
Review: Metal Gear Solid Delta acerta muito, mas não toma riscos
Metal Gear Solid Delta já esteve em nossas mãos e você confere nosso review completo! Será que vale a pena?
Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
pós rumores e a enfim revelação de Metal Gear Solid Delta em 2023, meu coração pulou de alegria: afinal, esse é um dos jogos mais icônicos da história, uma das melhores obras de todos os tempos no auge do PS2 e, particularmente, também um dos meus games prediletos da vida.
Entretanto, após vislumbrar os gráficos insanos na Unreal Engine 5 e uma recriação de brilhar os olhos, uma ficha começou a cair: esse seria o primeiro grande projeto de Metal Gear Solid (excluindo Survive), mesmo sendo um remake, sem o envolvimento de Hideo Kojima.
Será que Metal Gear Solid Delta consegue entender o brilhantismo e a magia do original para recriar a experiência? É isso que vamos responder neste review, que você confere abaixo. Spoilers? A resposta é sim, mas com algumas letras miúdas.
Um remake 1:1 absolutamente perfeito em conteúdo
Se você é um dos puristas que gostaria apenas de ver a mesma campanha com tudo intacto, Metal Gear Solid Delta é o remake perfeito para você. E eu não uso a palavra “perfeito” de forma leviana: o que vemos aqui é literalmente isso e sem nenhum tipo de bug. Todo o conteúdo, incluindo algumas coisas removidas ao longo do tempo em versões HD, estão presentes aqui.
Você se lembra do modo Teatro Secreto do Metal Gear Solid 3 Subsistance? Ele está de volta. E o modo Snake vs. Ape? Pode colocar na lista, o mini game com Ape Escape retorna e ainda traz algumas novidades, incluindo a participação de Astro Bot e mais níveis.



As formas diferentes de matar The End, incluindo adiantar o relógio do sistema, estão todas presentes. Lembra dos momentos para apertar R1 ou RB e ver cutscenes em primeira pessoa? Ou a interação de jogar animais venenosos nos inimigos? Metal Gear Solid Delta traz todas, inclusive algumas secretas.
Todos os diálogos e vozes originais retornam também, com algumas pequenas mudanças aqui e ali, como mudar a data de aniversário de Godzilla para 2024 (o original era 2004) e alguns sons em cinemáticas levemente diferentes. Se há mudanças aqui, você precisa ser muito atento, pois eu notei pouquíssimas.
Eu tentei recriar situações bem únicas e algumas interações especiais, e, aparentemente, está tudo presente. Metal Gear Solid 3 é um dos jogos que mais joguei na minha vida e arrisco dizer que o remake não deve em nada – inclusive, fica a dica: o modo secreto Guy Savage, do sonho de Snake, voltou após anos de exclusividade no PS2 e reserva algumas surpresas.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Tudo está intacto em Metal Gear Solid Delta, com exceção de algumas adições e alterações sutis, criando certos bônus. Um deles é o colecionável dos Kerotan, os sapinhos verdes que precisávamos atirar e, agora, há também o patinho GA-KO, trazendo uma pequena dose de novidades aos extras.
Além dela, há novas animações no CQC para tornar os golpes ainda mais cinematográficos, uma bússola para apontar os objetivos (que é um item equipável e totalmente opcional) e mudanças no gameplay pequenas que comentarei em breve. Para os fãs que não esperavam nada menos do que todo o conteúdo que já existiu do game, você tem um prato cheio em mãos e uma experiência memorável.
Metal Gear Solid 3 é um dos jogos mais influentes da história. Mesmo hoje, 20 anos após sua estreia, ele traz mecânicas, interações secretas e oferece uma gama de ações aos jogadores que nenhum outro título replicou ou chegou perto de trazer esse tipo de liberdade.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Carregar seu save depois de um tempo faz comidas estragarem, você pode interrogar os guardas para obter informações, detonar armazéns, fazer soldados passarem fome ou ficarem sem munição e muitas outras coisas extremamente divertidas. E a história? Bom, é um dos melhores thrillers de espionagens já feitos e tem um leque de personagens que entram no hall da fama.
De certa maneira, Metal Gear Solid Delta é uma edição definitiva que agrega todo o conteúdo que as diferentes versões tiveram ao longo dos anos. Caso você nunca tenha jogado, a trama conta a origem de Big Boss, um dos personagens mais importantes da franquia, e traz uma história extremamente empolgante, com reviravoltas e jogabilidade invejável. Só pontos positivos por aqui!

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
E, mesmo sendo o terceiro título da série, ele age como o primeiro da cronologia e cabe como uma luva para um remake e introduzir a franquia para um novo público. A única coisa que ficou de fora é o modo multiplayer Fox Hunt, que chegará em forma de conteúdo gratuito em Metal Gear Solid Delta no fim do ano.
E, mesmo que todos os elementos e a magia de Hideo Kojima esteja intacta, a jogabilidade original podia ser um pouco datada para padrões modernos, algo que foi “corrigido” em Metal Gear Solid Delta.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Melhorias de vida extremamente bem-vindas
Se você quiser jogar Metal Gear Solid Delta da mesma maneira que o original, não se preocupe: desde o começo é possível começar no modo Legado e ter os mesmos tipos de controles e câmera semi-fixa remanescente da era do PS2 (e estamos falando do original, não do Subsistance).
Entretanto, se você busca algo mais contemporâneo, a equipe da Virtuos criou um sistema de gameplay bem interessante que bebe de inspiração de games mais modernos, com um sistema de mira em terceira pessoa, movimentação mais realista e uma física um pouco diferente.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Pense que Metal Gear Solid Delta se assemelha um pouco à versão de 3DS, com a possibilidade de andar agachado e mirar em uma perspectiva mais confortável. O “feeling” e mecânicas não chegam a ser tão avançados quanto Metal Gear Solid 5, mas são um pouco mais incrementados, com movimentação realista no chão e mais, oferecendo um ar mais “premium” que eu adorei.
A física no geral foi reformulada de leve, com Snake trazendo movimentos mais pesados e animações mais longas para carregar inimigos, mas, no geral, tudo é extremamente positivo. Entenda como o “toque de modernidade” para trazer um apelo em 2025, como poder atirar em terceira pessoa, se movimentar enquanto mira e até mesmo atirar de sniper sem usar o zoom.
Além do novo sistema de gameplay (que é opcional, vale lembrar), há qualidades de vida muito bem-vindas em Metal Gear Solid Delta, como atalhos para o rádio e principalmente para a camuflagem, eliminando parte da burocracia de entrar no menu constantemente para medir seu porcentual de camuflagem.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
E, por falar nela, a mecânica de camuflagem está mais legal do que nunca. Além de ter as roupas diferentes, Snake pode utilizar a lama, sujeira, grama e outros elementos que se tornam fisicamente interativos, incluindo o sangue, que grudam à roupa e modificam a sua mesclagem ao ambiente.
Outra “funcionalidade” (se é que podemos chamá-la assim) muito legal é o sistema de feridas de Snake: agora, além de impactarem a saúde do protagonista, elas também deixam marcas permanentes na aparência física, dando um retoque ainda mais elegante às ações do jogador.
Essas adições físicas são muito legais e trazem uma pequena camada extra ao gameplay já extremamente robusto de Metal Gear Solid Delta, além de serem complementos contemporâneos bem impressionantes. Que, por falar nisso…

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Metal Gear Solid Delta tem um dos gráficos mais insanos que já vi
É difícil descrever o quão embasbacante são os gráficos de Metal Gear Solid Delta. Eu já esperava um salto geracional gigantesco (afinal, do PS2 para o PS5/Xbox Series/PC), mas o que a equipe da Virtuos realizou aqui coloca o game no patamar dos títulos mais lindos da geração.
A apresentação visual é fantástica e você vai aproveitar o Modo Foto ao cansaço. Como a direção de arte já era extremamente sólida já no PS2, a equipe apenas elevou um novo patamar nesse alicerce bem-construído que é capaz de brilhar os olhos de qualquer um.
Os personagens são bem expressivos (mas não ao limite, já que ainda depende da captura de movimentos antiga), mas são os cenários com as selvas densas, vegetação reativa e elementos interativos que roubam a cena. A Virtuos realmente aumentou o nível com a Unreal Engine 5 em Metal Gear Solid Delta – e você ainda pode aplicar o filtro Legado para deixar com a estética mais próxima do original.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Entretanto, se prepare: essa fidelidade gráfica de ponta cobra seu preço. Para deixar claro, minha experiência foi em um PC com uma GeForce RTX 5080, um i7-13700K e 32 GB de RAM, e, mesmo assim, foi um dos títulos mais pesados que já rodei na minha máquina.
Jogar em 4K com o DLSS em Qualidade rendeu, pasmem, uma taxa de quadros levemente acima dos 30 fps. A experiência só rodou na casa dos 60 fps com o DLSS Performance e, mesmo assim, houve momentos em que a placa de vídeo esteve próximo dos 100% de uso – e algumas sessões até mesmo resultaram em pequenas quedas, mas elas foram raras.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Não é à toa que Metal Gear Solid Delta até agora não confirmou 60 fps nos consoles: sabemos apenas que há um modo 4K em 30 fps e um modo em 1080 fps com “maior framerate”. Portanto, fique atento, porque a sua experiência pode variar da minha.
Mas se você tem o poder de fogo para ver Metal Gear Solid Delta em toda a sua glória, se prepare para uma experiência fora de série. O único ponto negativo, além de ser bem pesado, é que a taxa de quadros é limitada a no máximo 60 fps e não há uso de geração de quadros ou outras tecnologias.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Metal Gear Solid Delta acerta em tudo, mas também não toma riscos
Tudo até agora pinta Metal Gear Solid Delta como um remake impecável. E, por um lado, ele é mesmo. Acredito que para muitos de vocês, ter uma experiência 1:1 da original e com melhorias pontuais de modernização é tudo o que precisam. Entretanto, seria injusto colocá-lo no mesmo patamar de outros remakes, mesmo que por uma margem pequena.
Resident Evil 2 Remake, Resident Evil 4 Remake, Silent Hill 2 Remake e outros têm um aspecto em comum: todos eles assumiram riscos. Todos eles tentaram manter a essência do original e redesenhar a experiência no caminho, trazendo surpresas, cenários inéditos, puzzles novos, cenas originais ou até gameplay completamente reformulado.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Metal Gear Solid Delta joga no seguro – e o seguro traz pouquíssima margem para erro. Por um lado, a campanha original está totalmente intacta (e ela já era uma obra-prima por si só), mas por outro você não vai experienciar nada muito distante do que já temos na versão da Master Collection remasterizada.
Novamente, em um jogo tão autoral como Metal Gear Solid 3 e da mente de Hideo Kojima, talvez essa seja uma boa opção (ou até a melhor opção). Contudo, também seria injusto compará-lo a outros remakes que se tornaram uma obra-prima em uma categoria diferente, afinal: foram projetos que foram além e tomaram riscos para tentar aprimorar o material de origem.
A equipe da Virtuos realmente se ateve ao mínimo de mudanças e adições – a não ser que fosse algo imperativo para aprimorar algo muito datado de Metal Gear Solid Delta.
E, sem dúvidas, há bastante margem para mudanças, como o CQC sequencial de Peace Walker, medidor de barulho, inimigos diferentes ou remixados, conteúdo inédito, mapas conectados e maiores etc. São apenas exemplos, mas acho que você vai entender.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Para mim, um remake é uma forma de apresentar um jogo clássico a uma nova audiência e retrata como seria o jogo em questão seria na atualidade. Metal Gear Solid 3 seria dessa forma em 2025? Muito difícil e aposto que estaria mais próximo do que vimos em Metal Gear Solid 5, não como está em Metal Gear Solid Delta.
Esses elementos fazem falta em Metal Gear Solid Delta? Não. Adicionar ou modificar algumas coisas poderiam piorar a experiência? Sim. Mas como não houve sequer uma tentativa, acho que faltou um pouco mais de coragem aqui – e, felizmente, isso não tira o brilho da experiência.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Metal Gear Solid Delta vale a pena?
Metal Gear Solid 3 é um dos melhores jogos da história. Mecanicamente robusto, com sistemas que até hoje poucas desenvolvedoras sequer ousam tentar, com muita liberdade às ações do jogador, uma história de origem digna de uma obra-prima de Hollywood, segredos aos montes e conteúdo extra bem divertido.
Pegar tudo isso e adicionar gráficos do mais alto nível é quase uma fórmula garantida de sucesso, mesmo que Hideo Kojima não esteja envolvido. Desta forma, Metal Gear Solid Delta é simplesmente a melhor forma de aproveitar esse clássico atemporal.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Metal Gear Solid Delta sem dúvidas vale a sua atenção: se você é fã, é um game obrigatório, se é um novato é uma das melhores maneiras de adentrar a franquia lendária que marcou gerações. Ele poderia dar alguns passinhos além? Talvez, mas assim funciona maravilhosamente bem.
Metal Gear Solid Delta foi gentilmente cedido pela Konami para a realização desta análise.

Metal Gear Solid Delta
Publisher: Konami
Desenvolvedora: Virtuos
Plataformas: PC, PS5 e Xbox Series
Lançamento: 28/08/2025
Tempo de review: 20 horas
Metal Gear Solid Delta é o remake perfeito para muitos: todo o conteúdo, melhorias de vida e gameplay atualizado, trazendo tudo do original sem ousar fora da caixa.
Prós
- Remake 1:1 de toda a experiência clássica
- Traz até conteúdos extras (e cortados) de volta
- Aprimora uma das melhores campanhas já feitas
- Mais animações e melhorias na física
- Melhorias de vida e gameplay muito bem-vindas
- Gráficos insanos de bons
Contras
- É um tanto pesado de rodar
- Não toma quaisquer riscos
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