Review: Gradius Origins é uma coletânea (quase) exemplar

Revelado de surpresa no Nintendo Direct de março de 2025, Gradius Origins pode até não ser o tipo de jogo que faz o hype da galera explodir, que vende dezenas de milhões de cópias, ou que chama muita atenção em podcasts e vídeos.

Afinal de contas, os shmup (shoot ’em up, ou “jogo de navinha”, para os íntimos) estão longe de viver o auge de sua popularidade e, mais do que nunca, atendem a um público nichado.

Felizmente para mim, esse é um nicho do qual faço parte com muito orgulho e alegria. Pouca coisa na vida é melhor do que um bom jogo de navinha, e Gradius Origins faz o favor de reunir, em uma só tacada, 7 deles espalhados entre 18 versões distintas, incluindo um jogo totalmente inédito, a improvável sequência Salamander 3 (cujo gameplay completo você pode ver logo abaixo):

A Konami já vinha mandando bem em outras coletâneas de suas séries clássicas, como a Contra e Castlevania Anniversary Collection, e também não decepcionou na hora de celebrar o legado de Gradius no Gradius Origins. Entenda no review completo a seguir.

O divertido loop de Gradius Origins

Antes de mais nada, vamos começar do princípio e conhecer a biblioteca completa de Gradius Origins.

Imagem: Konami

Com o devido alerta de spoiler, vale a pena experimentar com o clássico Konami Code já no hub principal. Quem sabe ele não libera um extra super bacana? Dito isso, os jogos que integram o pacote, sem contar esse extra, são os seguintes:

• SALAMANDER III
• GRADIUS (JP ROM Ver. / JP Bubble Ver. / NA Ver. (NEMESIS) / EU Ver. (NEMESIS) / NA Prototype (NEMESIS))
• SALAMANDER (JP Ver. / NA Ver.(LIFE FORCE))
• LIFE FORCE (JP Ver.)
• GRADIUS II: GOFER no Yabou (JP Early Ver. / JP Mid Ver. / JP Late Ver. / NA Ver.(VULCAN VENTURE))
• GRADIUS III: Densetsu kara Shinwa e (JP Old Ver. / JP New Ver. / Asia Ver. / JP AM Show Ver.)
• SALAMANDER 2 (JP Ver.)

No geral, o principal traço em comum entre todos esses jogos é que o seu loop de gameplay consiste em fases progressivamente mais difíceis com scroll automático (ora horizonte, ora vertical), e que conforme você detona os inimigos com a sua navinha, eles vão liberando itens de power up coletáveis.

Cabe ao jogador estocar esses coletáveis e então fazer o resgate do poder desejado conforme eles “evoluem” em uma barrinha no canto inferior da tela. Você pode trocar os coletáveis por poderes a qualquer momento, desde que tenha carga suficiente para tanto, e eles ficam progressivamente melhores.

O primeiro nível é sempre apenas um aumento de velocidade, mas depois você pode liberar mísseis, naves auxiliares e escudos. A pegadinha? Sempre que você perde uma vida, os seus poderes são perdidos também, e é preciso remar do zero novamente.

Melhorias e novidades em Gradius Origins

Como de praxe nas coletâneas que se prezam, Gradius Origins traz várias melhorias de qualidade de vida e recursos que nos ajudam a curtir a experiência ao máximo.

A possibilidade de fazer quicksaves e loads a qualquer momento é muito bem-vinda, especialmente porque você pode fazer múltiplos slots de save para cada jogo sem sofrer com limites (são 100 slots ao todo). A única inconveniência é que você precisa iniciar o jogo desejado para carregar o seu save, e não é possível fazer isso diretamente a partir do hub principal.

Também dá para rebobinar o jogo a qualquer momento, ou simplesmente optar de cara pelos novos Easy ou Invincible Mode, que tornam o jogo mais fácil e conferem imortalidade plena, respectivamente.

A adição de rankings online de pontuação é algo bem legal e que nos ajuda a competir não só com amigos, mas contra gente do mundo inteiro. O sistema foi bem pensado e, caso você use algum dos recursos acima, a sua pontuação não vai para o ranking mundial.

Como esperado, você também pode calibrar diferentes filtros de tela e resolução para simular a experiência de jogar em um fliperama de verdade. Curiosamente, foi mantida uma antiga limitação, e você vai notar que, especialmente nas fases mais avançadas, os fps tendem a desabar quando há muitos inimigos e projéteis na tela. Então todos os bugs e limitações originais estão de volta também.

Uma aula de história

Se você quer conhecer ou revisitar o legado de um dos mais importantes e clássicos shmups da história, há amplo material incluso no pacote de Gradius Origins sobre os jogos lançados entre 1985 e 1996 (ou 2025, se você contar o novíssimo Salamander 3).

Há uma galeria de som e imagens englobando desde a trilha sonora original completa de cada jogo (e passando por novos arranjos feitos para os discos de música), até as instruções e material de desenvolvimento dos títulos, com uma galeria completa de inimigos.

A sensação de aula de história aumenta quando levamos em conta que cada jogo está presente em múltiplas versões. O próprio Gradius Origins oferece uma breve explicação na tela sobre o que muda em cada jogo, seja uma recalibragem na dificuldade, ou até mesmo uma rara versão feita apenas para eventos.

Fato é que, graças a esse pacote, é possível jogar quase tudo de Gradius que existe, ao menos se você considerar apenas a história dos fliperamas. Salvo uma surpresinha grata, as versões para consoles e portáteis foram praticamente limadas por completo. Também faz falta vermos jogos como Gradius 4 e 5. Será que a Konami está pensando em um segundo volume  para juntar tudo isso? Hmmm…

Vale a pena jogar Gradius Origins?

Se você gosta de jogos muito difíceis e retrô, Gradius Origins é um pacote maravilhoso. Nostalgia pura, ele ainda inclui o inédito Salamander 3 que, apesar de ser um tanto derivativo demais, fará a alegria dos fãs da boa e velha navinha da Konami.

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