
Borderlands 4: como está a parte técnica no PC?
Muitos jogadores estão reclamando de Borderlands 4 na Steam, venha ver como o jogo se comporta no PC
Imagem: 2K
o último dia 12, Borderlands 4 foi lançado para consoles e PC, e, caso você tenha acompanhado a estreia, deve ter visto que o game está com avaliações mistas na Steam. Mas qual o motivo? Aparentemente, é menos sobre a qualidade do gameplay e mais sobre problemas de otimização.
Mas o título da Gearbox realmente está tão pesado assim? Quais são os problemas? E há formas de solucionar ou contornar os gargalos de desempenho? Há maneiras de otimizar a experiência? Venha conferir abaixo!

Imagem: Gearbox
Borderlands 4 é bem pesado, mas principalmente na CPU
Se você olhar neste momento os reviews da Steam, verá que muitos dos usuários que reclamaram da baixa performance de Borderlands 4 têm placas de vídeo boas (ou ao menos bastante competentes para rodarem jogos modernos). O que pouca gente notou, no entanto, é que o game é mais pesado do que parece na CPU.
Caso você tenha um processador de 6 núcleos, mesmo que mais modernos, provavelmente terá dificuldades em manter 60 quadros por segundo. É difícil dizer o porquê, mas o possível culpado pode ser a iluminação dinâmica renderizada via Lumen, um dos recursos da Unreal Engine 5.
Recentemente, Daniel Owen, um youtuber de benchmark e tecnologia, colocou à prova diversos tipos de setups e, mesmo com GPUs parrudas, como uma GeForce RTX 3080, um Ryzen 5 5600X pode limitar a taxa de quadros em 60 fps ou menos – algo que muda ao trocar para um processador mais forte.
Também atrelado aos problemas, Borderlands 4 sofre de um problema que tem se tornado comum em ports atuais de PC: os temidos “shader compilations”, as compilações de sombreadores que causam engasgos e travamentos intermitentes.
Embora Borderlands 4 tenha um processo de pré-compilação de shaders, ainda há sombreadores que precisam ser compilados durante a jogatina, causando travamentos ou congelamentos quando uma nova área ou efeito inéditos aparecem, causando uma experiência pouco agradável.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
CPUs melhores podem ajudar a mitigar esse problema, mas até mesmo os processadores mais potentes do mercado ainda terão problemas. E, em cima de tudo isso, Borderlands 4 também utiliza Denuvo para combater a pirataria, um software reconhecido por ter uma carga muito alta na CPU, algo que pode estar atrapalhando o desempenho.
De fato, é bem desagradável e há picos de uso de processador que causam congelamentos nos testes que fiz. A comunidade tem reportado muitos crashes, mas em algumas horas de jogatina eu ainda não tive nenhum.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Borderlands 4 pesa muito para pouca entrega
A narrativa na internet neste momento com Borderlands 4 é que ele é extremamente mal otimizado e que depende do uso de IA para atingir um bom resultado. E, de fato, ele não parece ser um título muito competente em extrair o potencial de hardwares parrudos, mas é bom separar as coisas.
Assim como muitos outros games que utilizam a Unreal Engine 5, tal qual STALKER 2, Black Myth Wukong e Silent Hill 2 Remake, há problemas em comum: escalabilidade para diferentes presets gráficos não é das melhores, tem tecnologias muito pesadas para rodar e há stuttering.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
O problema em Borderlands 4, especialmente por seu estilo visual, é que ele não parece oferecer um visual compatível com seu peso para rodar. Se o compararmos com seu antecessor, Borderlands 3, é visível que há melhorias, especialmente em iluminação dinâmica e mais objetos no campo de visualização, mas eles estão longe de justificar o salto de hardware necessário para uma boa performance.
E, mesmo com as melhorias, Borderlands 4 ainda tem problemas: objetos distantes têm problemas em mesclar sombras dinâmicas e LOD fixo, texturas demoram para carregar e efeitos gerais não são dos melhores, tudo isso enquanto exige um nível de performance digno de Cyberpunk 2077 com Path Tracing no Ultra (mas longe de ter o mesmo gráfico avançado).
Entretanto, parece que a comunidade de fãs está colocando a carga da culpa sobre as coisas erradas, como o uso de DLSS para atingir bons resultados. Mas será que isso faz sentido?

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
DLSS faz um trabalho muito bom, mas o problema é outro
Um dos pontos levantados pelos fãs é que o grande culpado pela má otimização é a dependência do DLSS e outros upscalers para conseguir um bom resultado. Porém, a culpa de Borderlands 4 ser pesado não é o DLSS que, neste cenário atual, acaba se tornando um grande aliado para mitigar o peso do game.

Imagem: NVIDIA
Como você pode ver nas imagens de comparativo, usar o DLSS mesmo no modo Performance ainda traz qualidade de resolução superior à nativa, seja com anti-aliasing ou não. Certamente, o estilo de arte em cel-shading ajuda bastante e não há motivos para não ativar o uspcaler.
O TSR e o FSR são mais complicados. O TSR tende a borrar bastante e suavizar muito a imagem, enquanto o FSR 3 ou inferior apresenta artefatos visuais. Mas se você tem uma placa NVIDIA, é só vantagens em ativar o recurso. Nos testes que fizemos ter o recurso ativo garantiu 40 a 70% de ganhos se limitado por GPU – e sem “trocar” por definição visual, seja no Qualidade ou Performance, em 1440p.
Veja o comparativo da resolução nativa, resolução nativa com anti-aliasing e DLSS Performance abaixo:

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
A métrica de que até mesmo uma RTX 5090 não consegue rodar em 4K no Ultra em 60 fps é real, mas somente em resolução nativa. Isso de fato é um alerta para otimização? Sim, mas também vale lembrar que outros títulos recentes, como Metal Gear Solid Delta, Black Myth Wukong (mesmo sem ray tracing), Silent Hill 2 Remake e outros também sofrem com isto.
O grande problema é que todos esses jogos, por mais pesados que sejam, ainda se dão bem com GPUs mais antigas, como a RTX 3060 ou RTX 2070, mas não em Borderlands 4, que necessita diminuir bastante o preset gráfico sem entregar muita qualidade visual.
A Gearbox chegou a publicar um guia de otimização para diversos tipos de placa e, por mais que seja uma ajuda para melhorar a experiência, ainda é bem questionável o jogo ser tão pesado, seja por falta de otimização, escalabilidade ruim dos presets gráficos ou tecnologias mal implementadas.
Os devs precisam melhorar a apresentação e adaptações para hardwares comuns, onde residem a maior parte dos usuários. Mas o problema de Borderlands 4 certamente não é o uso de DLSS ou upscalers.
Resolução nativa, resolução nativa com anti-aliasing e DLSS Performance:

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Geração de frames é legal, mas não pode ser muleta
Outra polêmica que a Gearbox entrou recentemente foi com a tabela de otimizações de Borderlands 4 e o uso de geração de quadros por IA para melhorar o desempenho. O uso de frame gen não é um problema (e muitas vezes pode ser um grande aliado), mas depende de como é recomendado – o que cai no caso do que aconteceu.

Imagem: Gearbox
Assim como a Capcom fez com Monster Hunter Wilds em fevereiro, em que uma das recomendações era atingir 60 fps a partir de 30 fps com geração de quadros, esse certamente não é o uso recomendado da tecnologia, que causa aumento na latência (especialmente em framerates mais baixos).
Ao utilizar ferramentas de geração de quadros, como o DLSS 4, o NVIDIA Reflex é automaticamente ativado e isso ajuda bastante a eliminar problemas de lag nos comandos. Eu tenho utilizado a tecnologia em x3 e atingido taxas de 180 fps com latência na casa dos 40 ms, que é bem satisfatório, mas isso definitivamente não é feito para atingir altas taxas a partir de GPUs mais fracas.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Ou, em outras palavras, se você está colocando o preset gráfico no Muito Alto ou Ultra, tendo uma taxa sub-30 fps e usando o framegen para ter alto desempenho, você pode ter problemas no gameplay. Novamente, o problema não é a tecnologia, e sim o uso recomendado dela partindo da Gearbox.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Borderlands 4 é só mais pesado do que deveria?
É possível que Borderlands 4 não seja mal otimizado: se (e um grande SE) há elementos dinâmicos em uso e tecnologias avançadas, a performance não estaria muito diferente de outros títulos do mercado que usam a Unreal Engine 5. Se esse for o caso, a pergunta é: isso é visível e vale a pena em um título como esse?
O visual bem estilizado da franquia é bom e até mesmo Borderlands 2, um jogo de 2012 e lançado para PS3 e Xbox 360, ainda segura bem as pontas hoje em dia. Borderlands 3, o último game até a chegada do novo título, ainda se mantém bem em termos gráficos e é consideravelmente mais leve de rodar.
Talvez a Gearbox precise repensar o uso de Lumen e certas tecnologias da Unreal Engine 5, além de estabilizar a performance com shader compilations e uso excessivo do processador (especialmente para o software anti-pirataria Denuvo). Porque, sem dúvidas, usuários com placas de vídeo menos robustas, como a RTX 3060, deveriam ter uma boa experiência.
Porém, conforme explicado neste texto, se você tiver uma boa GPU e um processador mediano de 6 núcleos, como um Ryzen 5 5600X, é possível que tenha gargalos na CPU e não haja solução para contornar o seu problema (mas a geração de frames pode ajudá-lo) e passar dos 60 quadros.
Conforme vimos em outros benchmarks, mesmo que você tenha uma boa placa de vídeo para rodar Borderlands 4, é possível que seu processador também seja um hardware para ficar de olho. De qualquer forma, ficamos no aguardo de futuras atualizações de otimização.
Comentários