinite
MD: Como a dungeon está sendo adicionada no meio da temporada e não compete diretamente com outras fontes de loot – como acontecia anteriormente –, as recompensas de Dawn of the Infinite podem ser usadas para dar aquela encorpada no nível de poder dos jogadores, o que deve ajudar às guildas ainda progredindo em Aberrus, por exemplo.
Spec de suporte? Sim, mas sem fugir da tríade
Flow Games: Olá, Graham! Você pode nos dar uma visão geral de como foi o desenvolvimento e como funciona a Augmentation, a nova spec dos Dracthyr Evoker?
Graham Berger: Claro! Eu liderei a criação dos Evokers e de suas duas especializações originais, Devastation e Preservation, na jornada para o lançamento de World of Warcraft Dragonflight e assumi o mesmo papel na chegada dessa terceira spec da classe.
O Augmentation Evoker funciona de uma forma um pouco diferente do que vimos até agora. Em sua essência, ele é um DPS, mas assume um estilo de jogo mais voltado para o Suporte. Então, em vez de dar todo seu dano por conta própria, você dá um pouco menos de DPS e aplica buffs nos seus amigos para que eles fiquem ainda mais poderosos, despertem novas capacidades e sejam a melhor versão deles mesmos.
Conceitualmente, tínhamos desde o início alguns temas-chave que gostaríamos de explorar em relação às diferentes famílias de dragões e os tipos de magias que eles podem usar – e que todas elas estivessem presentes nos Dracthyr Evokers. Mas, como os jogadores perceberam, só havia algumas poucas habilidades dos dragões negros. Não demorou para que eles se perguntassem “onde está o resto?” ou “cadê a spec que pode usar essas skills?”.
Então, sim, já tínhamos desde lá atrás essa ideia de Augmentation ser a especialização que utiliza a magia dos dragões negros, mas percebemos que iríamos precisar de um pouco mais de tempo para garantir que, mecanicamente, esse tipo de jogabilidade se encaixasse bem no jogo. Isso foi bom, porque não só ficamos mais confiantes com a novidade, como conseguimos situá-la muito bem tematicamente na fantasia de Dragonflight.
FG: Como assim?
GB: Até agora, só havíamos visto versões corrompidas desses poderes, com figuras como Nefarian, Onyxia e outros. Como seria uma magia pura dos dragões negros? Era a chance de responder o que Neltharion supostamente deveria fazer com suas habilidades.
Além disso, como a nova spec também utiliza magia dos dragões de Bronze, pudemos aproveitar para expandir o tipo de manipulação de tempo que a classe poderia exercer – para além do que a especialização de Preservation [de cura] consegue realizar.
Tudo isso tem muito a ver com os temas do patch 10.1.5 e com a forma como queremos continuar contando a história dos Dracthyr dentro do jogo.
FG: Afinal, como um gameplay de Suporte se encaixa em World of Warcraft Dragonflight? É um novo papel se juntando aos tradicionais Tank, DPS e Healer ou ele ainda pode ser posicionado dentro da tríade?
GB: Meio que já vimos algumas especializações de combate em World of Warcraft. Basta lembrar de como o Shaman Enhancement ou Shadow Priest funcionavam em expansões passadas – como Burning Crusade e Wrath of the Lich King –, usando totens e magias para empoderar seus colegas de grupo. Mas nunca foi algo 100% proposital e do tipo “estamos criando você para buffar os outros”.
Tivemos diversos desafios na construção de algo assim com a especialização de Augmentation para os Evokers, desde a forma com a spec se encaixa em grupos de diferentes tamanhos, como os jogadores que nunca viram Suportes em outros jogos perceberiam sua chegada a World of Warcraft e outras barreiras.
Porém, uma coisa que gostaríamos de nos certificar é que ela funcionasse com a atual tríade de papéis do jogo. Isto é, não queríamos tornar isso um 4º pilar do game ou mudar dungeons para que elas tenham que ser encaradas por uma party de Tank, Healer, 3x DPS e um Suporte.
Uma coisa que gostaríamos de nos certificar é que [a nova spec] funcionasse com a atual tríade de papéis do jogo
Então, em sua essência, essa é uma spec de DPS que tem um estilo de jogo diferente. Você não vai ver um Augmentation curando uma dungeon só porque ele tem um papel de suporte – embora a especialização possua habilidades de cura. Ao mesmo tempo, alguém que queira fazer uma build mais competitiva vai sim poder disputar DPS com outras specs de dano.
Exatamente por isso que nos preocupamos em fazer com que a especialização e o “cargo” de Suporte não fossem desbalanceados ou impactantes além da conta mecanicamente. Além de muita matemática, utilizamos diversos recursos do jogo para levar isso adiante.
O principal buff da classe, por exemplo, chamado Ebon Might, só afeta seus 4 aliados mais próximos, não todos membros da raide. Outras skills poderosas também contam com limitações de pessoas afetadas e que fazem elas funcionarem adequadamente para raides, sem ficarem fracas demais para dungeons.
Xano: Você pode dar algumas dicas para quem vai jogar pela primeira vez com um Augmentation Evoker?
GB: Opa, isso é divertido! A primeira dica para aumentar muito a sua efetividade na spec é manter Ebon Might ativo pelo máximo de tempo possível. Inicialmente ele dura apenas 10s, mas conjurar algumas das suas habilidades de dano estende consideravelmente a duração do buff.
O próximo passo é focar no talento Prescience, que pode ser colocado num aliado para aumentar seu crit. Quando alguém está com esse buff e você casta Ebon Might, a magia prioriza essa pessoa. Assim, você consegue “burlar” a seleção inteligente de alvos da skill.
Outra dica, embora seja mais geral, diz respeito ao estilo de jogo dos conjuradores Dracthyr. Aprenda a usar bem a habilidade Hover, que permite carregar magias em movimento. Isso é especialmente importante para a especialização de Augmentation porque ela tem uma duração maior de Hover por conta de sua Maestria.
FG: E, por outro lado, o que os jogadores que vão ter um Augmentation no grupo precisam saber para tornarem a vida do colega mais fácil?
GB: A dica máxima aqui é: os mantenha vivo, eles podem te buffar [risos]. Mas falando sério, tente se manter próximo do seu colega Augmentation Evoker – numa distância máxima de 25 jardas – para que eles possam utilizar suas habilidades em você sem grandes problemas.
Também preste atenção no que ele está fazendo. Há um cooldown da spec que se chama Breath of Eons, que substitui o Deep Breath, e tem uma temática de Bronze. Com esse poder, o Evoker deposita as areias do tempo nos inimigos que estiverem no caminho e eles ganham um debuff que age como uma bomba-relógio.
Conforme os membros do grupo ou da raide dão dano nesses inimigos afetados pela skill, essa “bomba” cresce de tamanho e efetividade. Então, reconhecer isso e pensar automaticamente “o Augmentation usou Breath of Eons, chegou a hora de ativar meus cooldowns” é uma boa forma de aumentar o desempenho de vocês dois em combate.
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World of Warcraft Dragonflight está disponível para PC por meio da plataforma Battle.net.
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